No âmbito do Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa (LAQE), estrutura funcional do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, foi criado, em Março de 2007, o presente blogue onde são colocadas, notícias da imprensa da área da Avaliação Educativa. Esta recolha tem como principal finalidade avaliar o impacte, nos mass media, das questões de avaliação educativas.

Ninguém arreda pé

9 de Março de 2008, Jornal de Notícias

Vou continuar a trabalhar para encontrar as melhores soluções. (...) O que está em discussão é a aplicação deste modelo de avaliação". A resposta política de Maria de Lurdes Rodrigues à mais vasta manifestação de professores de que há memória revela que não está disposta à mais pequena cedência no rumo traçado. Muito menos a oferecer de bandeja a sua cabeça, a reivindicação que o dirigente sindical Mário Nogueira, respaldado na presença de 100 mil pessoas na rua, passou ontem a fazer. Em entrevista, ao início da noite, à SIC, a ministra da Educação afirmou não estar surpreendida com a dimensão da "Marcha da Indignação", um mar de gente no centro de Lisboa (ler texto nas páginas seguintes). Reconheceu, até, razões de insatisfação dos docentes - "tenho consciência de que pedimos mais exigência, mais trabalho, mais esforço". No entanto, refutou ponto por ponto as acusações ouvidas durante a manifestação. À alegada imposição do modelo de avaliação, contrapôs a autonomia das escolas - cada uma fixa os seus calendários, na condição de o processo estar concluído em 2009; este ano menos de sete mil professores serão avaliados. Sobre a sua ausência das reuniões de negociação do Estatuto da Carreira Docente, alegou que substituir o secretário de Estado Jorge Pedreira seria "a solução mais fácil" - "Estarei presente, se for essa a exigência". Mas não é. E a outra exigência - de demissão ou de recuo - Maria de Lurdes Rodrigues não satisfaz.A irredutibilidade da ministra ignora o peso de mais de dois terços da classe docente a expressarem o seu descontentamento. A polícia "validou" a presença de 100 mil dos 143 mil professores do país, bem acima das expectativas da organização. A "maioria qualificada" a que se referiu Mário Nogueira extravasa largamente as fronteiras do PCP, partido de que é militante, que tão acusado tem sido pelo Governo de promover toda a contestação. O protesto nas ruas de Lisboa não podia deixar de mobilizar a Oposição. Luís Filipe Menezes, que bem cedo atacara forte (ler caixa), já conhecia a sua dimensão quando o Conselho Nacional do PSD terminou. A "manif" foi "um sinal irreversível do corte emocional do país com o Governo", "o zénite do movimento de contestação social", afirmou.
"A política está demitida"
O líder social-democrata, que prometeu um debate parlamentar sobre "a qualidade da nossa democracia", alegadamente "controlada", colocou a questão no plano da política geral, não defendendo o afastamento da ministra. Registo diferente assumiu Francisco Louçã. "A política da ministra está demitida, passou do prazo", disse o dirigente do BE, para quem a "Marcha da Indignação" representou "uma enorme moção de censura ao Governo". "Nunca um ministro em Portugal conseguiu juntar contra si a maioria dos profissionais do seu sector", concluiu."A luta dos professores saiu reforçada", afiançou por seu lado Bernardino Soares. O líder parlamentar recusa a ideia de que a Oposição pode capitalizar politicamente a contestação dos professores. O PCP, esclareceu, fará o seu papel na Assembleia da República para o dia 18, está marcada uma interpelação ao Governo sobre política educativa, onde a ministra e José Sócrates serão confrontados.

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