No âmbito do Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa (LAQE), estrutura funcional do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, foi criado, em Março de 2007, o presente blogue onde são colocadas, notícias da imprensa da área da Avaliação Educativa. Esta recolha tem como principal finalidade avaliar o impacte, nos mass media, das questões de avaliação educativas.

Portugal investe pouco em formação profissional, diz estudo

30-01-2008 , Agência de Notícias de Portugal

Lisboa, 30 Jan (Lusa) - Portugal é o país que menos investe na formação profissional dos seus trabalhadores, sendo que no setor privado o fosso é maior em relação à Europa, afirma um estudo que analisa dez países europeus.Entre os países pesquisados, as administrações e empresas públicas registram porcentagens elevadas em investimento na formação (59% e 57%, respectivamente), enquanto em Portugal os valores são de 36% e 39%. "No setor privado, os valores são bem menores que estes, mantendo o acentuado fosso entre a Europa e Portugal, onde entre os empregados das empresas registram-se taxas de 38% (Europa) e 19% (Portugal)", diz o estudo intitulado "Orientações Perante o Trabalho e Relações Trabalhistas".
Estudo
As pesquisas em Portugal foram feitas em outubro de 2006 e fevereiro de 2007, englobando 1.837 abordagens feitas pessoalmente na casa dos entrevistados, correspondente a uma taxa de resposta de 66,5%. Os demais países analisados foram Alemanha, Reino Unido, França, Espanha, Dinamarca, Eslovênia, Irlanda, Suécia e Hungria. Na questão "Nos últimos 12 meses recebeu, no próprio local de trabalho ou fora dele, alguma formação para melhorar as suas qualificações ou competências profissionais?", o nível de respostas afirmativas ficou em 43% no conjunto dos dez países."O resultado de 22% verificado para Portugal é o pior dos registrados nestes países vizinhos", seguindo-se Espanha (22%) e Hungria (30%), diz o estudo. O Reino Unido é o país que aposta mais na formação profissional (61%), seguido por Dinamarca (60%) e Eslovênia (53%). O estudo aponta que, em todos os países pesquisados, quanto maior é o nível de habilitações escolares, maior é a quantidade de trabalhadores beneficiados por formação profissional.
Portugal
Segundo o sociólogo João Freire, um dos autores do estudo, 48% dos entrevistados considerou "muito improvável" a "probabilidade de procurar emprego nos próximos 12 meses". Em uma pesquisa realizada em 1997, a mesma resposta foi dada por 55% do público em Portugal. Apenas 15% consideraram "muito" provável essa hipótese, uma resposta que "coloca Portugal numa posição muito confortável em relação aos outros países", afirmou João Freire. Os valores do trabalho foram também analisados na pesquisa, revelando que Portugal, Eslovênia e Alemanha são os países que elegem o tempo de trabalho em detrimento da família, amigos e tempo livre, ao contrário de França, Suécia e Reino Unido."Definitivamente, Portugal quer trabalhar", afirmou a socióloga Ana de Saint-Maurice, também autora do estudo, justificando que "o valor do trabalho está muito saliente na moral dominante" da sociedade portuguesa.Sobre a relação com o trabalho, a maioria dos trabalhadores prefere ter um trabalho em tempo integral, existindo apenas cerca de 30% que prefere uma ocupação em meio período. Portugal, Hungria e Espanha tiveram uma porcentagem inferior de trabalhadores que preferiam trabalho em meio período.
"Dependência do Estado"
Em declarações à Agência Lusa, o sociólogo Manuel Villaverde Cabral, autor e coordenador do estudo, disse que "Portugal é no conjunto de países da amostra européia onde se nota a maior dependência em relação ao Estado"."A população portuguesa tem uma tendência para pedir mais e ter expectativas maiores em relação ao Estado", afirmou o sociólogo, acrescentando que essa dependência "tem como contrapartida para qualquer governo ser mais cobrado independentemente do desempenho real e objetivo"."Isso se reflete em uma avaliação muito negativa do desempenho do governo em todas as políticas públicas relevantes, incluindo a falta de combate ao desemprego, o que se explica pela conjuntura que é muito ruim e há um ano era ainda pior", disse.

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