No âmbito do Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa (LAQE), estrutura funcional do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, foi criado, em Março de 2007, o presente blogue onde são colocadas, notícias da imprensa da área da Avaliação Educativa. Esta recolha tem como principal finalidade avaliar o impacte, nos mass media, das questões de avaliação educativas.

Vénus também tem relâmpagos e trovões como a Terra, confirma sonda europeia

29.11.2007 , Jornal Público

Se fosse possível viajar de avião pelas nuvens de Vénus, veríamos relâmpagos e ouviríamos trovões, tal como acontece na atmosfera da Terra. Já se desconfiava de que fariam parte da paisagem atmosférica venusiana, mas os primeiros resultados obtidos pela sonda Venus Express, lançada pela Agência Espacial Europeia (ESA) há dois anos, acabam de confirmá-lo.A novidade faz hoje parte de um pacote de oito artigos na revista Nature sobre a missão, escritos por uma vasta equipa, que incluiu astrofísicos portugueses. "Já existiam algumas indicações sobre os relâmpagos. A Venus Express acabou com todas as dúvidas: os relâmpagos estão confirmados", diz David Luz, do Observatório Astronómico de Lisboa. Mas o número de relâmpagos é metade do da Terra, refere Pedro Russo, que, na altura deste trabalho, estava no Instituto Max-Planck para a Investigação do Sistema Solar, na Alemanha. Mais do que o número, dizem os astrofísicos portugueses, os relâmpagos são importantes pelo papel que desempenham na química da atmosfera. As descargas eléctricas partem as moléculas, que depois originam outros compostos químicos. Se fosse possível estar na superfície de Vénus (não é, porque seríamos esmagados por uma pressão atmosférica 92 vezes superior à da Terra e reduzidos a carvão por temperaturas superiores a 450 graus), nem daríamos pelos relâmpagos e os trovões. Só ocorrem na densa camada de nuvens que, entre 40 a 60 quilómetros de altitude, forra o planeta. Também não sentiríamos os ventos, mais fortes do que na Terra. A 60 quilómetros de altitude, atingem os 360 quilómetros por hora, mas no solo resumem-se a brisa. Outra das novidades é a confirmação de um vórtice no pólo sul, uma enorme tempestade semelhante a um furacão. Só que tem um duplo centro, como se fossem dois furacões a rodar lado a lado. Já se sabia da existência de um destes vórtices no pólo norte de Vénus; a descoberta de um segundo permitirá compreender melhor a circulação atmosférica do planeta.
Água evaporou-se
Vénus também está a perder para o espaço a pouca água contida na sua atmosfera, outra das suas particularidades confirmada pela sonda. No início, terá tido oceanos como na Terra, mas os dois planetas, irmãos tanto em tamanho e densidade, seguiram caminhos distintos. Com 98 por cento de dióxido de carbono na atmosfera, Vénus é assolado por um brutal efeito de estufa, manifestado por uma temperatura à superfície que é o dobro da de um forno doméstico. A água dos oceanos evaporou-se toda. Por que razão Vénus ficou assim, mesmo sem ter venusianos a seguir o mau exemplo dos humanos na Terra? "Isso continua a ser um dos mistérios", responde David Luz. "Mas a principal razão deve ser uma maior quantidade de dióxido de carbono na atmosfera." Este gás com efeito de estufa pode ter contribuído para o aumento da temperatura e isso teria evaporado os oceanos, diz Pedro Russo, agora coordenador do Ano Internacional de Astronomia na União Astronómica Internacional. Ou, pelo contrário, o efeito de estufa pode ter aparecido devido à evaporação dos oceanos. "A Terra, Marte e Vénus têm algumas semelhanças, mas em determinada altura evoluíram para cenários diferentes. Se estudarmos a evolução de Vénus e de Marte, compreenderemos melhor qual vai ser a evolução do nosso planeta", sublinha Pedro Russo. "Se o efeito de estufa na Terra se tornar mais acentuado e houver uma evaporação acentuada dos oceanos, as coisas podem tornar-se sérias", diz por sua vez David Luz. "O vapor de água junta-se ao dióxido de carbono e aumenta o efeito de estufa." A Venus Express tem ainda outra participação portuguesa. Bruno Sousa integra a equipa de controlo da sonda, no Centro de Operações Espaciais da ESA na Alemanha. À excepção de um instrumento científico, tudo funciona bem a bordo. "Já garantimos uma extensão da missão até Abril de 2009 e, na equipa, achamos que há condições para a estender por mais tempo."

Estatuto do Aluno aguarda votação final

2007-11-28, Educare.pt


Novo documento aperta prazos na aplicação de medidas correctivas no caso de faltas injustificadas.
Não é um assunto consensual. O novo Estatuto do Aluno aguarda pela aprovação final numa das próximas votações da Assembleia da República. Tudo indica que a maioria socialista aprovará o documento e que os partidos da Oposição se distanciem das ideias do Governo, votando contra as modificações que mexem com o sistema educativo. A terceira e última proposta de alteração, recentemente apresentada, estipula que se o aluno faltar sem justificação à prova de recuperação fica retido no caso do Ensino Básico, ou excluído da frequência da disciplina no nível secundário. O prazo-limite de faltas a partir do qual o aluno é sujeito a medidas correctivas e à realização de uma prova de recuperação foi encurtado, mas só no caso de se tratar exclusivamente de ausências injustificadas. O prazo limite passa de três para duas semanas se o aluno estiver no 1.º ciclo, e do triplo para o dobro dos tempos lectivos semanais de uma disciplina se o estudante frequentar os restantes níveis de ensino. O que se mantém é a possibilidade do aluno transitar de ano sem comparecer às aulas, desde que obtenha aprovação na prova de recuperação - não está, no entanto, definido qualquer limite para o número de testes a que pode ser sujeito.Há várias novidades neste estatuto. Os pais ou encarregados de educação ou o próprio aluno, se de maior idade, têm três dias úteis para justificar as faltas. E são consideradas faltas as ausências a aulas e outras actividades obrigatórias, bem como a actividades facultativas nas quais o aluno se tenha inscrito. Entre as medidas correctivas está a realização de tarefas escolares, o condicionamento de acesso a certos espaços escolares ou a mudança de turma. No entanto, a expulsão de escola deixa de existir. Cabe ao presidente do conselho executivo ou director a instauração do procedimento disciplinar, caso o comportamento configure a aplicação das medidas disciplinares sancionatórias. A transferência de escola é da competência do director regional de Educação e é apenas aplicada aos alunos com dez ou mais anos de idade e se a nova escola estiver situada na mesma localidade ou seja servida de transporte público ou escolar. O aluno não pode transportar equipamento tecnológico, como telemóveis, para as aulas.As novas alterações provocaram bastante contestação. A Oposição chegou a acusar o Governo de "menosprezar o valor da assiduidade" e de "mascarar as estatísticas" do abandono escolar. Antes disso, o presidente do Conselho das Escolas, Álvaro Almeida dos Santos, aconselhava o Governo a repensar o fim da distinção entre faltas justificadas e injustificadas. "A não distinção entre faltas justificadas e não justificadas pode provocar um efeito perverso que é o do aluno poder ter alguma descontinuidade na frequência da escola, sem que a escola tenha uma acção de responsabilização", disse o responsável à Lusa. O presidente do Conselho Nacional de Educação, Júlio Pedrosa, defendeu precisamente o mesmo, ressalvando, porém, que o estatuto é um instrumento que serve "projectos e ambições" com "exigência e rigor". A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, não tardou a responder, garantindo que o novo Estatuto não elimina essa diferenciação entre as faltas justificadas e injustificadas. "Este estatuto procura diminuir a diferença, desburocratizar essa diferença, devolvendo à escola a capacidade de avaliar a relevância das justificações apresentadas", sustentou a governante.A Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) também deu a sua opinião. "No que respeita ao novo regime de faltas, temos em conta a generosidade da proposta no sentido de se criarem normas e critérios que impeçam o abandono escolar e permitam, outros sim, que os alunos nestas circunstâncias sejam seguidos mais de perto e pró-activamente dissuadidos de abandonar". "Os alunos não são mercadoria que se abandona à sua sorte, mas antes seres humanos a quem se deve apoiar e encaminhar no sentido de construção de um projecto pessoal de vida", afirmou em comunicado. Nesse sentido, a Confap propôs a criação de gabinetes de apoio a estudantes e famílias, constituídos por professores, psicólogos, assistentes e mediadores sociais. Para "uma maior cultura de cooperação entre a escola e a comunidade". "A Confap tem vindo a defender, como posição fundamental, que a indisciplina, o insucesso e o abandono escolar só podem ser combatidos pela inclusão de todos os alunos, através de práticas educativas adequadas - nunca antes de normas autoritárias e repressivas", sublinhou, a propósito. "Em todas as questões disciplinares deve prevalecer a vertente correctiva sobre a vertente punitiva. Todas as medidas correctivas ou sancionatórias aplicadas aos alunos, devem ter acompanhamento e enquadramento pedagógico", lê-se no parecer da Federação Nacional dos Professores (FENPROF), de Junho deste ano. Dessa forma, a estrutura não aceita que uma das medidas correctivas seja "a inibição de acesso a actividades extracurriculares". E explica porquê. "Muitos dos alunos que maiores problemas criam ao normal funcionamento das actividades escolares seriam mais facilmente motivados para uma vivência saudável da escola se esta tivesse condições de oferecer actividades extracurriculares de qualidade, coordenadas por profissionais preparados para o efeito." Uma das dúvidas da FENPROF sobre o novo estatuto centra-se nas repercussões que a prova de recuperação terá sobre os alunos, sobretudo para os que se encontram na escolaridade obrigatória. Por seu turno, a Federação Nacional dos Sindicatos de Educação (FNE) sugeriu que os pais fossem também "co-responsabilizados pelas atitudes dos filhos, com a aplicação de multas ou medidas que dificultassem o acesso a prestações sociais, como o abono de família". "Consideramos que quando um aluno não tem um comportamento adequado dentro da escola, a responsabilização da família pode passar, em determinadas circunstâncias, pela aplicação de multas ou pela redução do acesso a determinados benefícios sociais", defendeu João Dias da Silva, da FNE.

Vida tornou-se impossível em Vénus

29 de Novembro de 2007, Jornal de Notícias

O planeta Vénus esteve, num passado longínquo, coberto de oceanos. No entanto, em vez de criar vida, tornou-se numa fornalha cuja atmosfera é composta por 96,5% de CO , de acordo com dados enviados pela sonda europeia "Venus Express". Hakan Svedhem, investigador da Agência Espacial Europeia, apresenta, hoje, na revista "Nature" uma série de artigos dedicados ao planeta também conhecido por "Estrela do Pastor". O investigador assegura que "a água presente em Vénus no passado simplesmente evaporou-se. Ainda há traços de água na sua atmosfera e nós podemos actualmente observar como decorre este processo".Apesar do planeta Vénus ser idêntico à Terra, em massa e tamanho, tem presentemente uma temperatura que ultrapassa os 450 graus na superfície. Uma espessa camada de nuvens de ácido sulfúrico, provavelmente de origem vulcânica, tinha até agora impedido a aquisição de boas imagens da atmosfera venusiana. Contudo, graças à utilização de uma nova fracção do espectro luminoso, "a 'Venus Express' desenha hoje uma carta a três dimensões desta atmosfera, que nos permite compreender muito melhor a meteorologia e a circulação" da atmosfera de Vénus, assegura Hakan Svedhem. A primeira missão da ESA ao planeta, através da "Venus Express", tem como objectivo fazer observações globais à atmosfera do planeta, às características de superfície e à interacção do ambiente do planeta com o vento solar.

