Diversas equipas de investigadores portugueses vêm, desde há anos, a desenvolver pesquisas no domínio dos bio-materiais com origem marinha. É o caso do INEB (Instituto Nacional de Engenharia Biomédica), com sede no Porto, que já está em fase de experimentação animal num projecto para aplicação do principal constituinte das cascas de camarão e caranguejo na regeneração óssea.Tem a designação de quitosano e é a substância que dá consistência ao esqueleto externo de camarões, caranguejos e lagostas, bem como do esqueleto interno da lula e do choco. Há anos que as propriedades deste biomaterial vêm sendo estudadas no INEB. O intuito é aplicá-lo como substrato na recuperação de tecido ósseo perdido, na modificação de genes para fins terapêuticos e na regeneração do sistema nervoso central. "Há vários grupos a trabalhar neste domínio, em Portugal e no mundo, nomeadamente na China e no Japão", lembra o director do INEB. Este instituto, refere o mesmo especialista em engenharia de materiais, tem outra linha de investigação no domínio dos materiais com origem marinha um derivado das algas, o alginato, está a ser estudado quanto à viabilidade de servir como suporte (em cápsula) para a libertação controlada de medicamentos e também como facilitador da regeneração óssea. Adverte Mário Barbosa para o facto de estes materiais não serem usados na bio-medicina tal qual são extraídos do meio natural, mas sim com modificação química.Estas investigações tiveram início em 2001; os produtos delas decorrentes demorarão ainda alguns anos a ficar disponíveis, agora que começa a fase de contacto com empresas para produção industrial.