2500 portugueses colocados em escolas suíças de ensino especial
Cerca de 2500 estudantes portugueses frequentaram "escolas especiais" na Suíça no último ano lectivo, o que representa 10% do total dos que frequentam o ensino secundário e 8% em todos os graus de ensino.Segundo afirmou à Lusa Manuel de Melo, conselheiro da Comunidade Portuguesa na Suíça, os estudantes portugueses que estão nesta situação são "na sua larga maioria crianças e jovens com capacidades normais, que são colocadas indevidamente nessas classes do ensino especial suíço, de onde dificilmente sairão para integrar o sistema normal de ensino ou para fazer uma formação profissional". Comparativamente a outras nacionalidades, "a taxa portuguesa é elevadíssima: 1,3% de alemães; 1,9% de franceses; 2,6% de suíços e 5% de italianos e espanhóis". Os portugueses residentes na Suíça esperam que o secretário de Estado das Comunidades, António Braga, que inicia hoje uma visita àquele país, com encontros agendados com responsáveis suíços do ensino, nomeadamente em Berna, Zurique e Genebra, possa fazer algo para ultrapassar esta situação. "Esperemos que nesses encontros António Braga tenha a coragem, e sobretudo a honestidade política e moral, para colocar o dedo na ferida e fazer a necessária pressão juntos das autoridades suíças, para que as elas adoptem medidas tendentes à inversão desta situação", disse à Lusa o Conselheiro da comunidade portuguesa. O secretário de Estado António Braga, que fica na Suíça até sexta-feira, tem agendada para Genebra uma audiência com o presidente deste cantão suíço, Charles Beer, que é também responsável pelo Departamento de Instrução Pública (DIP) e no passado foi o relator da comissão de educação do parlamento de Genebra, que acabaria por propor o arquivamento de uma petição apresentada por um grupo de portugueses, em que pediam ao DIP que pusesse fim à prática de envio indiferenciado de crianças para o "ensino especial"."O relatório de Charles Beer foi elaborado com base em critérios nada transparentes e pouco sérios, tendo constituído uma fraude monumental. Manipulação e omissão foram os elementos chave do referido relatório, que apenas procurou branquear os 'disfuncionamentos' dos serviços de ensino do cantão responsáveis pelo ensino especial", acusa Manuel de Melo.O conselheiro da Comunidade Portuguesa na Suíça vai mais longe, ao atribuir à continuidade de Charles Beer como responsável do Departamento de Instrução Pública do cantão de Genebra a "falta de respeito pelos direitos das crianças e jovens portugueses em matéria de educação".
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