Caloiro de Medicina foi o melhor aluno do Secundário

29 de Novembro de 2007, Jornal de Notícias

Ricardo não corresponde ao estereotipo do estudante brilhante e desastrado. A cabou o 12.º ano com média de 19,8 valores - teve 20 a tudo, excepto Educação Física - e ainda lhe sobrava tempo para estudar Inglês, ir ao ginásio, praticar danças de salão, karaté e natação. Ganhou o Prémio Professor Doutor José Pinto Peixoto por ter sido a melhor média de conclusão do Secundário, no ano passado.Agora que entrou para Medicina, no Porto, a vida de Ricardo Jorge Soares dos Reis mudou bastante. "Dei mais matéria nestes dois meses do que no resto da minha vida. É quase tudo novidade", confessa este estudante de 18 anos, natural de Viana do Castelo. Mas, longe de se queixar, está muito satisfeito com o nível de exigência que o obriga a pesquisar diariamente para acompanhar a densidade das aulas.Filho e neto de médicos, a Medicina não foi uma escolha por obrigação familiar. "É um curso que abre muitas possibilidades pode exercer-se Medicina ou seguir a investigação, além de integrar conhecimentos de várias áreas. Agrada-me essa perspectiva geral, quase renascentista, que a formação em Medicina permite", explica.Esta abrangência no olhar a Ciência encontrou-a no patrono do prémio - José Pinto Peixoto -, figura que desconhecia até se ter candidatado, mas com quem se identificou. Pioneiro nas Ciências Geofísicas, Pinto Peixoto, natural de Miuzelas (Almeida), interessou-se por diversas áreas, dividindo a sua actividade entre a investigação e a docência.Ricardo também está dividido. Ainda não sabe se quer exercer Medicina ou seguir a investigação. Mas, para já, é cedo. Tem pela frente todo o curso para decidir o que quer exercer e se fica em Portugal ou ruma ao estrangeiro. Até porque não é dado a precipitações. Gosta de ponderar as opções e tomar decisões fundamentadas. Exemplo disso é o destino a dar ao valor do prémio (mil euros). Como ainda não sabe o que fazer, vai aguardar até ter uma boa ideia.Ainda em fase de adaptação à vida no Porto, Ricardo não teve tempo para explorar a cidade e as fontes de diversão, embora, à partida, não se deixe seduzir pelas actividades habituais dos caloiros. Não gosta de discotecas. Prefere a leitura e o cinema. Quanto ao prémio, Ricardo relativiza-o. "Fui o melhor entre os candidatos. Não quer dizer que não haja outros melhores a nível nacional." Talvez. Mas não serão muitos.

Estatuto do trabalhador-estudante adiado

29.11.07, Diário de Notícias

O PS remeteu ontem para a revisão do Código do Trabalho a alteração do regime jurídico do trabalhador-estudante, inviabilizando a aprovação imediata de um projecto-lei do Bloco de Esquerda sobre o tema.A iniciativa do BE visava, segundo a exposição de motivos de diploma, repor alguns dos direitos que o partido considera terem sido retirados aos trabalhadores-estudantes com a entrada em vigor do Código do Trabalho.Direitos nomeadamente quanto ao número de exames por disciplina, ao direito de preferência na escolha dos turnos e à dispensa do comprovativo da entidade patronal para provar a condição de trabalhador-estudante.O BE pretende ainda que sejam criados cursos nocturnos nas instituições de ensino secundário e superior, a criação de um Observatório do Trabalhador-Estudante e de incentivos para as empresas que mantenham estes trabalhadores depois da conclusão dos estudos."Muitos trabalhadores-estudantes estão actualmente, na prática, impedidos de continuar a sua formação", lamentou a deputada do BE Ana Drago.O PS, pela deputada Isabel Coutinho, reconheceu que o projecto do BE é "meritório no ponto de vista da essência e objectivos" mas sublinhou que este estatuto tem de ser revisto no âmbitio do quadro do Código do Trabalho."Qualquer alteração ao regime do trabalhador-estudante deve ser feita de forma responsável e integrada, em sede de alteração do Código do Trabalho e respectiva regulamentação", afirmou a deputada socialista.Isabel Coutinho recordou o compromisso do Governo e do PS de apresentar uma iniciativa legislativa global de revisão do Código do Trabalho com base nas conclusões do Livro Branco para a reforma da legislação laboral, que vai apresentar as suas conclusões até ao final do mês. "Este é o nosso calendário político", sublinhou a deputada do PS."Diz que a situação dos trabalhadores-estudantes é muito grave. O que quer fazer para alterá-la? Absolutamente nada", criticou, na resposta, Ana Drago.

Açores: PSD/A acusa Governo de impor sucesso escolar

28-11-2007, Diário Digital

A bancada do PSD no Parlamento açoriano acusou hoje, durante o debate das propostas de Plano e Orçamento para 2008, o Governo Regional socialista e impor o sucesso escolar nas ilhas pela via administrativa.
No debate parlamentar de hoje, o deputado social-democrata Costa Pereira disse que, ao criar condições aos alunos para uma mais fácil transição de ano, o Governo generalizou a «falta de exigência no ensino» e o «facilitismo na escolaridade obrigatória».
No seu entender, o modelo de avaliação criado, através das provas de avaliação sumativa externa, da «burocracia irracional» imposta aos docentes e da «ingerência» de alguns conselhos executivos na avaliação dos alunos, têm alterado os dados estatísticos a favor do Governo.
Para Costa Pereira, este «insucesso artificial» vai repercutir-se de forma «negativa e dramática» no futuro dos Açores, fazendo com que os alunos saiam da escolaridade obrigatória diplomados, «mas com graves carências no domínio da literacia».
Na resposta, o secretário regional da Educação e Ciência negou que o seu departamento governamental tenha dado instruções para que os alunos passem de ano, independentemente das suas notas.
Álamo Meneses garantiu que a redução do insucesso escolar nos Açores se deveu à estratégica que adoptou no combate ao problema e que passou, em primeiro lugar, por criar alternativas ao sistema tradicional de ensino.
A aposta na formação profissional foi, no entender do governante, a melhor forma de combater o insucesso escolar e «dar sucesso profissional aqueles que dificilmente o teriam».
Segundo explicou, a criação de programas específicos de combate ao insucesso e abandono escolar, nomeadamente através da recuperação da escolaridade, permitiu, também, reduzir «drasticamente o número de alunos retidos em cada ano lectivo».
Álamo Meneses sublinhou que o ensino profissional nos Açores representa, actualmente, uma oportunidade de ensino para cerca de 50 por cento dos jovens estudantes das ilhas, lembrando que, há 10 anos atrás, existiam apenas 2 escolas profissionais nos Açores e que agora existem 17.
O governante salientou que, actualmente, cerca de um terço dos alunos das ilhas que termina o ensino secundário entram nas universidades do país, realidade que considerou impensável há uma década atrás.
Álamo Meneses anunciou que uma das grandes apostas do Governo para 2008 é a formação profissional, para a qual o executivo socialista reservou, no Plano de Investimentos para o próximo ano, mais de 30 milhões de euros.

Certificados do Básico duplicaram em 2007

28 de Novembro de 2007, Jornal de Notícias

Até ao final do ano serão passados 110 mil certificados de validação de competências de equivalência ao Ensino Básico. O número foi referido, ontem, pelo secretário de Estado da Educação, Válter Lemos, no desfecho da conferência "Valorizar a aprendizagem", organizada no âmbito da presidência portuguesa da União Europeia, que decorreu no Parque das Nações, em Lisboa.O governante explicou depois ao JN que o número corresponde ao total de diplomas emitidos desde 2001. Como em 2006 foram entregues pouco mais de 50 mil certificados, prevê-se que este ano terá duplicado o número de adultos que entrarão em 2008 com o 9.º ano de escolaridade.Valter Lemos realça ainda que a meta do Governo é passar dos actuais 270 centros Novas Oportunidades para 500, que estejam a funcionar em meados de 2008.O segundo e último dia de trabalhos foi marcado pela alocução de Luís Imaginário que dirigiu duras críticas ao ensino nacional. Ao afirmar que "a escola encontra-se em crise permanente desde os anos 60 e nem as sucessivas reformas lhe têm valido" e que "o ensino é desinteressante, não motiva, não garante um emprego nem corresponde ao que o mercado de trabalho necessita". Defendendo que a experiência deve contar na formação escolar, o docente considerou que o difícil é valorizar os saberes não adquridos na escola, quando em Portugal "é um estigma não poder exibir um certificado".Apontando como excepções os cursos industriais e comerciais do Estado Novo e os cursos nocturnos, depois pós-laborais a seguir ao 25 de Abril, o orador frisou que os demais programas de escolarização de adultos foram "ineficazes". Por não terem em conta a experiência profissional ou de vida de cada formando.Para este estudioso, a solução passa por identificar, avaliar, reconhecer e validar as respectivas competências, num processo de aprendizagem em que o candidato demonstra que sabe fazer através de acções concretas e em que o conhecimento é exposto pelo diálogo com o orientador.

Alunos do Politécnico de Viseu manifestam-se contra alegadas ilegalidades na instituição

26.11.2007 - Jornal Público

Uma centena de alunos manifestou-se hoje contra alegadas ilicitudes no Instituto Politécnico de Viseu (IPV), nomeadamente o atraso nas eleições para a presidência, considerando que este vive "uma grave crise institucional".A Associação Académica do IPV tinha apelado aos alunos que esta manhã se manifestassem frente aos serviços centrais contra "as ilegalidades e a falta de estratégia", mas apenas compareceu uma pequena percentagem dos nove mil alunos das escolas do instituto. Frente ao edifício onde se realizava a reunião do conselho geral do IPV, os alunos exibiam faixas com as inscrições "Ilegalidades não!" e "senhor ministro actue".Alexandre Santos, presidente da Associação de Estudantes da Escola Superior de Tecnologia, explicou aos jornalistas que a reunião do conselho geral "é ilegal", porque João Pedro Barros, que a convocou, já acabou o seu mandato de presidente do IPV em Abril. Avisou que, por isso, os estudantes irão "contestar todas as decisões que sejam tomadas hoje", por não as considerarem legítimas, e exigiu que "se proceda às eleições o mais rapidamente possível".Entre as dez questões que motivaram a acção de protesto dos alunos, encontra-se ainda a existência de cancelas em todas as entradas do parque de estacionamento, a ausência de resposta a medidas consideradas importantes para os alunos e a falta de apoio aos alunos dos Países Portugueses de Língua Oficial Portuguesa.Os alunos queixam-se também do aumento das propinas, considerando que tal não aconteceria se "o IPV reduzisse os 25 por cento que tira às escolas, com a aplicação da mais elevada taxa de cativação do país".Antes de entrar para a reunião, João Pedro Barros deslocou-se ao local onde decorria a manifestação e garantiu aos jornalistas que, de todos os pontos, "não há só um verdadeiro". "Terminei realmente o meu mandato a 19 de Junho, devia ter decretado no dia 19 de Abril o início do processo eleitoral. O início, porque não se sabe nunca quando é que esse processo vai acabar. Afinal, as eleições foram decretadas no dia 6 de Junho, praticamente uns dias depois", contou.Segundo João Pedro Barros, actualmente "estão a ser realizadas eleições nas escolas", para depois "se constituir uma assembleia para se marcarem eleições". "Mas, ao mesmo tempo, vai decorrer o processo da feitura dos estatutos que vão regulamentar a vida do IPV, em função do novo regime do ensino superior", garantiu.O dirigente associativo frisou que os dez argumentos usados para avançar para a manifestação são "o símbolo da manipulação que está a ser feita aos alunos" e, sem avançar nomes, referiu que os manifestantes eram "meia dúzia de alunos da (Escola Superior de) Tecnologia, mais nada"."São meia dúzia de indivíduos que fazem esta manipulação toda, estão aqui alunos apenas de uma das áreas da escola, não há aqui ninguém de Lamego ou da Escola de Educação. É fácil levar estes miúdos, fazendo-lhes ver que têm obrigação de tomar determinadas atitudes", considerou.João Pedro Barros explicou que, no conselho geral de hoje, o que se pretende é trabalhar para "a estabilidade do instituto, para depois passar para o próximo presidente", considerando que é o facto de os novos estatutos imporem um determinado perfil para se poder ser presidente" que "movimenta algumas pessoas". "O senhor ministro sabe perfeitamente que as eleições, de acordo com a inspecção, têm de ser feitas até ao fim do mês de Janeiro. Eu tenho que aguentar firme porque não há vazio de poder na administração pública, embora tenha uma vontade muito grande em ir-me embora", afirmou aos jornalistas.

