No âmbito do Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa (LAQE), estrutura funcional do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, foi criado, em Março de 2007, o presente blogue onde são colocadas, notícias da imprensa da área da Avaliação Educativa. Esta recolha tem como principal finalidade avaliar o impacte, nos mass media, das questões de avaliação educativas.

"Professores sentem-se ofendidos pela tutela"

05.03.08, Diário de Notícias

Ludgero Leote, MEMBRO DO CONSELHO CIENTÍFICO PARA AVALIAÇÃO DE PROFESSORES
É um crítico do sistema de avaliação dos professores definido pelo Ministério da Educação.
Por que razão aceitou integrar o Conselho Científico que vai acompanhar essa avaliação?
A Associação Nacional de Professores de Electrotecnia e Electrónica, a cuja direcção pertenço, foi convidada, pela presidente deste conselho, para o integrar, e entendeu aceitar. Eu fui designado para representar a associação.
O que critica na actuação do Ministério da Educação?
Há dois tópicos fundamentais. Um tem a ver com a gestão das escolas. De acordo com o novo diploma, será o futuro director da escola que vai designar os supervisores que vão fazer a avaliação dos seus pares. A prática não tem sido essa e de acordo com os únicos dados que existem, da Inspecção-Geral da Educação, a gestão das escolas tem sido boa. O novo sistema é autoritário. Não temos funcionado assim, e isso terá influência na avaliação.
Qual é a segunda questão?
Tem a ver com o modo como o sistema de avaliação foi introduzido, sem discussão, nem reflexão, e as pessoas que vão fazer avaliação precisam de formação específica, que não foi feita.
Pensa que esta avaliação está comprometida?
Não sei. Quero crer que algumas coisas serão melhoradas para se poder fazer uma avaliação.
A ministra da Educação tem sido acusada de falta de diálogo. Concorda?
É público. Não tenho de concordar com algo que é óbvio.
O conselho que agora integra poderá mudar alguma coisa em relação a isso?
O conselho não tem competência política. É um órgão técnico-científico, com autonomia a esse nível. Foi isso que me levou a integrá-lo. A sua função é fazer recomendações para que a avaliação corra da melhor forma. Espero que contribua para que a avaliação melhore o funcionamento das escolas e não que seja uma violência para os professores. Tal como o que está definido, o sistema de avaliação é muito pesado para os professores e para as escolas. Uma das razões prende-se com o seu calendário, no final do ano lectivo, o que constitui um peso adicional.
Como vê a actual onda de contestação à ministra, com manifestações diárias na rua?
É uma manifestação genuína de descontentamento. Os professores sentem-se ofendidos pela forma como têm sido tratados pela tutela.
Poderá haver também algum aproveitamento político por parte da oposição?
Não creio. Pelo que vejo nas escolas, os professores estão profundamente descontentes e até os que andavam afastados da vida sindical voltaram a ela. Há uma consciencialização de classe, é isso que faz mexer as pessoas.

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