50 a 60% dos candidatos a engenheiro chumbam
O número de candidatos à Ordem dos Engenheiros provenientes de cursos não reconhecidos tem vindo a aumentar. Em quatro anos, refere o bastonário, Fernando Santo, a quantidade de licenciados que se submetem a provas de admissão duplicou. Mas cerca de 50 a 60% chumbam. O que leva este responsável a garantir que "algo vai mal no ensino da engenharia" em Portugal.Todos os anos, são admitidos entre 1300 a 1900 novos membros pela OE. A maioria é proveniente de cursos reconhecidos, o que isenta os candidatos da prestação de provas de admissão. Mas crescentemente a OE tem sido procurada por jovens de outras licenciaturas. Em 2007, foram cerca de 540 os candidatos à Ordem que tiveram de realizar um exame e a maioria não passou. Fernando Santo recorda que, em Portugal, cerca de 70% dos actos de engenharia não estão regulados. "Ou seja, é o mercado que escolhe e, nesse contexto, cresce a exigência de qualidade", explica. Por isso, este responsável deixa um alerta relativamente à nova agência de acreditação para o ensino superior que o ministério vai criar: "Ou faz um trabalho sério, encerrando os cursos que não dão uma formação adequada, ou será apenas uma agência a fingir, esvaziando a intervenção das ordens no sentido de manter a garantia de qualidade da formação dos seus membros para o bem-estar da sociedade."Outras questões relativas ao ensino da engenharia em Portugal - tema que esteve em debate numa conferência internacional em Coimbra - preocupam o bastonário, nomeadamente o facto de terem entrado para cursos do ensino superior "milhares de alunos com mais de 23 anos sem o 12.º ano e, por vezes, sem o 9.º", o que significa que as instituições poderão ter de baixar os níveis de exigência. "É uma situação dramática", diz.Problemática é também a proliferação de designações de cursos de engenharia. Há actualmente 126 e a OE defende que deveriam ser reduzidas para cerca de metade. Nomes a mais e que apenas respondem a objectivos de marketing por parte das instituições, sem que os "títulos tenham a ver com os conteúdos". Ou seja, apesar de alguns nomes indicarem mais do que uma área de saber no campo da engenharia, as competências adquiridas pelos alunos ficam aquém dessa formação, porque têm "poucas cadeiras que dizem respeito ao título", adianta ainda Fernando Santo.O objectivo é, num ambiente de competição, "atrair alunos porque a capacidade instalada de formação é superior à procura". Assim, afirma o bastonário da OE, colocadas perante o problema da sobrevivência as escolas admitem até "alunos com negativas a Matemática e nem exigem a disciplina como um dos exames de admissão".
4.9.07
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Etiquetas:
Educação - geral
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