Um em cada cinco alunos do secundário já consumiu drogas

27.11.2007, Jornal Público


Um em cada cinco alunos do ensino secundário já consumiu drogas e quase 90 por cento admite ter bebido álcool, de acordo com o Relatório Anual 2006 - A Situação do País em Matéria de Drogas e Toxicodependências divulgado pelo Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT).Segundo os dados preliminares do Inquérito Nacional em Meio Escolar do IDT, cujos resultados finais serão divulgados em Dezembro, o consumo de álcool, tabaco e droga tem vindo a diminuir desde 2003, tanto no terceiro ciclo como no secundário.O número de jovens do 10º ao 12º ano que consumiu bebidas alcoólicas pelo menos uma vez caiu quatro pontos percentuais (de 92 para 88 por cento), enquanto o consumo de drogas desceu sete pontos, rondando os 20 por cento. Também o tabaco regista uma diminuição entre os estudantes do secundário, passando de 68 para 56 por cento.Em relação ao terceiro ciclo do ensino básico, 60 por cento dos alunos já experimentaram bebidas alcoólicas, um valor que atingia os 68 por cento em 2003, enquanto o consumo de tabaco caiu dos 49 para os cerca de 35 por cento. No entanto, o consumo de drogas entre os alunos deste nível de escolaridade manteve-se praticamente inalterado, pouco acima dos dez por cento.Em relação ao tipo de drogas, a cannabis continua a ser a substância mais experimentada, apesar de ter passado de 9,2 para 8,2 por cento entre 2002 e 2006, de acordo com um outro relatório, realizado com base num inquérito a alunos do 6º, 8º e 10º ano.O consumo de ecstasy também desceu, de 2,2 para 1,6 por cento, assim como a cocaína, que baixou ligeiramente (1,7 para 1,6). Por oposição, o consumo de heroína e LSD registou uma leve subida, passando para 1,4 e 1,8 por cento, respectivamente.

Dezenas de docentes tentam resolver colocações em tribunal

26 de Novembro de 2007, Jornal de Notícias

Dezenas de professores accionaram processos para tentarem resolver nos tribunais as suas colocações ou exclusões do grupo 910 da Educação Especial, confirmou, ontem ao JN, o secretário-geral da Fenprof.Uns por pertencerem a outras áreas de formação - como a agro-pecuária ou electrotecnia - e não terem preparação para dar aulas a alunos deficientes nem terem concorrido para essas vagas. Outros, por terem sido excluídos da lista de candidatos, apesar de terem formação mas não cinco de experiência como a lei exige.O Governo admite rever a legislação mas o problema para estes docentes é que 44 colegas ficaram colocados sem esse tempo de serviço. O JN teve acesso à lista definitiva de colocação e confirmou que dez tinham zero dias de serviço. Ou seja, nunca tinham dado aulas."É possível vir a reformular a lei para que esses professores com menos experiência possam concorrer", afirmou anteontem a ministra da Educação. Ao ser questionada sobre se os docentes de outras áreas têm mais qualificação, Lurdes Rodrigues sublinhou que "há regras a respeitar".Satisfeito por o Governo admitir rever a lei para concursos futuros, Mário Nogueira sublinhou ao JN que "a tutela tem, no entanto, um problema imediato para resolver". "Ilegalidade por ilegalidade é menos grave - por ser melhor para os alunos - aceitarem os professores excluídos do que colocarem docentes de outras áreas no grupo 910", alega o secretário-geral da Fenprof.Recapitulemos. No início do mês, 140 docentes de diversas áreas de formação foram colocados no grupo 910. Esta semana, no Parlamento, o secretário de Estado da Educação afirmou que mais 35 docentes com horário zero iriam ocupar essas vagas. Valter Lemos garantiu que a tutela só procedia assim por já não existirem na lista do concurso professores por colocar no 910. Desde esse dia docentes desse grupo no desemprego manifestam ao JN a sua "indignação". Olga foi uma dessas docentes. Professora do 1º ciclo desde 2003 deu apoio sócio-educativo a alunos com dificuldades na aprendizagem. Gostou e resolveu tirar a especialização para entrar no grupo 910. Poucos dias depois de ter o certificado foi colocada mas tem menos de um ano de serviço. Foi denunciada, por esse motivo, e excluída das listas definitivas. Olga fez ao JN a mesma denúncia que todos os outros que contactámos 44 docentes também sem os cinco anos de serviço foram colocados. "No ano passado servi, este não sirvo para nada", desabafou.Sofia é uma das professoras que recorreu a um advogado para tentar impugnar as colocações administrativas. "Os pais têm de saber que existimos", reivindicou. Educadora de Infância de formação, substituiu durante um ano uma professora do 1º ciclo destacada numa biblioteca. Gastou todo o seu subsídio de desemprego no curso de pós-graduação em Educação Especial. Vinte dias depois de receber o certificado foi colocada quase ao lado de sua casa. "É imoral", insiste. "A entidade que agora me exclui depois aceita-me" através da contratação directa das escolas.Sílvia formou-se em Biologia em 2002. Nunca conseguiu ser colocada. É escriturária. Para tentar concretizar o seu sonho de dar aulas tirou a pós-graduação em Educação Espacial. Tem 365 dias de serviço. Tal como Olga e Sofia reivindica ter preparação para lidar, por exemplo, com autistas que tanto assustam os docentes com horário zero, agora encarregues dessa missão. Em uníssono garantem "Os alunos são os mais prejudicados".

Transição de ciclos faz elevar taxa de retenção

26 de Novembro de 2007, Jornal de Notícias

A transição de ciclos corresponde sempre a um agravamento das taxas de retenção e abandono escolar. O 7.º ano de escolaridade é o mais penalizador do Ensino Básico 23,19% dos alunos ficaram retidos em 2001/2, enquanto, no mesmo ano escolar, 34,50% dos alunos do 10.º ano reprovaram. Para o sociólogo Pedro Abrantes, não há dúvida de que a transição de ciclos é um momento de exclusão e selecção dos alunos. Num estudo de investigação, o sociólogo verificou que, embora haja uma subida das taxas de insucesso no primeiro ano de cada ciclo, esta parece particularmente relevante na passagem do 6.º para o 7.º ano.Na sua opinião, se o fim da monodocência e mudança de escola podem justificar a elevada taxa de retenção no 5.º ano, o mesmo argumento não justifica a ainda mais elevada taxa de reprovação no 7.º ano. Pedro Abrantes refere que o problema não é novo e está há muito identificado pelo Ministério da Educação."Criaram agrupamentos verticais, em que seria suposto as escolas dos três ciclos do Ensino Básico trabalharem em rede, evitando os problemas gerados pela transição, só que isso não acontece. As escolas e os professores continuam de costas voltadas uns para os outros", disse ao JN o sociólogo. Pedro Abrantes concluiu, no seu estudo, que o efeito da transição é mais penalizador para as classes sociais desfavorecidas e para os rapazes.

"Escola está organizada para as classes médias"

26 de Novembro de 2007, Jornal de Notícias

"A escola está organizada para alunos urbanos das classes média e média-alta. A todos os níveis, principalmente no que se refere ao currículo". Foi a esta conclusão que chegou o investigador António Maria Martins, da Universidade de Aveiro, após mais de 20 anos a estudar o insucesso escolar e as razões para as elevadas taxas de reprovação."Quanto mais o currículo familiar se afasta do currículo escolar, mais sujeita fica a criança ao insucesso", referiu. Para o investigador, o nível sociocultural associado à forma como está organizada a escola, sobretudo os currículos académicos, parece ser o principal responsável pelo insucesso massivo dos alunos provenientes das classes mais desfavorecidas. Num estudo de campo feito num meio rural nortenho, envolvendo 319 alunos de 33 escolas do 1.º Ciclo, António Martins constatou que o elevado índice de reprovações estava relacionado com a origem social e cultural dos alunos.

Reprovar: o pior castigo da escola

26 de Novembro de 2007, Jornal de Notícias

Se há pior lição que se possa trazer da escola é a de que não se é capaz de aprender. Infelizmente, esta é a realidade para milhares de alunos do ensino obrigatório, para já não falar do Secundário. As estatísticas do ano lectivo de 2004/5 dizem que 19,7% dos alunos do 3.º Ciclo reprovaram, ou seja, mais 1,3% do que 10 anos atrás. Especialistas em educação contactados pelo JN explicam que a escola está a penalizar as classes mais desfavorecidas, sem condições sociais, culturais e financeiras de acudir aos filhos. Reestruturar o sistema, diversificar os currículos, melhorar as condições físicas das escolas e os seus recursos humanos foram alguns dos caminhos sugeridos para combater as elevadas taxas de insucesso escolar. Quando se analisam os dados estatísticos disponibilizados pelo Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação, verifica-se que é no primeiro ano de cada ciclo - 2.º (no 1.º ano não há retenções), 5.º, 7.º e 10.º - que os níveis de reprovação são mais elevados.
Desarticulação
O fenómeno já foi reconhecido pelos ministérios da Educação e do Trabalho que, num documento de 2004, concluíam estar-se "perante um sistema de ensino com manifesta desarticulação entre os diferentes ciclos, com patamares de exigência claramente desnivelados e com eventuais problemas de desadequação após a transição". Pedro Abrantes, investigador em sociologia da educação, disse ao JN que a lógica dos agrupamentos verticais, que unem jardins-de-infância e escolas dos três ciclos do Básico em rede, não funciona. "Seria suposto que o percurso do aluno fosse pensado em continuidade, mas isso não acontece. Na prática, os professores dos diversos níveis continuam a funcionar isoladamente", referiu.
Espírito de liceu
O facto de o 7.º ano ser o mais penalizador deve-se ao facto de se perpetuar o espírito de liceu. "As escolas tornam-se mais académicas e os alunos sentem o aumento do nível de exigência", explicou. No seu entender, são as classes sociais mais desfavorecidas - sem a cultura suficiente para apoiar os filhos - as mais penalizadas.Albino Almeida, presidente da Confederação das Associações de Pais, tem a mesma ideia. "Nessas classes, os pais não têm conhecimentos para apoiar os filhos, nem dinheiro para pagar explicações", salientou. O apoio dado na escola a quem reprova - os planos de recuperação - constitui, no seu entender, "um fraco remendo". Albino Almeida entende que repetir as mesmas disciplinas que ficaram feitas "é diabólico". Por isso, defende que os alunos transitem sempre, mas recebam apoios acrescidos, no ano seguinte, às disciplinas onde tiveram dificuldades e um acompanhamento individualizado. Armanda Zenhas, professora com mestrado em Educação, reconhece a necessidade de os pais acompanharem mais os filhos e do incremento do trabalho individual dos alunos. Contudo, acredita que turmas enormes, escolas sem condições físicas e recursos humanos indispensáveis, horários escolares longos e repartidos ajudam muito a elevar o insucesso escolar.
Bode expiatório
Para o investigador António Martins, da Universidade de Aveiro, a escola está organizada para o aluno urbano das classes média e média/alta. "O mesmo currículo que é ensinado no colégio privado de Lisboa serve, também, os alunos de uma vila no interior de Trás-os-Montes. Como pode o sucesso escolar ser o mesmo?", questionou. No seu entender, "se a escola produz tanto insucesso, ninguém quer ser o bode expiatório. Por isso, diz-se que o aluno tem dificuldades de aprendizagem e manda-se para um psicólogo, o que é outra tragédia e apenas serve para alimentar gabinetes de técnicos em psicologia", realçou.Já o recente anúncio da queda da taxa de retenção no Ensino Secundário de 32% para 25% é vista por Matias Alves, mestre em Ciências da Educação, como fruto da inscrição dos alunos no Ensino Profissional, que tem menor nível de exigência. "De resto, o nível de insucesso no Secundário continua inaceitável", considerou.

