No âmbito do Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa (LAQE), estrutura funcional do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, foi criado, em Março de 2007, o presente blogue onde são colocadas, notícias da imprensa da área da Avaliação Educativa. Esta recolha tem como principal finalidade avaliar o impacte, nos mass media, das questões de avaliação educativas.

Há mais de 100 licenciaturas públicas com menos de 20 alunos

5 de Fevereiro de 2008, Jornal de Notícias

No final do ano lectivo 2006/07, havia um total de 185 licenciaturas universitárias, 124 das quais do sector público, com um número de alunos que se situava entre 1 e 20. Mariano Gago tem como princípio, salvo excepções, não financiar licenciaturas com menos de 20 alunos e o seu ministério já enviou um ofício a algumas instituições em dificuldades a sugerir dispensa de docentes e fecho de cursos (ver notícia abaixo).O Processo de Bolonha começou a ser implementado precisamente em 2006, facto que explica o surgimento de 343 licenciaturas do 1.º Ciclo a nível universitário, 43 das quais com menos de 20 alunos (metade públicas) e 71 com menos de 34 alunos. A nível de preenchimento de vagas para o 1.º ano, destaca-se o facto de o Ensino Público preencher 109% das vagas e o privado apenas 61%.Os dados do Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais (GPEARI), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), revelam a confusão típica de uma fase de transição. Há 2400 cursos superiores, de vários graus de ensino (do extinto bacharelato ao doutoramento), sem qualquer inscrito. No entanto, será mais seguro afirmar que 1742 desses cursos, de todos os graus do politécnico ao universitário, é que estarão efectivamente vazios, uma vez que já tinham zero inscritos em 2005/06. Naquele universo de 2400, há ainda 431 cursos com 1 a 20 alunos, a maior partes dos quais é mestrados.Entre politécnico e universitário, Portugal dispõe de aproximadamente 3500 cursos de vários graus, já descontando os 1742 que já não tinham alunos em 2005/06. Contando todo o universo, há cerca de 5400 cursos de todos os graus, no público e no privado, representando 1427 designações distintas. Ou seja, a repetição do nome dos cursos, tanto dentro do mesmo grau como em diferentes graus de ensino, assume uma proporção desmesurada.Quando terminar a fase de transição de Bolonha (2009/10), a estatística tenderá a estabilizar, isto é, deverão desaparecer muitos dos cursos e respectivos alunos. Por outro lado, a pressão do MCTES é no sentido de fechar formalmente cursos. No final do ano passado e cingindo-nos ao sector público das licenciaturas, relativamente ao qual os reitores já se propuseram reduzir o número de nomes de cursos, havia 1034 cursos com 482 designações distintas.O GPEARI revelou ainda estatística relativa ao número de vagas e inscritos no 1.º ano pela 1.ª vez. No último ano apurado, o ensino privado tinha 36 782 vagas, preenchendo 22 524, isto é, 61%. O público, pelo contrário, preencheu 109% das vagas, facto que o MCTES explica com as colocações extraordinárias resultantes dos regimes especiais de acesso, nomeadamente devido aos maiores de 23 anos. Embora as vagas no ensino público fossem de 47 365, o número de colocados ascendeu a 51 581, uma diferença superior a três mil alunos. Desde 1997/98, o sector público aumentou em cerca de sete mil o número de vagas, tendo ficado por preencher cerca de 2000 em 2005/06.Isolando a realidade das licenciaturas do 1.º Ciclo, isto é, já adaptadas a Bolonha, não deixa de ser curioso o facto de já existirem cursos com poucos alunos. Esse é o caso de Engenharia de Produção Industrial e Energia, da Universidade Évora, que conta somente com três alunos. O Instituto Superior Técnico, de onde provém Mariano Gago, tem no seu curso de 1.º Ciclo em Química um total de cinco alunos inscritos.

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