No âmbito do Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa (LAQE), estrutura funcional do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, foi criado, em Março de 2007, o presente blogue onde são colocadas, notícias da imprensa da área da Avaliação Educativa. Esta recolha tem como principal finalidade avaliar o impacte, nos mass media, das questões de avaliação educativas.

Ensino do espanhol para abrir horizontes

2007-11-19, Educare.pt

A Escola Secundária João Gonçalves Zarco de Matosinhos prepara alunos de alto rendimento para o acesso ao Ensino Superior português e espanhol.

É um projecto inovador no país. A Secundária João Gonçalves Zarco de Matosinhos apalpou o pulso à realidade e decidiu investir numa preparação orientada para aumentar as alternativas no acesso ao Ensino Superior. E como o número de estudantes portugueses que se candidatam a universidades espanholas não pára de aumentar, a escola resolveu dar uma resposta nesta área. E assim nasceu o Pós... Zarco que oferece um percurso escolar a partir do 9.º ano para os alunos que sigam o curso de Ciências e Tecnologias, o que lhes permitirá obter ao longo de três anos - 10.º, 11.º e 12.º anos - uma preparação paralela, de modo que no final do 12.º ano possam candidatar-se a universidades portuguesas e/ou espanholas, seja através do acesso directo, seja através da realização das "pruebas de selectividad" - o exame de ingresso ao Ensino Superior em Espanha. Desta forma, os alunos conseguirão enfrentar de cabeça erguida as provas que se impõem no acesso ao Ensino Superior. A ideia começou a ganhar forma há quatro anos, com um exaustivo trabalho de planificação. No ano lectivo 2005/2006, o projecto arrancou com 25 alunos. Neste momento, com as três turmas em funcionamento, 70 estudantes frequentam gratuitamente estas aulas complementares com o futuro profissional no seu horizonte. A coordenadora do projecto, Rute Campos, explica como o Pós... Zarco aparece no contexto actual. "A ideia surge para ajudarmos e darmos resposta às necessidades dos bons alunos que também existem. O ensino vigente apoia sobretudo os alunos com mais dificuldades ao nível da aprendizagem e os que têm sucesso escolar por vezes ficam um pouco esquecidos", adianta. O projecto nasce então para munir de competências os estudantes interessados em fazer face às provas que a transição para o Ensino Superior exige. "Pretendemos ajudar os alunos a terem mais alternativas e perspectivas de futuro", especifica. "Os custos psicológicos e sociais das 'décimas de diferença' confrontam muitas vezes os jovens com o caótico de terem que gerir sensações de fracasso, de frustração, ou de considerarem insucesso terem uma nota de candidatura de 18 valores! O certo é que não conseguiram ingressar no curso que sonham e, muitas das vezes, optam por percursos alternativos, indutores de uma grande desmotivação. É uma realidade impressionante", acrescenta a responsável. Alargar o leque de competências científicas do perfil de formação dos alunos, para os tornar mais capazes de poderem confrontar-se com outras ofertas, quer de âmbito nacional ou internacional, é portanto uma das tarefas. Nos três anos de preparação, ensina-se a língua espanhola. A escola prepara assim para as "pruebas de selectividad" para cada uma das provas que os estudantes têm de realizar para o acesso às universidades espanholas - caso os alunos optem agora por este processo. Ao currículo previsto, é acrescido o Espanhol no 10.º ano, a aprendizagem da mesma língua orientada para a análise e comentário de texto no 11.º e, no último ano lectivo, 12.º ano, foi integrada a disciplina de preparação para a realização dos exames de ingresso a Espanha. O projecto não é estanque e, por isso, houve reajustes a fazer devido à mudança da lei espanhola que, desde o ano passado, permite que os candidatos optem pelo acesso directo. Perante esta nova realidade, a planificação prevista para o 12.º ano foi assim alterada, a fim de se adequar e dar resposta às novas possibilidades oferecidas na candidatura às universidades espanholas. A decisão foi tomada depois de auscultadas as opiniões dos alunos e encarregados de educação envolvidos no projecto Pós... Zarco. Para que não haja dúvidas. "O projecto não é apenas para os alunos que estão interessados em candidatar-se a Medicina. É vocacionado para os alunos que a partir do 9.º ano ingressem no Curso de Ciências e Tecnologias", sublinha Rute Campos. Os dois blocos semanais de 90 minutos do projecto são inseridos no horário dos estudantes. "O acréscimo da componente lectiva é encaixada nos horários". Há também esse cuidado. No final do 12.º ano, os alunos recebem um certificado de frequência da língua espanhola validado pela Consejería de Educación da Embaixada de Espanha em Portugal. A preferência é dada aos alunos que já frequentam a secundária de Matosinhos, mas tem havido procura de estudantes de outros estabelecimentos de ensino. Antes da preparação arrancar, os encarregados de educação dos alunos assinam um protocolo de colaboração, onde aceitam as cláusulas do projecto. O Pós... Zarco não fica apenas dentro da sala de aulas. Há intercâmbios de alunos e professores entre a secundária de Matosinhos e outras secundárias espanholas de Santiago de Compostela. Visitas que se enquadram nos objectivos do Pós... Zarco. "Há intercâmbios todos os anos. É uma excelente oportunidade para os alunos praticarem o espanhol, estarem num novo contexto escolar e cultural e é uma mais-valia porque se evolui imenso em termos de aprendizagem da língua". Um projecto pioneiro com resultados à vista. "Tem sido um grande desafio. Muito trabalhoso, mas em simultâneo tenho agarrado a oportunidade de viver uma experiência muito enriquecedora e extremamente gratificante, pois quando ouço os alunos e várias pessoas dizerem que este projecto é uma mais-valia no que respeita à preparação dada ao aluno para a sua vida futura, assim como a possibilidade oferecida relativamente ao alargamento no leque de alternativas para o acesso ao Ensino Superior, sinto que posso estar a ajudar e a contribuir para a concretização dos sonhos de alguns alunos", conclui Rute Campos.

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