Requalificação de escolas tem novo processo

25 de Novembro de 2007, Jornal de Notícias

A partir de 1 de Dezembro as autarquias poderão submeter a apreciação os seus projectos para a Requalificação da Rede Escolar do 1º Ciclo do Ensino Básico e da Educação Pré-Escolar através do site "www. centroescolar.min-edu.pt". A password de acesso para cada autarquia do Norte do país foi entregue ontem no Porto, durante a apresentação pública do Programa Nacional, que contou com a presença da ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues. Durante a reunião com autarcas da região Norte, que recebe 60% dos 400 milhões de euros, a governante referiu que se trata de mais um passo no programa iniciado há dois anos, que implica a colaboração e parceria entre o Ministério e as autarquias.O secretário de Estado, Valter Lemos, na apresentação do sítio da Internet, salientou que "todo o processo foi o mais simplificado que era possível", dando como exemplo que câmaras já não têm que enviar os projectos de arquitectura e engenharia para o Ministério, "essa aprovação é da competência das autarquias, só se exige uma memória descritiva do equipamento". Além disso, "o parecer deverá ser dado no prazo de 15 dias".

FNE alerta para agressões ao pessoal não docente

25 de Novembro de 2007, Jornal de Notícias

A Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) defende que "o país tem de saber que a violência nas escolas abrange, de forma diária, os funcionários não-docentes vítimas de dezenas de agressões físicas e verbais".João Dias da Silva, secretário-geral da FNE, já expôs a situação ao procurador-geral da República e apela ao Ministério da Educação para divulgar números, "mais que não seja recorrendo às estatísticas de processos disciplinares levantados a alunos"."Fala-se muito em agressões a professores ou entre alunos, mas esquece-se as dezenas de funcionários que são agredidos ou insultados todos os anos nas escolas portuguesas", afirmou ontem à Lusa, à margem dos trabalhos do Dia Nacional do Trabalhador Não-Docente - onde 200 trabalhadores debateram, em Felgueiras, a possibilidade de integração dos funcionários não-docentes nas autarquias locais. O secretário-geral da FNE insiste que os auxiliares também "são pilares do sistema que têm de ser acarinhados e para cuja formação profissional é preciso olhar".João Dias da Silva defende que o acesso de novos trabalhadores deve dar preferência a candidatos com o 12.º ano, e, preferencialmente, oriundos da área das relações humanas.A FNE não se opõe a que os funcionários passem para a tutela das autarquias mas considera que, apesar dessa transferência, o pessoal não docente tem de continuar a ser avaliado pelos agrupamentos de escolas ou pelos Conselhos Executivos, e não pelos municípios, como sucedia anteriormente. Já sobre a nova lei que avalia os professores, João Dias da Silva comparou os seus métodos aos de um "Big Brother", que só criarão "instabilidade nas escolas". A FNE argumenta que a nova legislação impõe um sistema que mantém os professores "sob vigia permanente, aumentando o seu grau de insegurança sobre o trabalho diário e colocando os professores uns contra os outros".

Viagem pelo passado e o futuro da Terra

25.11.07, Diário de Notícias

Cenários de longo prazo incluem glaciação
A ciência pode prever o futuro a um prazo de 500 milhões de anos, altura em que a Terra será submetida ao brilho mais intenso do Sol, ficando com atmosfera semelhante à de Vénus. A ciência é capaz de fazer o retrato da história do próprio Universo, a ponto de saber como ele começou. E, no entanto, em relação aos próximos 50 ou cem anos, é difícil fazer previsões, dadas as incertezas que envolvem o futuro próximo da humanidade.Esta é uma das ideias centrais do novo livro de Filipe Duarte Santos, professor de Física na Universidade de Lisboa e um dos peritos nacionais em alterações climáticas. Editado pela Gradiva, Que Futuro? Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento e Ambiente é um ambicioso volume de divulgação científica, que levou seis anos a escrever, e que trata de aspectos tão diversificados como a história da ciência moderna, o aquecimento global, os problemas contemporâneos e até a possível alteração da espécie humana."A ciência permite reconstituir o passado e projectar o futuro. No entanto, dadas as pressões de população, os problemas de energia, a conflitualidade, temos [os próximos] 50 a cem anos em que não somos capazes de fazer grandes projecções", explicou ao DN o autor.Segundo Filipe Duarte Santos, vivemos numa época de "grande incerteza", com o aparecimento de novos poderes, com as questões energéticas, a pobreza e as alterações do clima. Depois de abordar outra das ideias centrais do livro, de que a civilização, a tecnologia e a ciência têm limites, Filipe Duarte Santos dedica uma parte do seu livro ao futuro do planeta.Num prazo de 50 mil anos, segundo o cientista, "uma nova época glacial é muito provável". Actualmente, vivemos num período interglacial, mas este tempo mais quente "é particularmente estável e longo", pois a duração normal dos períodos interglaciais tem sido de dez mil anos e o actual já dura há 12 mil anos, tendo permitido o desenvolvimento da Civilização contemporânea. "Sabemos quais são os mecanismos que provocam a alternância: pequenas variações da órbita da Terra em torno do Sol", explicou o cientista. Também "é provável" que o próximo período glacial "se atrase", devido ao efeito de estufa.A longo prazo, a Terra deixará de ser o planeta azul. O período temporal é de 500 milhões de anos, e os seres humanos terão colonizado outros planetas. O Sol brilhará de forma mais intensa, os oceanos vão evaporar-se e a atmosfera será irrespirável. Este é um dos cenários descritos neste ambicioso livro, que termina com um capítulo sobre os discursos ambientais e a respectiva capacidade de resolver o problema climático do nosso tempo.

Coimbra - Universidade é a melhor do país em 'ranking' internacional

23 de Novembro, 2007 - Jornal O Sol

O vice-reitor da Universidade de Coimbra (UC) Pedro Saraiva congratulou-se hoje com o facto de a instituição ser considerada a melhor a nível nacional no ranking mundial THES-QS, publicado pelo The Times.
«É o reconhecimento do esforço desenvolvido sermos, pela segunda vez consecutiva, a universidade mais cotada do universo nacional», disse o catedrático à agência Lusa.
Relativo a 2007, o ranking THES-QS, divulgado recentemente pelo Times Higher Education Supplement, coloca a UC como a quarta melhor universidade da Península Ibérica e a terceira melhor do mundo lusófono.
Na classificação de 2006, a Universidade de Coimbra foi considerada também a melhor dos países de língua portuguesa, sendo ultrapassada este ano pelas congéneres brasileiras de São Paulo e Campinas.
Pedro Saraiva desvaloriza esta descida, atribuindo-a a alterações nos critérios de avaliação. «Não dou uma importância excessiva a mudanças de um ano para o outro», disse o vice-reitor, adiantando que «as evoluções no contexto universitário não são de curto prazo».
Universidades do mundo anglo-saxónico estão no topo do THES-QS World Universities Rankings 2007, arrebatando os 16 primeiros lugares da classificação, com Harvard (EUA), Cambridge (Reino Unido), Yale (EUA) e Oxford (Reino Unido) à cabeça.
No ranking de 500 instituições, a UC surge na 319ª posição, seguida da Universidade Nova de Lisboa (no 341º lugar) e da Católica.
Em termos europeus, a mais antiga universidade portuguesa ocupa a 153ª posição.
Ao surgirem de «uma entidade idónea internacional», os resultados assumem, para Pedro Saraiva, «uma dupla face»: «Por um lado são o reconhecimento do esforço desenvolvido, por outro representam um acréscimo de responsabilidade, para darmos o nosso melhor nas várias frentes de cumprimento da missão universitária».
Segundo Pedro Saraiva, a aposta da UC na internacionalização, com a captação de estudantes estrangeiros, na produção científica, na aproximação ao tecido económico e na adaptação ao Processo de Bolonha são factores que contribuem para a boa classificação da instituição.

Ensino Superior: FAP questiona dotações orçamentais para 2008

22-11-2007 , Diário Digital

A Federação Académica do Porto (FAP) criticou hoje as dotações orçamentais destinadas ao ensino superior que constam da proposta de OE/2008, frisando que não reflectem a prioridade que o governo atribuiu à formação.
«Apesar do governo estabelecer a aposta na formação como um objectivo a atingir, as dotações orçamentais destinadas ao ensino superior para 2008 continuam a não reflectir esta prioridade», refere uma carta-aberta dirigira ao ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago.
A carta, assinada pelo presidente da FAP, Pedro Barrias, salienta ainda que a dotação orçamental prevista para 2008 «não favorece o crescimento do ensino superior nem estimula o mérito e a boa gestão».
No caso concreto da Universidade do Porto, a FAP considera que o aumento absoluto de 0,89 por cento na dotação orçamental é um «dado falacioso», já que «não compensa» o aumento das despesas que a universidade terá de suportar em 2008.
«É falso que as dotações orçamentais da Universidade do Porto tenham aumentado«, salienta a federação académica, recordando que a universidade, nos últimos três anos, deveria ter recebido mais 19 milhões de euros do que a verba que efectivamente lhe foi atribuída pelo Estado.
A FAP manifesta o seu apoio aos »princípios« que têm orientado a reforma do ensino superior lançada por Mariano Gago, mas alerta que »esses princípios têm que ser apoiados na boa gestão das instituições e no reforço financeiro necessário ao seu desenvolvimento.

