No âmbito do Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa (LAQE), estrutura funcional do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, foi criado, em Março de 2007, o presente blogue onde são colocadas, notícias da imprensa da área da Avaliação Educativa. Esta recolha tem como principal finalidade avaliar o impacte, nos mass media, das questões de avaliação educativas.

Viana do Castelo: Mais de três mil professores numa manifestação com muitos lenços brancos

Mais de três mil professores manifestaram-se hoje em Viana do Castelo contra as políticas educativas do Governo e exigiram a demissão da ministra Maria de Lurdes Rodrigues, acenando-lhe com lenços brancos e dispensando-lhe ruidosas vaias.O protesto, convocado por SMS (mensagens de telemóvel), começou na Praça da República, onde os professores cantaram, em coro e repetidamente, "Está na hora, está na hora, de a ministra ir embora".Durante mais de duas horas, os professores fizeram ouvir as suas vozes de descontentamento pelas ruas da cidade, tendo o protesto terminado frente ao Governo Civil, onde centenas e centenas de lenços brancos voltaram a esvoaçar, exigindo a demissão da ministra da Educação."Ao contrário do que parece que está a passar para a sociedade, os professores não estão nestes protestos por todo o País por causa da avaliação e da forma como ela vai ser feita. A avaliação foi apenas a gota de água que fez transbordar o nosso copo. Estamos fartos de medidas mal pensadas, completamente descontextualizadas, e por isso é que tivemos de sair para a rua", disse a professora Fátima Laranjeira. "Não aguentamos mais esta política, atingimos o ponto de saturação total", acrescentou a mesma docente.Professora há 23 anos, Manuela Gomes empunhava um cartaz onde se lia "A ministra diz que ouve os professores: estamos aqui". "O problema é que a ministra não nos ouve. Decide sem nos ouvir. Esta questão da avaliação é uma prova disso mesmo. Não somos contra a avaliação, mas cabe na cabeça de alguém fazer a avaliação dos professores no final do 2º período, quando eles têm tanto trabalho para fazer em casa e quando estão a braços com a avaliação dos alunos? Não seria mais aconselhável deixar essa avaliação para o próximo ano lectivo?", questionava, indignada, Manuela Gomes.Comissão externa não é soluçãoSem querer dar a cara "com medo de chatices", outra docente referia que os professores "já foram suficientemente avaliados", nas universidades, e sustentava que o que eles precisam agora é de "orientação, supervisão e formação adequada". Esta professora de Língua Portuguesa, que lecciona desde 1989, disse mesmo que este é "o pior momento de maior tristeza e de maior mal-estar" que já viveu ao longo da sua carreira. "Se querem mesmo avaliar os professores, então que deixem essa avaliação a cargo de uma comissão externa à escola. Com a avaliação feita por professores da mesma escola, que garantias há de isenção e de análise desapaixonada do trabalho de cada um?", questionou.O anterior coordenador do Centro de Área Educativa de Viana do Castelo, Aristides Sousa marcou igualmente presença na manifestação de hoje, contra o "autoritarismo" do Ministério da Educação e contra a "divisão artificial" que a tutela criou entre a classe docente, com a "história dos professores titulares e não titulares".Aristides Sousa criticou, nomeadamente, o facto de os jovens estarem impedidos de aceder à carreira de professor titular, "criando a ideia, de todo falsa, que só a experiência é sinónimo de competência". "Esta e outras manifestações do género que se estão a realizar por todo o país são a nossa avaliação das políticas do Ministério da Educação", sublinhou.No meio da manifestação de Viana do Castelo sobressaía ainda um carrinho de bebé, com um bebé de 14 meses e com um cartaz com a frase: "Também estou colocado a 150 quilómetros de casa". "Sou de Viana do Castelo mas dou aulas em Marco de Canaveses. Passo lá toda a semana, com o meu filho, enquanto o meu marido fica cá", referia a mãe, professora de educação física há 14 anos e que antes já "penou" pela Guarda, pela Madeira e por Vila Nova de Cerveira."Os professores já são tão castigados, penso que não será preciso agora imporem-nos uma avaliação feita de uma forma completamente disparatada e sem qualquer nexo", disse.Alguns professores envergavam t-shirts pretas com as frases "De luta pela educação", nas costas, e "De luto pela educação", na frente. "Com esta ministra, o luto e a luta vão continuar", atirava um outro docente, no meio da multidão.

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