Professora faz queixa da aluna e de toda a turma
28 de Março de 2008, Jornal de Notícias
Além da transferência de escola e de um inquérito instaurado pelo Ministério Público no Tribunal de Menores do Porto e entretanto remetido para a comarca de Matosinhos, a aluna de 15 anos da Escola Secundária Carolina Michaëlis que alegadamente agrediu uma professora por causa de um telemóvel será alvo de um processo instaurado pela docente. Os restantes alunos da turma 9.º C, que assistiram à cena de violência, também foram alvo de queixa.A advogada da professora apresentou ontem três queixas distintas duas no Tribunal de Menores do Porto, contra a aluna em causa e contra os restantes alunos menores da turma; e outra no Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto, contra dois alunos que são maiores de 16 anos - e que podem ser responsabilizados na justiça convencional.De acordo com a causídica Ana Espírito Santo, citada pela Lusa, a participação contra a jovem de 15 anos envolve agressão e tratamento abusivo de que a professora diz ter sido alvo e que poderão configurar crimes de difamação ou ofensa ao bom nome. Quanto aos restantes estudantes, a queixa é de colaboração na "humilhação" da docente.O caso ter-se-á passado há duas semanas, no último dia de aulas antes das férias, mas só foi conhecido faz hoje oito dias, quando um vídeo com a filmagem, realizado por outro aluno através de telemóvel, foi divulgado no portal YouTube. Na cena, a professora de francês, de 60 anos, é admoestada pela aluna a quem retirara o telefone; ao longo de 108 segundos, a estudante tenta, por puxões e empurrões, reaver o aparelho, cujo uso é proibido durante as aulas, impedindo também a docente de sair da sala. A ordem que a menor dirige à professora ficou entretanto célebre "Dá-me o telemóvel, já!".Este não é um caso pontual de violência, reforçou ontem o procurador-geral da República, Pinto Monteiro, revelando que o Ministério Público está a investigar "algumas dezenas" de casos de violência nas escolas. Pinto Monteiro defendeu ainda que os conselhos executivos das escolas deveriam ser obrigados a participar os casos de agressão, defendendo que "os pequenos ilícitos têm de ser combatidos porque geram grandes ilícitos".Enquanto isso, a indisciplina nas salas de aula é reflexo da falta de rigor de pais e de professores - é uma tese sustentada pelos próprios alunos, reunidos num encontro nacional que decorre em Gouveia. Mais rigor e disciplina dentro das salas e castigos são as soluções apontadas pelos alunos para a prevenção e o combate à violência dentro dos estabelecimentos de ensino.
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