No âmbito do Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa (LAQE), estrutura funcional do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, foi criado, em Março de 2007, o presente blogue onde são colocadas, notícias da imprensa da área da Avaliação Educativa. Esta recolha tem como principal finalidade avaliar o impacte, nos mass media, das questões de avaliação educativas.

Professores dispensam "mediadores" no conflito com ministra

17.03.08, Diário de Notícias

Uma delegação da Plataforma Sindical dos Professores, que agrega a generalidade das estruturas do sector, será recebida esta tarde na Presidência da República por Suzana Toscano, a assessora de Cavaco Silva para questões educativas. Mas os sindicalistas esclarecem que não estão à espera de encontrar no Chefe de Estado um mediador para o conflito que os opõe ao Ministério da Educação. Até porque consideram não precisar de intermediários na negociação."Iremos à Presidência da República apresentar as preocupações que temos e dar conta da situação actual de instabilidade nas escolas", disse ao DN Mário Nogueira, secretário -geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof). "Mas não precisamos de mediadores", acrescentou. "Isso faria sentido se o conflito fosse entre o Ministério da Educação e os sindicatos, como o Ministério chegou a dizer. Mas creio que, depois da manifestação de 8 de Março, ninguém duvida que o conflito é entre o Ministério e os professores. E os sindicatos são os seus representantes naturais".O líder sindical reconheceu, no entanto, que Cavaco Silva, que tem apelado à "serenidade" neste diferendo, poderá ter um contributo a dar: "Se alguém poderá, de facto, ter um papel interventivo nesta questão é o Presidente da República, tal como a Assembleia da República e o primeiro-ministro, a quem também pedimos uma audiência, mas que nunca nos respondeu", contou. "Mas não será um papel de mediação", repetiu, "mas um papel interventivo, atento".Por isso mesmo , o facto de Cavaco Silva (que se encontra de férias em Moçambique) ter delegado em Suzana Toscano -secretária de Estado da Administração Pública no Governo de Durão Barroso - o papel de "ouvinte" dos sindicatos também não incomodou Mário Nogueira: "É natural que, num momento de grande conflito, o senhor Presidente queira ter mais informações sobre o que se está a passar", considerou. "E é também natural que não queira ter posicionamentos que possam ter a leitura de estar a apoiar um lado ou o outro"."Só queremos ser ouvidos"Também Lucinda Manuela, da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), considerou que é sobretudo pela via da "negociação" directa com o Ministério que se poderá chegar a um acordo. Mesmo depois de o neurocirurgião João Lobo Antunes, ex-mandatário nacional da candidatura de Cavaco à Presidência, ter manifestado em mais do que uma ocasião a sua "disponibilidade" para mediar o conflito, nomeadamente em relação ao tema da avaliação, a sindicalista não acredita que a solução possa envolver directamente Belém ou independentes próximos de Cavaco."O que a Plataforma espera da Presidência é que nos ouça, no sentido de a pormos ao corrente dos problemas", explicou. "Não faço ideia se, neste momento, um mediador resultaria. Preferíamos encontrar uma base de entendimento com o Ministério. E neste momento não é muito o que nos impede de o fazer", acrescentou. "Trata-se de não aplicar a avaliação este ano lectivo, porque não existem condições objectivas para o fazer". Pela mesma ordem de ideias, Mário Nogueira desvalorizou a oferta de mediação da Associação Nacional de Professores: "Uma associação não tem poderes para negociar acordos em nome de toda uma classe."A paz depois do lutoDepois da manifestação nacional de 8 de Março e da "semana de luto" nas escolas, que terminou este fim-de-semana, os próximos dias deverão ser mais calmos. Nas escolas, os professores estarão ocupados com a avaliação dos alunos, antes das férias da Páscoa, e não há mais acções de luta agendadas até ao terceiro período. Os sindicatos retomam, já a partir de hoje, as reuniões com a tutela.Mas não se espera que Maria de Lurdes Rodrigues beneficie deste abrandamento - a oposição prometem manter acesa a contestação. Já amanhã, a ministra estará no Parlamento para um interpelação do PCP. E a 26 de Março, PCP, CDS e BE avançam com três projectos com um objectivo comum: suspender a avaliação dos docentes. Os centristas querem ver o processo adiado até ao início do próximo ano lectivo, BE e PCP querem começar tudo de novo e promover um amplo debate, no sentido de se chegar a uma solução mais consensual. Iniciativas com chumbo garantido do PS, que cerra agora fileiras em torno da titular da Educação. Hoje mesmo, o BE reúne com a Fenprof, para se inteirar das conversações com o Ministério. Para Ana Drago, todo este processo entrou já numa fase em que o que está em causa não é resolver os problemas do sector, mas "um braço de ferro político, uma forma de afirmação do Governo e da ministra". O que a deputada do BE diz ser uma "estratégia quase suicidária: querer manter um clima de absoluto conflito na educação."

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