No âmbito do Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa (LAQE), estrutura funcional do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, foi criado, em Março de 2007, o presente blogue onde são colocadas, notícias da imprensa da área da Avaliação Educativa. Esta recolha tem como principal finalidade avaliar o impacte, nos mass media, das questões de avaliação educativas.

Ano lectivo arranca para mais de 1,7 milhões de estudantes

9 de Setembro de 2007, Jornal de Notícias

A partir de quarta-feira - e, progressivamente, até dia 17 -, as sinetas das escolas deixam a apatia profunda em que haviam caído para recomeçar a marcar o dia-a- -dia de alunos e professores. É o início de um novo ano lectivo, em que, graças à aposta num ensino profissionalizante, o número total de alunos deverá registar um novo aumento, indo além dos 1,7 milhões (os números totais ainda estão a ser apurados). Se, por um lado, o Ministério da Educação (ME) se orgulha das novas medidas introduzidas, professores e encarregados de educação recebem-nas com alguma desconfiança e preferem fazer como S.Tomé ver para crer.Com novos cursos profissionalizantes e o incremento de alguns apoios económicos, o ME pretende piscar o olho a muitos adolescentes que têm abandonado o sistema de ensino com baixa escolarização. As velhas "secundárias" começam a receber obras de requalificação, de forma tornarem-se ainda mais atraentes e funcionais para quem nelas trabalha e estuda. E, depois, há ainda os manuais escolares, que passam a vigorar por seis anos, computadores e quadros electrónicos que começam a ocupar as salas de aula e professores titulares que se "estreiam" nas escolas. As novidades propagandeadas pelo ME são bem recebidas pelos parceiros, embora com as cautelas devidas. Fernando Gomes, dirigente da Confederação Nacional das Associações de Pais, congratulou-se com o aumento do período de vigência dos manuais escolares e da inclusão dos livros do Ensino Secundário na convenção de preços, mas confessa que lhe soube a pouco. "É uma medida importante, mas pode-se ir mais longe. Por exemplo, os manuais de apoio ficaram de fora dos acordos e a maioria das escolas obriga à sua compra", referiu.Fernando Gomes é de opinião que o apoio social e económico às famílias tem de ir mais longe. "É necessário aumentar a qualificação dos alunos, mas também a dos pais, reforçar a sua participação na vida das escola", realça. Preocupa-o a escassez de funcionários, a falta de qualidade do transporte escolar, a relutância de algumas escolas do 1.º Ciclo em permitir a presença das associações de pais e a falta de apoio aos pais fora do horário de funcionamento das escolas.Para a classe docente, este será também um ano de mudança, com o início de funções dos professores titulares, cujo concurso levantou protestos acesos e, inclusive, um olhar crítico por parte do provedor de Justiça."Para já, o que se constata é a completa inaplicabilidade do conceito de professor titular, responsável por muitos cargos de responsabilidade, face à realidade das escolas", faz notar João Dias da Silva, secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatos de Educação. No seu dizer, neste momento os professores vivem "a insatisfação de como todo o processo de revisão da carreira foi imposto". E lamenta que o ME tenha feito dos sindicatos "alvos a abater", não negociando com eles e avançando "sozinho ao encontro de soluções desadequadas".Também Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores, realça as "situações de grande conflito" que já se vivem nas escolas, face à distribuição de serviço aos professores titulares. "Por um lado, há professores que vão ficar sobrecarregados com cargos e tarefas de avaliação de outros professores, por outro as escolas protestam por não poderem atribuir determinados cargos a professores de confiança mas que não são titulares. Nem o Ministério da Educação sabe como vai resolver estas questões", salienta.E se a ministra da Educação sublinha a estabilidade na colocação de professores que diz ter sido registada este ano, ambos os sindicalistas discordam da ideia. Mário Nogueira recorda os 3151 professores do quadro que foram aposentados no passado ano lectivo. "Nenhum desses lugares foi preenchido, não houve acesso aos quadros. Isso é estabilidade?", questiona.Por sua vez, João Dias da Silva é de opinião que só pode haver estabilidade no concurso de professores quando o ME "determinar as necessidades permanentes de professores nas escolas, o que, assegura, "nunca foi feito".Os apoios económicos anunciados para os alunos são vistos como importantes pelos dois sindicalistas, embora assinalem o facto de terem ficado aquém do que poderia ter sido feito.

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