Alunos encerram escola das Caldas da Rainha em protesto contra más condições de edifícios

21.11.2007 - Jornal Público

A degradação dos edifícios da escola 2,3 D. João II das Caldas da Rainha, onde chove dentro das salas de aula, levou hoje os alunos a efectuarem um protesto encerrando o estabelecimento com cadeados.As fortes chuvas obrigaram, há dois dias, ao encerramento do refeitório da escola e levaram a direcção a chamar os bombeiros para ajudarem no escoamento da água acumulada no recinto exterior do estabelecimento. Um dos alunos da escola, Cristiano Miguel, contou hoje que já teve que "mudar de sala de aula devido à chuva" acrescentando que "os candeeiros caem com o peso da água e os tectos estão frágeis podendo ruir". O aluno, que frequenta o 9º ano, disse ainda que o pavilhão polivalente está "cheio de água". Os responsáveis da escola, que desde 1999 alertam a Direcção Regional de Educação de Lisboa para a necessidade de obras, informaram que falta apenas o visto do Tribunal de Contas para o início dos trabalhos. Gil Pacheco, presidente do conselho executivo adiantou que já existe projecto, orçado em 3,5 milhões de contos, e que a obra vai ser realizada por fases. Os 900 alunos da escola, devido ao protesto, ainda não tiveram aulas hoje.

Professores recorrerão ao Parlamento se primeiro-ministro não agendar reunião urgente

21.11.2007 - Jornal Público

A Plataforma Sindical dos Professores, que reúne todas as estruturas representativas da classe, anunciou hoje que vai recorrer à Assembleia da República se, até final do mês, não for agendada uma reunião urgente com o primeiro-ministro, José Sócrates, já solicitada no mês passado.Em conferência de imprensa organizada pela plataforma, a Federação Nacional do Ensino e Investigação (FENEI) disse que foi pedida em Outubro uma reunião ao primeiro-ministro e que a única coisa que obtiveram, na passada sexta-feira, foi um encontro com o assessor para os assuntos sociais e trabalho.Para os sindicalistas, esta situação "revela uma menorização de tratamento em relação a estes dirigentes", mas manifestaram-se ainda na disposição de aguardar a marcação da reunião pretendida, até ao final do corrente mês, dada a natureza política e a gravidade das situações denunciadas na carta aberta."As organizações sindicais estão na disposição de agendar a marcação da reunião pretendida até final do mês de Novembro. Na ausência de resposta, recorreremos a outros órgãos de soberania, nomeadamente a Assembleia da República, para analisar as consequências futuras do incumprimento da lei da República", referiu também a FENEI, sublinhando que os professores estão "na disposição de tudo fazer para que a democracia seja cumprida".
Reunião pedida após incidente na Covilhã
A decisão de pedir uma reunião urgente ao primeiro-ministro surgiu na sequência de uma situação ocorrida no início do mês passado na Covilhã, quando dois polícias à civil foram às instalações do Sindicato dos Professores da Região Centro para obter informações sobre um protesto marcado para o dia da visita de José Sócrates à cidade.Além deste incidente, a carta aberta entregue a 16 de Outubro ao primeiro-ministro, solicitando a reunião urgente, relata outras situações consideradas de "enorme gravidade", que põem "em causa os direitos, liberdades e garantias" dos docentes, disse Mário Nogueira, dirigente da Federação Nacional de Professores (Fenprof).A este propósito, aquele responsável referiu a "sistemática tentativa de identificação de professores à porta do Ministério da Educação, a última das quais durante a entrega de um abaixo-assinado, para a qual havia uma reunião marcada, por ter sido considerada uma manifestação não autorizada".Outros pontos abordados na conferência de imprensa de hoje foram o Estatuto da Carreira Docente e o consequente Dia Nacional de Luto instituído pelos professores, bem como a greve da Administração Pública marcada para o próximo dia 30.

“Não há professores no concurso para colocar no quadro de Educação Especial”

2007-11-21, Educare.pt

O secretário de Estado da Educação negou hoje existirem professores desempregados com formação para apoiar crianças deficientes, razão pela qual estão a ser recrutados docentes sem experiência em Educação Especial.

No início do mês, a Federação Nacional dos Professores (FENPROF) acusou a tutela de colocar 140 docentes com horário-zero e sem formação específica no apoio a crianças com necessidades educativas especiais para não ter de contratar professores especializados que estão no desemprego. Confrontado pelos jornalistas no final da Comissão Parlamentar de Educação, onde hoje a equipa ministerial foi ouvida a pedido do PCP, o secretário de Estado, Valter Lemos, garantiu que "não há nenhuma opção [da tutela] de não querer contratar professores de Educação Especial"."Já não há professores no concurso para colocar no quadro de Educação Especial, além de sete que concorreram para escolas onde não havia necessidade. Como não há, o que estamos a fazer é ir buscar professores sem funções lectivas para dar o apoio", explicou Valter Lemos, adiantando que tal "sempre se fez". Admitindo que, já esta semana, serão colocados mais 35 professores sem formação especializada no apoio a crianças deficientes, o responsável ressalvou, contudo, que todos os docentes nesta situação são devidamente "enquadrados" por um colega de Educação Especial, que garantiu existir em todos os agrupamentos de escolas."Sempre que for detectada uma criança [com necessidades educativas especiais] sem apoio, destacaremos todos os meios disponíveis para garantir que ela tem apoio. Se o sindicato diz que existe uma ilegalidade, então que a participe, mas eu não tenho conhecimento de que esteja a ser praticada qualquer ilegalidade", afirmou. A Educação Especial foi um dos principais temas debatidos hoje na Comissão de Educação da Assembleia da República, com o PCP a acusar o Governo de reduzir o número de professores nesta área, deixando muitos alunos deficientes sem qualquer apoio. Na resposta, o secretário de Estado disse haver 4975 docentes exclusivamente colocados na Educação Especial, garantindo, além disso, ter duplicado o número de terapeutas e técnicos especializados nas escolas. Valter Lemos afirmou ainda que foi definido pelo Ministério um conjunto de estabelecimentos de ensino de referência nas diferentes áreas da Educação Especial (problemas cognitivos, deficiências motoras, perturbações da personalidade ou da conduta ou multideficiência), para onde deverão ser encaminhadas as crianças.No Parlamento, os deputados comunistas confrontaram ainda os secretários de Estado e a ministra com os dados divulgados terça-feira pelo Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC), que denunciou a falta de "centenas de auxiliares da acção educativa especial" nas escolas e agrupamentos da região para acompanhar as crianças com necessidades especiais. O sindicato, afecto à FENPROF, garantiu existirem escolas a funcionar com um número insuficiente de auxiliares devido a uma "política de cortes sistemáticos nos recursos" e acusou a tutela de substituir estes profissionais por "tarefeiros sem vínculo" e "pagos miseravelmente". Confrontado com estas acusações, o secretário de Estado da Educação afirmou que "o Ministério não reconhece idoneidade ao SPRC", considerando "lamentável" que aquele sindicato "faça jogo político" com as crianças deficientes, em vez de comunicar de imediato os casos de que tem conhecimento" à tutela.

Formação ajuda a criar mais riqueza

21 de Novembro de 2007, Jorna de Notícias

A educação é fundamental para o aumento da riqueza do país e para o desenvolvimento social e cultural da humanidade, sublinharam vários especialistas durante a conferência internacional sobre sucesso e insucesso escolar, que decorre na Fundação Gulbenkian, em Lisboa. "Educação é um investimento para produzir capital humano, essencial para aumentar a produtividade e as capacidades económicas do país", disse Anna Vignolles, da Escola Londrina de Economia e Ciências políticas, durante o encontro, seguido por vídeo-conferência pela Lusa. Apesar do investimento na educação ser "de grandes custos", Anna Vignolles referiu que a "educação traz benefícios para o pais e para os indivíduos ao aumentar, para além da produtividade, os salários" que "devem reflectir os níveis de produtividade dos indivíduos". No entanto, Anna Vignoles chamou a atenção para a necessidade de haver um "aumento do capital de forma organizada", para evitar o sobre-emprego, que é, segundo a investigadora, actualmente visível, sobretudo, nas "profissões artísticas". Segundo Manuel Villaverde Cabral, investigador e coordenador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, é "este défice de capital humano que explica a extrema dificuldade com que a economia (portuguesa) está a enfrentar os desafios da competitividade à escala global".

Ensino do espanhol para abrir horizontes

2007-11-19, Educare.pt

A Escola Secundária João Gonçalves Zarco de Matosinhos prepara alunos de alto rendimento para o acesso ao Ensino Superior português e espanhol.

É um projecto inovador no país. A Secundária João Gonçalves Zarco de Matosinhos apalpou o pulso à realidade e decidiu investir numa preparação orientada para aumentar as alternativas no acesso ao Ensino Superior. E como o número de estudantes portugueses que se candidatam a universidades espanholas não pára de aumentar, a escola resolveu dar uma resposta nesta área. E assim nasceu o Pós... Zarco que oferece um percurso escolar a partir do 9.º ano para os alunos que sigam o curso de Ciências e Tecnologias, o que lhes permitirá obter ao longo de três anos - 10.º, 11.º e 12.º anos - uma preparação paralela, de modo que no final do 12.º ano possam candidatar-se a universidades portuguesas e/ou espanholas, seja através do acesso directo, seja através da realização das "pruebas de selectividad" - o exame de ingresso ao Ensino Superior em Espanha. Desta forma, os alunos conseguirão enfrentar de cabeça erguida as provas que se impõem no acesso ao Ensino Superior. A ideia começou a ganhar forma há quatro anos, com um exaustivo trabalho de planificação. No ano lectivo 2005/2006, o projecto arrancou com 25 alunos. Neste momento, com as três turmas em funcionamento, 70 estudantes frequentam gratuitamente estas aulas complementares com o futuro profissional no seu horizonte. A coordenadora do projecto, Rute Campos, explica como o Pós... Zarco aparece no contexto actual. "A ideia surge para ajudarmos e darmos resposta às necessidades dos bons alunos que também existem. O ensino vigente apoia sobretudo os alunos com mais dificuldades ao nível da aprendizagem e os que têm sucesso escolar por vezes ficam um pouco esquecidos", adianta. O projecto nasce então para munir de competências os estudantes interessados em fazer face às provas que a transição para o Ensino Superior exige. "Pretendemos ajudar os alunos a terem mais alternativas e perspectivas de futuro", especifica. "Os custos psicológicos e sociais das 'décimas de diferença' confrontam muitas vezes os jovens com o caótico de terem que gerir sensações de fracasso, de frustração, ou de considerarem insucesso terem uma nota de candidatura de 18 valores! O certo é que não conseguiram ingressar no curso que sonham e, muitas das vezes, optam por percursos alternativos, indutores de uma grande desmotivação. É uma realidade impressionante", acrescenta a responsável. Alargar o leque de competências científicas do perfil de formação dos alunos, para os tornar mais capazes de poderem confrontar-se com outras ofertas, quer de âmbito nacional ou internacional, é portanto uma das tarefas. Nos três anos de preparação, ensina-se a língua espanhola. A escola prepara assim para as "pruebas de selectividad" para cada uma das provas que os estudantes têm de realizar para o acesso às universidades espanholas - caso os alunos optem agora por este processo. Ao currículo previsto, é acrescido o Espanhol no 10.º ano, a aprendizagem da mesma língua orientada para a análise e comentário de texto no 11.º e, no último ano lectivo, 12.º ano, foi integrada a disciplina de preparação para a realização dos exames de ingresso a Espanha. O projecto não é estanque e, por isso, houve reajustes a fazer devido à mudança da lei espanhola que, desde o ano passado, permite que os candidatos optem pelo acesso directo. Perante esta nova realidade, a planificação prevista para o 12.º ano foi assim alterada, a fim de se adequar e dar resposta às novas possibilidades oferecidas na candidatura às universidades espanholas. A decisão foi tomada depois de auscultadas as opiniões dos alunos e encarregados de educação envolvidos no projecto Pós... Zarco. Para que não haja dúvidas. "O projecto não é apenas para os alunos que estão interessados em candidatar-se a Medicina. É vocacionado para os alunos que a partir do 9.º ano ingressem no Curso de Ciências e Tecnologias", sublinha Rute Campos. Os dois blocos semanais de 90 minutos do projecto são inseridos no horário dos estudantes. "O acréscimo da componente lectiva é encaixada nos horários". Há também esse cuidado. No final do 12.º ano, os alunos recebem um certificado de frequência da língua espanhola validado pela Consejería de Educación da Embaixada de Espanha em Portugal. A preferência é dada aos alunos que já frequentam a secundária de Matosinhos, mas tem havido procura de estudantes de outros estabelecimentos de ensino. Antes da preparação arrancar, os encarregados de educação dos alunos assinam um protocolo de colaboração, onde aceitam as cláusulas do projecto. O Pós... Zarco não fica apenas dentro da sala de aulas. Há intercâmbios de alunos e professores entre a secundária de Matosinhos e outras secundárias espanholas de Santiago de Compostela. Visitas que se enquadram nos objectivos do Pós... Zarco. "Há intercâmbios todos os anos. É uma excelente oportunidade para os alunos praticarem o espanhol, estarem num novo contexto escolar e cultural e é uma mais-valia porque se evolui imenso em termos de aprendizagem da língua". Um projecto pioneiro com resultados à vista. "Tem sido um grande desafio. Muito trabalhoso, mas em simultâneo tenho agarrado a oportunidade de viver uma experiência muito enriquecedora e extremamente gratificante, pois quando ouço os alunos e várias pessoas dizerem que este projecto é uma mais-valia no que respeita à preparação dada ao aluno para a sua vida futura, assim como a possibilidade oferecida relativamente ao alargamento no leque de alternativas para o acesso ao Ensino Superior, sinto que posso estar a ajudar e a contribuir para a concretização dos sonhos de alguns alunos", conclui Rute Campos.

