"Provas não tinham efeito significativo"
16 de Fevereiro de 2007, Diário de Notícias
A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, foi ontem à Assembleia da República defender a decisão de acabar com a obrigatoriedade das provas globais do 9.º ano, que considerou "dispensáveis" e irrelevantes do ponto de vista da avaliação dos alunos."A sua valorização era de apenas 25% [da classificação final da disciplina] e, por isso, não tinham qualquer consequência ou efeito significativo nas notas", argumentou. "Nunca nenhum aluno chumbou por causa do resultado das provas globais."Maria de Lurdes Rodrigues defendeu que, em vez destas provas, organizadas pelas escolas, deve valorizar-se a avaliação externa, traduzida nos exames nacionais e nas provas de aferição - foi publicado quarta-feira em Diário da República um despacho que torna obrigatórias e universais as provas de aferição de Português e Matemática dos 4.º e 6.º anos, uma decisão que já tinha sido anunciada em Julho do ano passado pelo Executivo.Porém, a ministra escusou-se a responder à pergunta que lhe foi colocada várias vezes pelos deputados: se vai criar exames nacionais para as disciplinas do 9.º ano que agora deixam de ter provas globais obrigatórias. Aos jornalistas pouco mais adiantou, dizendo apenas que "os exames devem ser introduzidos quando se justifica a aferição da qualidade do ensino".Actualmente, as únicas disciplinas do 9.º ano sujeitas a exames nacionais são o Português e a Matemática, com a nota a valer 25% da classificação final à disciplina. As restantes - Ciências Naturais, Física e Química, História, Educação Física, Inglês, Geografia e Alemão/Francês - deixam de ter qualquer avaliação anual obrigatória."Nivelamento por baixo"O debate de urgência sobre esta matéria foi convocado pelo PSD, que ontem assumiu as críticas mais duras à ministra, que acusou de ceder ao "laxismo e ao nivelamento por baixo" e de fomentar a "mediania e mediocridade" entre os estudantes. Os restantes partidos da oposição, apesar da concordância nas críticas à actuação global do ministério, dividiram-se entre o CDS-PP, que defendeu o reforço do número de provas, e a esquerda, nomeadamente o PCP, para o qual a aposta deverá passar pela avaliação contínua. Entre os sindicatos de docentes, a questão também não é consensual. Neste caso é a estrutura mais à esquerda, a Federação Nacional dos professores (Fenprof), que tem criticado o fim das provas globais, enquanto a Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), considera a solução aceitável.O despacho 5/2007, do secretário de Estado Valter Lemos, dá às escolas a opção de continuarem a organizar as provas globais, mas estas não terão efeitos na avaliação e não podem "em caso algum" implicar a interrupção das aulas.
19.4.07
|
Etiquetas:
Avaliação
|
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
0 comentários:
Enviar um comentário