Os exames fazem falta no sistema de ensino e a sua eliminação é um "erro pedagógico". A convicção é de Nuno Crato, presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), que explica que a perda deste instrumento de verificação das competências dos alunos passa a ideia de que "o percurso, bom ou mau, não tem consequências ". "Acontece, por exemplo no caso da matemática, que os alunos arrastam deficiências que os vão prejudicar em patamares mais avançados do percurso académico", explicou ao JN à margem da cerimónia de inauguração das Olimpíadas Ibero-Americanas de Matemática, que agora decorrem na cidade de Coimbra. Para além da "desorganização do ensino nos últimos 20 anos", segundo Nuno Crato, o insucesso escolar no país deve-se também a questões sociais e culturais, nomeadamente "à falta de uma cultura de apoio à escola e de gosto pelo saber". Não será o caso da centena de jovens estudantes que, em conjunto com a equipa de quatro portugueses, disputam as olimpíadas. Mas foi o próprio Luís Capucha, director-geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular, em representação da Ministra da Educação, a reconhecer as debilidades dos alunos portugueses e as vantagens de os colocar à prova. "O contributo das Olimpíadas - que existem também de física e química, áreas onde o ensino enfrenta dificuldades - é demonstrar que não estamos condenados a permanecer no estado de desenvolvimento médio dos nossos alunos, no patamar em que se encontram", referiu Luís Capucha.