Nenhuma instituição em dificuldades vai fechar

21 de Novembro de 2007, O Primeiro de Janeiro

Mariano Gago assegura que todas as instituições de ensino superior com dificuldades financeiras terão o funcionamento assegurado e acompanhamento para resolver os problemas. O orçamento prevê 10 milhões de euros para contratos de saneamento.
No final da comissão parlamentar conjunta das Finanças e Educação, Mariano Gago garantiu que todas as instituições em situação de asfixia financeira “estão a ter acompanhamento directo” do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) e do Ministério das Finanças para as ajudar a resolver os problemas. Estas instituições terão o funcionamento assegurado, através de verbas que serão transferidas pelo MCTES ou pelo Ministério das Finanças, o que “não invalida o controlo das instituições que não estão a cumprir o acordado e que já estão a receber de acima do estipulado”, sublinha o ministro.Questionado sobre quais as universidades em pior situação – e na sequência de declarações do presidente do Conselho de Reitores (CRUP) segundo as quais quatro estão em colapso financeiro –, Mariano Gago escusou-se especificar. Adiantou apenas tratarem-se de “muito poucas e de pequena dimensão nacional”. Este foi, aliás, o tema dominante durante o debate na comissão parlamentar, na qual o deputado social-democrata Pedro Duarte começou logo por invocar uma reunião com o CRUP, que classificou de “muito preocupante” e durante a qual “a expressão mais ouvida foi a de estrangulamento das instituições de ensino superior”. Lamentou ainda que todas estas dificuldades das instituições de ensino superior sejam “algo recorrente” de ano para ano.

Estimulação precoce dos pais determina sucesso na escola

20 de Novembro de 2007, Jornal de Notícias

Quanto mais cedo a criança for estimulada pelos pais e pela escola a aprender, mais fácil será garantir, nos anos seguintes, a sua formação plena com sucesso. Foi esta uma das principais teses, avançada ontem na conferência internacional "Sucesso e Insucesso", a decorrer, até ao final da tarde de hoje, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.Abordando a contribuição das neurociências para a compreensão da natureza da aprendizagem, o director do Instituto de Ciências da Saúde, Alexandre Castro Caldas, demonstrou como as potencialidades cerebrais de cada pessoa devem ser desenvolvidas logo na primeira fase da vida, se possível, nos primeiros três anos de existência.A importância do desenvolvimento educativo precoce e da frequência do pré-escolar foi igualmente destacada pelo presidente da Gulbenkian, Emílio Rui Vilar, que anunciou o lançamento, no próximo ano, de um programa de combate ao insucesso e ao abandono escolares. "Este programa, que tem a duração prevista de seis anos de execução e que deverá integrar avaliação externa, será dedicado aos níveis de escolaridade não superior e desenvolver-se-á através do apoio à execução de projectos educativos replicáveis, à realização de estudos e à organização de seminários, workshops e outras reuniões nacionais e internacionais", disse Rui Vilar na abertura da conferência.Já a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, destacou a necessidade de "uma crescente articulação entre políticas de educação e políticas sociais de apoio às famílias" no combate ao insucesso e abandono. Baseando-se nos modelos de análise de sociólogos, a governante destacou o facto de as desigualdades escolares serem espelho de desigualdades sociais e económicas, em que o estatuto social, económico cultural dos pais pesa decisivamente nos resultados escolares."São países, como é o caso de Portugal, em que a origem social e os recursos económicos e familiares condicionam mais fortemente os resultados e o sucesso escolares, com as consequentes maiores dificuldades dos sistemas de ensino no cumprimento da sua missão", sustentou.No estudo que apresentou, Madalena Mendes de Matos abordou os novos modelos de insucesso associados às novas condições da vida nas áreas metropolitanas, aos bairros dormitório, à degradação da qualidade de vida nos subúrbios e às novas culturas juvenis. Os exemplos que referiu serviram para relacionar os contextos territoriais de inserção da escola e a sua capacidade de organização para responder às necessidades educativas. O que se verifica é que estes factores variam consideravelmente no território nacional.Em Portugal, o insucesso permanece elevado. Rui Vilar apresentou números 64,7% da população entre os 25 e os 34 anos não concluiu o Secundário (na União Europeia, o valor médio é de 25,1%), a taxa de retenção no Básico, em 2004/05, foi de 11,8% e , no terceiro ciclo do mesmo nível, foi de 19,7%.
Do cérebro ao sucesso
No século XXI parece inevitável a construção de uma ponte entre a educação e a neurociência cognitiva. Quem o diz é Isabel Hub Faria especialista em psicolinguística, professora catedrática de linguística na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. No entanto, considera que essa relação não pode nem deve ter aplicação directa no ensino, mas permite encontrar novos mecanismos que promovam o sucesso e a produtividade. Desde a perspectiva da linguagem, sustenta Isabel Hub Faria, é possível perceber que cada pessoa em exposição às práticas comunitárias em que vive, é capaz de extrair das suas experiências parâmetros reguladores para o desenvolvimento da sua produção e compreensão. A relação entre neurociências e educação é também a área de investigação de Sarah Blakemore. O desenvolvimento cerebral na adolescência, com as alterações neurológicas provocadas pelo crescimento da criança, traz ao ser humano um aperfeiçoamento de uma certa quantidade de habilidades cognitivas fundamentais. Planear, tomar decisões, compreender as outras pessoas são algumas delas. Sarah Blakemore é investigadora na Royal Society University, no Reino Unido.

Asteróide próximo da Terra expele meteoritos

20.11.07, Diário de Notícias

Meteoritos que caem na Terra são expelidos por um asteróideTrês meteoritos que cruzaram os céus de Espanha e Finlândia no Verão de 2006 permitiram aos cientistas localizar, pela primeira vez, a existência de pelo menos um asteróide próximo da Terra que expulsa fragmentos dos meteoritos , arrastando-os até ao nosso planeta.Embora os peritos já dessem por adquirido que alguns dos denominados objectos próximos da Terra (NEO na sigla inglesa) eram produtores de meteoritos, ainda não se havia localizado nenhum. Agora, graças ao avistamento de três brilhantes meteoritos, os investigadores determinaram, sem margem para dúvidas, que dois deles provêm do asteróide 2002NY40, enquanto o terceiro poderia vir do 2004NL8, noticiou ontem o jornal El Mundo.O espanhol Josep Maria Trigo, do Instituto de Ciências do Espaço e do Instituto de Ciências Espaciais da Catalunha, dirigiu o grupo internacional de investigadores que conseguiu determinar a órbita no sistema solar dos meteoritos, cujas trajectórias ao sobrevoar a atmosfera terrestre foram registados a partir de várias estações de observação.Para determinar se um meteorito que atinge o nosso planeta provém de um objecto conhecido "compara-se a sua órbita no sistema solar com a de milhares de asteróides", explica aquele investigador. Se se encontrar alguma coincidência, como neste caso, os investigadores ainda tentam outra forma de confirmação, calculando as trajectórias passadas tanto dos asteróides como dos seus fragmentos para ver se se mantém a coincidência das órbitas.Os resultados indicam que o asteróide 2002NY40 percorreu um caminho semelhante ao dos fragmentos que caíram na Terra durante dezenas de milhar de anos, o que revela uma proveniência comum. Por outro lado, o estudo das imagens dos meteoritos também corrobora esta conclusão, uma vez que a composição química dos meteoritos é igual à do NEO do qual se separaram.Os dois asteróides produtores de meteoritos têm órbitas próximas da Terra e de Marte e são pilhas de escombros espaciais, parecidos na sua débil constituição, ao cometa Itokawa, que a sonda japonesa Hayabusca acaba de estudar em detalhe. "São asteróides com uma fraca coesão", diz Josep Maria Trigo.O cenário mais provável é que ambos se tenham partido em milhares de pedaços ao passar junto a um destes planetas, devido às forças gravitacionais. Três desses fragmentos caíram na Terra com poucos dias de diferença, provocando um grande brilho e luminosidade no céu, o que chamou a atenção dos cientistas. A descoberta foi fruto de uma colaboração internacional entre a Rede Espanhola de Investigação sobre Bólides e Meteoritos, a Rede Finlandesa de Bólides e a Queen Mary University of London, onde se realizou o estudo sobre a evolução das órbitas ao longos dos últimos cem mil anos.Na parte espanhola também participou o Instituto de Astrofísica da Andaluzia, que registou o meteorito associado ao asteróide 2002NY40 a 31 de Agosto do ano passado, quando sobrevoava a localidade de Cortes de La Frontera, situada na região de Málaga.A imagem da queda daquele meteorito foi registada, assemelhando-se a um traço de luz diagonal e acabou por fazer toda a diferença no estudo dos asteróides que cercam o planeta Terra.

