Universidade do Porto pode juntar Ciências e Engenharia
7 de Fevereiro de 2008, Jornal de Notícias
A Universidade do Porto (UP) poderá ser reorganizada em cinco grandes escolas, uma das quais agregando a actual Faculdade de Engenharia e parte significativa da Faculdade de Ciências. O modelo está a motivar a oposição das Ciências, que falam de "OPA da Engenharia", e Alberto Amaral, ex-reitor da UP, escreveu um documento no qual lembra que "o poder absoluto" não reside no reitor e que a fundação está "a ser usada em benefício do reitor e da administração central"."A Assembleia Estatutária ainda não elaborou um documento-base. Há documentos de trabalho muito preliminares. Eu sou um elemento dos 21 que compõem a Assembleia. Esta discussão não devia vir para a praça pública", afirma Marques dos Santos, reitor da UP, em declarações ao JN. "Temos 14 faculdades e 72 unidades de investigação. Eu penso que é preciso reduzir este número, que não tem pés nem cabeça. É possível encontrar soluções que não significam fusão ou extinção, mas sim simples agregação", acrescenta.
Negociaçõe antigas
Segundo fontes fidedignas da academia, a Assembleia reuniu, há um mês, com os directores dos conselhos pedagógicos, científicos e directivos das faculdades da UP para debater a hipótese de fundação. "Duas ou três faculdades mostraram-se favoráveis à fundação e quatro ou cinco contra. Mas as faculdades não se substituem à Assembleia Estatutária", sublinha Marques dos Santos, desmentindo categoricamente que houve uma unanimidade de opiniões contrárias ao modelo fundacional.De acordo com António Fernando da Silva, presidente do Conselho Pedagógico da Faculdade de Ciências, já existiam negociações com a Faculdade de Engenharia da UP (FEUP) há cerca de um ano. Carlos Costa, director da FEUP e membro da Assembleia Estatutária, também se mostrou contrário à fundação na reunião realizada há um mês, aderindo posteriormente à ideia. Segundo outra fonte académica, ao director da FEUP terá sido apresentado um argumento que não se ligava directamente com a fundação - uma das unidades orgânicas agregaria Ciências Físicas e Engenharia. A criação desta unidade poderia levar a um eventual controlo por parte da Engenharia."Não queremos uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) por parte da Engenharia e vamos lançar uma contra-OPA", ironiza António Fernando Silva. O presidente do Conselho Pedagógico está a preparar um documento estratégico da Faculdade de Ciências que deverá submeter brevemente ao Científico.
Imitação
"Fala-se que o Conselho Científico da Faculdade de Engenharia discutiu quais os nacos da Faculdade de Ciências com que seria interessante ficar depois do seu esquartejamento. Fala-se de uma divisão do ICBAS (Abel Salazar). Será que a estratégia da FEUP continua a ser apenas procurar imitar o Técnico?", lê-se no documento de Alberto Amaral enviado, no final de Janeiro, a centenas de membros da academia."Não reconheço as críticas do professor Alberto Amaral. Ele está completamente equivocado porque não conhece as dezenas de documentos colocados no sistema Sigarra (intranet da UP) e a existência de um fórum desde Setembro aberto a toda a comunidade académica", contrapõe Marques dos Santos, que ontem falou telefonicamente com Alberto Amaral. A questão dos estatutos, em elaboração pela Assembleia Estatutária, não tem directamente a ver com a fundação. Marques dos Santos fala em documentos muito preliminares, mas vários membros da academia referem como muito provável a estruturação em cinco grandes escolas Ciências Físicas e Engenharia, Ciências da Saúde (Dentária, Desporto e Medicina), Ciências da Vida (Abel Salazar, Farmácia, Biologia e parte da Engenharia), Ciências Sociais (Direito, Economia, Psicologia), Humanidades e Artes. A autonomia das instituições passaria para este nível médio de agregações.
7.2.08
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Etiquetas:
Ensino Superior
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