Batota na Educação

Já não é a primeira vez que os professores são forçados a melhorar as notas dos alunos para as estatísticas do ensino terem um ar mais agradável. A novidade é as pressões começarem tão cedo, logo nos primeiros meses do ano lectivo.
Costuma dizer-se que o sucesso só vem antes do trabalho no dicionário, mas pelos vistos nas cabeças iluminadas dos (ir)responsáveis pelo sistema de ensino público português também é possível alcançar êxito sem ter o mínimo de mérito. É urgente melhorar os níveis de qualificação e ter um melhor ensino para o País ter uma economia mais competitiva e mais produtiva.Mas em vez de melhorar o nível do ensino, as escolas parecem só estar preocupadas com as estatísticas. Se a maior parte dos alunos não sabe, o melhor é disfarçar e dar positiva. Obviamente os alunos medianos passam a ter notas excelentes. Como é possível que estes alunos mal educados no facilitismo, na falta de rigor, sem qualquer espírito de sacrifício, tenham depois bons resultados no mundo real de uma economia globalizada. Por este caminho ainda vamos invejar o sistema escolar de Marrocos. Não é com embustes que Portugal pode atingir o nível de vida dos países mais ricos da Europa: é com inovação, trabalho e excelência e isso é impossível obter se esses requisitos não forem ensinados e exigidos na escola. Conheço alguns professores excelentes e dedicados. Certamente haverá milhares deles. Eles também são vítimas deste sistema iníquo.

Avaliação: Inspecções provocam mal-estar. Pressão para não chumbar

20 de Novembro de 2007, Correio da Manhã

Os professores dos 2.º e 3.º ciclos do ensino de algumas escolas estão a ser pressionados pelos conselhos executivos, no sentido de evitarem ao máximo as negativas (notas inferiores a três), já no primeiro período lectivo.
A pressão dos conselhos executivos começou a sentir-se no início deste mês, em consequência das inspecções que vão ter lugar até ao final do ano, a propósito da avaliação das escolas.Como a concessão ou não do contrato de autonomia depende do resultado da avaliação, os conselhos executivos estão a organizar várias iniciativas, como reuniões gerais, com o objectivo de causar impressão positiva aos inspectores.Como está instituído que um dos critérios que mais peso terá na avaliação das escolas é o índice de aproveitamento escolar dos alunos, os conselhos executivos estão a canalizar todas as suas recomendações no sentido de que as negativas sejam evitadas ao máximo.No entanto, o Sindicato dos Professores do Norte está convicto de que a pressão para evitar negativas no Natal radica numa estratégio do Ministério da Educação que contribua para melhorar as estatísticas nacionais do aproveitamento escolar junto da União Europeia.Para Lurdes Salgueiro, do Sindicato dos Professores do Norte, “a pressão sobre os professores para que os meninos passem todos já vem de há alguns meses a esta parte, mas tem vindo, de facto, a intensificar-se e estas inspecções de avaliação estão, sem dúvida, a adensar o mau ambiente que, genericamente, se vive nas escolas”.“O famoso ranking das escolas vai deixar de ser feito segundo as notas finais dos alunos, mas segundo os resultados dessas inspecções. No entanto, sabe-se que o Ministério valorizará sempre mais as escolas que apresentarem melhores resultados”.Consequência imediata destas inspecções, as escolas apressaram-se a actualizar o chamado projecto curricular de escola e a alertar o corpo docente para a importância de estudar “a fundo” esse documento. É que, pelo que constou, no diálogo com os professores, os inspectores começam precisamente por perguntar se o docente conhece o projecto curricular de escola. Este aspecto terá levado alguns conselhos executivos a promover sessões de esclarecimento sobre esses projectos.Saber o que tem feito o docente no âmbito da recuperação dos alunos, é outra das questões tidas por obrigatórias e que, segundo o Sindicato, acaba por resultar em “pressão sobre os professores”.Ao que apurámos, estas inspecções vão, até ao final do corrente ano lectivo, passar a pente fino 276 das cerca de 1180 unidades de gestão escolar existentes em Portugal. O Sindicato dos Professores do Norte diz que “isso é uma tarefa quase impossível de concretizar”.
"NÃO PODEMOS OBRIGÁ-LOS"
“Se os alunos não estudam, se não querem saber, como é que nós os recuperamos? Nós não podemos obrigá-los a estudar e a interessar-se pela escola”, disse ao Correio da Manhã Maria Manuela (nome fictício), professora numa EB 2,3 do distrito de Coimbra. Revoltada com “o rumo que a Educação está a levar em Portugal”, esta docente, com quase 30 anos de serviço, assegura que “nunca foi tão difícil ensinar e nunca se ensinou tão pouco”.Convidada a esclarecer, referiu que “antes o professor preocupava-se essencialmente em ensinar e tinha os alunos no centro dos seus objectivos; hoje um professor tem, sobretudo, de fazer relatórios, de elaborar e estudar projectos, enfim, quase tudo menos dar aulas”. Diz a docente que a situação é “insustentável”.
"NINGUÉM É PRESSIONADO"
O Inspector Geral de Educação, José Maria Azevedo, diz que “é desajustada a ideia de que as avaliações externas possam induzir qualquer falso sucesso”. Em declarações ao CM, o chefe dos inspectores disse que “estas avaliações até são feitas a pedido das próprias escolas, já que tiveram por base uma candidatura.”“Não faria sentido estarem agora a usar procedimentos administrativos que distorcessem a realidade”, acrescentou. Para além disso, José Maria Azevedo sublinhou que as notas do primeiro período não terão qualquer peso na avaliação das escolas. “A progressão dos alunos é um dos pontos, não o único nem o mais importante. Mas isto tem a ver com as notas dos últimos anos e a evolução que se tem verificado e não propriamente as notas do Natal”, esclareceu José Azevedo, referindo que “se estas avaliações levarem a que os docentes se inteirem do projecto educativo e que as escolas se preparem para a avaliação, é positivo”.De resto, avisa que “as escolas portuguesas continuam a ter elevadíssimas taxas de retenção”.
DADOS EM DESTAQUE 1180 ESCOLAS
Das 1180 unidades de gestão escolar existentes em Portugal, a Inspecção Externa vai passar a pente fino 276, ou seja, cerca de 20 por cento. Segundo a Inspecção Geral, são todas as que se candidataram este ano.
MUITAS RETENÇÕES
Apesar de garantir que não existem quaisquer pressões e que as avaliações externas não querem induzir falso sucesso, o Inspector Geral de Educação diz que “as escolas portuguesas continuam a ter elevadíssimas taxas de retenção”.
EFEITO POSITIVO
O Inspector Geral de Educação diz que é “natural e humano” que as escolas se preparem para a avaliação externa. E revela que até considera “extremamente positivo” que esta situação leve um maior número de docentes a lerem com a atenção devida o projecto curricular da escola.

Aprender línguas na pré-escola

19 de Novembro de 2007, Jornal de Notícias

A ida para o jardim-de-infância já não se resume à pintura de desenhos, a histórias contadas ou jogos didácticos. Agora, a partir dos 3 anos, a criança tem uma nova actividade aprender palavras ou frases "simples" em quatro línguas em simultâneo, através do método multilinguístico, do investigador Alberto de Sousa. "As mais recentes investigações científicas no campo da linguística têm mostrado que quanto mais precoce for a aprendizagem de uma língua, melhor será o seu domínio e que é mais fácil aprender várias línguas em simultâneo que sequencialmente", explicou Edgard Fortes, presidente da Fundação Adolfo Vieira de Brito, em Lisboa, a pioneira, desde Outubro, na implementação do método multilinguístico, que é "ainda uma experiência psico-pedagógica", criado pelo investigador Alberto de Sousa."Inicialmente desenvolvemos a técnica fonogestual, que é relacionar um gesto a uma imagem e dizer essa palavra em quatro línguas, e depois de acção gestual e ideia gestual, que é através de cartões", explicou a educadora de infância da Fundação, Catarina Alves.O método de multilinguismo é implementado em pequenas sessões de cinco a dez minutos, duas a três vezes por semana, onde as educadoras, para além do jogo de gestos e cartões, promovem dramatizações, utilizando simultaneamente software interactivo, que ajuda na apreensão da forma correcta de pronunciação das palavras. Actualmente, o método, em Portugal, está a ser aplicado somente na Fundação Adolfo Vieira de Brito, apenas às turmas de quatro e cinco anos, o que equivale a 44 crianças.

Subsídios para todos os alunos

17 de Novembro de 2007, Jornal de Notícias

Todos os alunos dos cursos profissionais do Ensino Secundário público e privado vão beneficiar, a partir de Janeiro, de subsídios de alimentação e transporte, estando a ser estudada a atribuição de um apoio durante os estágios curriculares. A novidade foi dada, ontem, pela ministra da Educação, à saída da comissão parlamentar de Orçamento e Finanças, onde foi discutida a dotação orçamental do sector. "Até ao final do mês vão ser conhecidos os regulamentos e a nossa expectativa é que os alunos possam beneficiar desses apoios já a partir de Janeiro", adiantou Maria de Lurdes Rodrigues, citada pela Lusa.Num debate muito morno, a Oposição acusou o Governo de desinvestir na Educação. "Este Orçamento não reflecte em nada as campanhas de propaganda do Governo, que insistem em mostrar-nos um país que não existe", criticou o deputado do PCP Miguel Tiago. Uma opinião partilhada pela deputada do BE Ana Drago, que acusou o PS de "anunciar uma segunda lua-de-mel com a Educação", apesar de "o investimento ser zero".Maria de Lurdes Rodrigues garantiu que se trata de um "orçamento de controlo da despesa pública, na continuação dos anteriores, mas sem prejuízo dos investimentos prioritários".O programa e-escolas, que prevê a atribuição de computadores portáteis com Internet a professores e alunos, foi outro tema em debate, com a Oposição a questionar a ministra porque razão não estão contemplados os estabelecimentos privados, conforme o JN noticiou.Maria de Lurdes Rodrigues explicou que esses estabelecimentos de ensino não estão abrangidos por "dificuldades técnicas" relacionadas com a inexistência de uma base de dados com informação sobre as escolas privadas. E garantiu que, numa segunda fase, todos vão beneficiar do programa, incluindo os docentes contratados.

Mais mudanças no Estatuto da Carreira Docente

2007/11/16 , Portugal Diário


O ministro do Ensino Superior anunciou que o acesso ao topo de carreira exclusivo a quem esteja dentro das instituições e a figura do assistente vão desaparecer do Estatuto da Carreira Docente, cuja revisão arranca no próximo ano, informa a agência Lusa.
Na comissão parlamentar conjunta das Finanças e da Educação, o deputado social-democrata Pedro Duarte interpelou Mariano Gago sobre para quando estava prevista a revisão do Estatuto da Carreira Docente (ECD) do Ensino Superior «há muito prometida».
Em resposta, o ministro da tutela afirmou estar «em condições de proceder à revisão» e adiantou que «o objectivo não é fazer um novo estatuto, mas uma revisão, corrigindo anomalias hoje vistas como consensuais».
No final do debate, em declarações à Lusa, Mariano Gago sublinhou que o actual estatuto «no essencial é bom», mas contém alguns pontos que devem ser alterados por já estarem desactualizados.
«O actual Estatuto da Carreira Docente é muito restritivo da entrada de pessoas que fazem carreira fora de Portugal, permitindo o concurso ao topo de carreira [apenas] a quem esteja dentro das instituições», afirmou.
Outro aspecto do actual regulamento com fim à vista é a figura do assistente para começar um processo para aceder ao topo: «O início faz-se enquanto assistente, primeiro, depois é o doutoramento e só depois Professor. Este Estatuto foi feito numa época em que não havia doutorados em Portugal. O razoável é que a categoria de assistente se torne residual».

Alunos vandalizam salas em apoio a funcionário

17 de Novembro de 2007, Jornal Notícias

Um grupo de alunos da Escola EB 2,3 Leonardo Coimbra (Filho), no Porto, vandalizou, ontem de manhã, algumas salas de aula, partindo vidros e virando mesas e cadeiras. Os incidentes ocorreram durante uma manifestação de apoio ao funcionário que, em Março passado, foi alvo de um processo disciplinar, depois de ter andado, dentro da escola, com um machado durante uma discussão. Pode, agora, ser demitido.O ambiente que se gerou, ontem, no interior daquele estabelecimento de ensino levou à presença da PSP e motivou a suspensão das aulas. A responsável pela Direcção Regional de Educação do Norte (DREN, Margarida Moreira, "desculpou", em declarações à Lusa, os incidentes com "o momento complexo" que se vive na escola.A manifestação, que começou a ser preparada, anteontem, via SMS, mereceu das autoridades uma atenção redobrada e, logo às 8 horas, já diversos agentes da PSP se encontravam no exteiror do estabelecimento de ensino.Não conseguiram, no entanto, evitar o pandemónio que se terá gerado no interior. Nas palavras de um aluno, "foi tudo pelos ares mesas, cadeiras e até caixotes do lixo. Depois partiram alguns vidros [cerca de uma dezena]". O grupo de alunos manifestou-se, depois, na rua, reclamando o regresso do funcionário. "Senhor Mário para sempre, de volta novamente", gritaram.Em declarações à agência Lusa, Margarida Moreira, responsável pela DREN confirmou o incidente e atribuiu-o ao momento "complexo" que a escola atravessa. "A visibilidade dada ao caso de um funcionário [afastado por actos violentos e entretanto regressado ao serviço] provocou alguma perturbação e a criação de facções. Mas foi tudo controlado", disse. A responsável da DREN referiu, ainda, que o Conselho Executivo em exercício reuniu, ontem, com responsáveis da Inspecção-Geral da Educação. "A escola não é palco para se tomar posições e nada do que possa ser feito alterará o desfecho do processo disciplinar", acrescentou.Também alguns pais desculparam o acto do funcionário. Margarida da Conceição, mãe de um aluno, indignou-se contra o que chama "um acto de injustiça" e argumenta "Fartou-se de humilhações e reagiu. Mas nunca quis fazer mal a ninguém. Não concordo com que os alunos fizeram hoje na escola, mas pela verdade vou até ao fim", afirmou."Ele passou meses a ser gozado. Colegas do funcionário, que está na escola há 18 anos, troçavam por ele não ter os dedos da mão direita", referiu Mimosa Brandão, mãe de três alunos.
Queixas e processos
Terão chegado à DREN diversas cartas queixando-se do comportamento do Conselho Executivo da EB 2,3 Leonardo Coimbra (Filho), em especial no que diz respeito à contratação de um funcionário para o polidesportivo da escola. "E haverá, no mínimo, mais cinco processo disciplinares, conexos com este processo e levantados ao mesmo tempo, mas de que nunca mais se falou", revelou, ao JN, fonte ligada ao processo. De acordo com a mesma fonte, existirá um abaixo-assinado a correr, entre professores e alunos, em defesa do auxiliar dos serviços gerais. "O único processo-crime que existe no Departamento de Investigação e Acção Penal tem o funcionário como participante", acrescentou a mesma fonte. O JN tentou, ontem, sem conseguir, contactar com o Conselho Executivo, que "caiu" na sequência deste caso. A escola e o agrupamento a que preside, que inclui escolas do Aleixo, Pasteleira e Condominhas, mantém-se, porém, em gestão corrente. Depois de amanhã, a Associação de Pais irá reunir-se, de manhã, com a responsável da DREN e ,ao fim da tarde, na escola, com o Conselho Executivo.

Ministra exclui professores do quadro de mobilidade

16 de Nov de 2007, Jornal Expresso


Lurdes Rodrigues garante: "a nossa palavra foi sempre a mesma: não há quadro de mobilidade para os professores". Mas acrescenta que o quadro de excedentários vai ser uma realidade para "os professores que não são professores".

Com um orçamento de seis mil milhões de euros para explicar aos deputados da Comissão de Educação, Maria de Lurdes Rodrigues aproveitou a discussão parlamentar na especialidade para um registo das melhorias introduzidas pela sua equipa no sistema educativo. Dando realce ao aumento de 10 mil alunos no sistema - graças sobretudo ao reforço dos cursos técnico profissionais - contornou o facto de o crescimento do Orçamento para a Educação ser praticamente zero para alegar que houve "ganhos na gestão".
A oposição não poupou nas críticas, como é habitual, e retomou o pedido de esclarecimento sobre a passagem de professores para o quadro de excedentários, alegando que o Ministério alterou a sua posição. No ano passado, a ministra garantira na mesma sede que não haveria quadro de mobilidade no seu Ministério. Mais tarde, dois mil professores incapacitados para a docência viram apontado esse caminho em propostas saídas do Gabinete da Cinco de Outubro. "A nossa palavra foi sempre a mesma", disse Maria de Lurdes Rodrigues.
"Entendemos que havia um espaço para a reconversão destes professores, que não são professores porque estão declaradamente incapacitados para a docência", disse a ministra, acrescentando que "nesta medida não há nenhum professor nos quadros de mobilidade, nem expectativa de lá os colocar".
O travão da ministra ao reforço dos quadros de excedentes da Administração Pública é mais um golpe nas pretensões do seu colega Teixeira dos Santos. O Ministério das Finanças quer baixar significativamente o numero de funcionários públicos ao abrigo do PRACE - nomeadamente através do recurso aos excedentes nos Ministérios mais pesados - e, com esta medida, reduzir o défice das contas públicas através de cortes nas despesas. A Educação ocupa o primeiro lugar na lista dos Ministérios com mais funcionários: 150 mil no total.
O reforço do ensino técnico profissional e a aposta nas novas tecnologias foram dois dos temas mais defendidos pela equipa da Educação que se apresentou completa no encontro com os deputados.
O secretário de Estado Valter Lemos aproveitou a ocasião para divulgar o facto de estarem "a ser distribuídos por dia 1.500 computadores" a professores e aluno, ao abrigo do programa apresentado no arranque do ano lectivo pelo próprio primeiro-ministro. "O mercado não tem capacidade de resposta para mais", concluiu o secretário de Estado.

Governo prepara alterações ao ensino de português no estrangeiro

16.11.2007 - Jornal PUBLICO.PT

O Governo está a preparar alterações no ensino de português no estrangeiro para adaptar a língua portuguesa às novas realidades e afirmar-se como uma das mais faladas no mundo.
“Está a ser preparada uma resolução do Conselho de Ministros para a criação de um grupo de trabalho técnico para repensar a estratégia do ensino de português no estrangeiro”, disse hoje o secretário de Estado da Educação, Jorge Pedreira, à Lusa.À margem de uma reunião com o vice-ministro da Educação de Timor-Leste, o secretário de Estado defendeu que essa mudança de estratégia é necessária para “promover o ensino do português como instrumento de afirmação de Portugal no mundo”.“É preciso fazer sair o ensino de português dos meios onde tem estado integrado – universidades e em algumas comunidades –, apostar na consolidação da certificação da aprendizagem do português e fazer valer o português como uma das línguas mais faladas no mundo. É a terceira língua ocidental mais falada no mundo”, afirmou.Lembrando que o ensino de português se resume a “leitorados, colocação de professores na Europa e algum apoio fora da Europa”, o secretário de Estado sublinhou que “já não estamos nos anos 70”.Jorge Pedreira defendeu ainda uma “estratégia comum no âmbito da CPLP” como mais uma via para dar visibilidade à língua portuguesa.Também hoje, o secretário de Estado das Comunidades, António Braga, lamentou as declarações do Presidente norte-americano, George Bush, que deu os gastos com o ensino do português nos EUA, propostos no Congresso pelos democratas, como exemplo de “projectos esbanjadores”.

O prazer da Matemática

16.11.07, Diário de Notícias

Qual o dom dos professores de Matemática japoneses para cativar os alunos? O que os diferencia dos outros, como os portugueses? Para responder a esta questão - quem nunca associou os asiáticos aos números, como se associa os europeus às letras? - , o DN falou com um especialista internacional na matéria, Tad Watanabe, e com Arsélio Martins, que, há dias, ganhou o Prémio Nacional do Professor.Nascido no Japão, Watanabe, que dá aulas na Universidade Estatal de Penn, nos EUA, tem escrito, precisamente, sobre esta matéria. Learning from Japanese Lesson Study ("Aprendendo com o Ensino Japonês"). Considera que, a haver segredo, algum segredo da parte dos mestres nipónicos, este reside na focalização das aulas num único problema matemático. Sem dispersões. Um de cada vez. Além disso, as soluções a que os jovens chegam nunca são desprezadas, ainda que redundem em erro, antes analisadas em público, de forma crítica e construtiva. Sem humilhações. Com o professor ao mesmo ao lado, acessível a todas as dúvidas.Dando de barato as características anímicas dos japoneses, que tanto passam pela obediência como pela criatividade e pelo respeito geracional, esta acessibilidade é a grande diferença. Ou, como diz Watanabe, a capacidade dos docentes de, conhecendo-os, antecipar o pensamento dos seus educandos. Por miúdos: o que estarão eles a pensar? Que resposta irão dar?Outra diferença fundamental residirá na qualidade dos manuais logo nos primeiros anos de escolaridade, que, no caso japonês, lembra Watanabe, são encarados como importante coadjuvante do ensino e não, como muitas vezes acontece, um obstáculo para os professores e uma "seca" para os alunos. Há um cuidado acrescido da parte de quem define os currículos de Matemática.Ah, é verdade, e as aulas são muitíssimo bem preparadas, com sumários detalhados. E ninguém faz caixinha. A observação de trabalho dos outros, da forma como ensinam, é prática corrente - ninguém a critica, antes elogia. Partilha-se. E observa-se, passarinhando pela sala de aulas, espreitando o trabalho dos alunos e a forma como chegam a determinado resultado.No fundo, sintetiza, é dar o papel central na escola aos professores.Por alguma razão, nos EUA, onde foi publicado o relatório oficial Before is Too Late ("Antes que seja Tarde de Mais"), a Comissão Nacional sobre o Ensino da Matemática e das Ciências, já apostaram nestas soluções, "copiando-se" o modelo japonês.
Razia em Portugal
E em Portugal? Em Portugal é conforme. À razia dos resultados negativos ou menos positivos, escapam alguns. Os que têm sorte de encontrar pela frente mestres na arte de ensinar, como, por exemplo, Arsélio Martins, professor na Escola Secundária José Estevão, em Aveiro. "Temos de 'ganhar' os estudantes para algo, a Matemática, que não é um fardo. Eu utilizo tudo o que estiver ao meu alcance, com recurso a exemplos práticos do quotidiano, da história e da tecnologia, coisas relacionadas com as suas próprias vidas. O prazer é uma questão fundamental. Não é o prazer prazenteiro, mas sim o prazer que se obtém da resolução de problemas", salientou ao DN.Resta esperar pelo próximo relatório sobre os conhecimento em Matemática à escala internacional (Trends in International Mathematics and Science Study). O relatório é elaborado de quatro em quatro anos, tendo já sido publicadas as edições de 1995, 1999, 2003. O TIMSS ("Tendências Internacionais no Estudo da Matemática e da Ciência") relativo a 2007 só será publicado no dia 9 de Dezembro de 2008.