No âmbito do Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa (LAQE), estrutura funcional do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, foi criado, em Março de 2007, o presente blogue onde são colocadas, notícias da imprensa da área da Avaliação Educativa. Esta recolha tem como principal finalidade avaliar o impacte, nos mass media, das questões de avaliação educativas.

Prova única com críticas

19 de Junho de 2007, Correio da Manhã


67 mil alunos dão hoje início à longa maratona de exames nacionais. A primeira prova é de PortuguêsHoje, quando forem 09h00, cerca de 67 mil alunos enfrentam o primeiro exame nacional de 2007. O Português é a prova que abre esta primeira fase, surgindo com uma novidade que está a motivar críticas por parte dos docentes.

A Associação de Professores de Português tem receio de que a prova única para o novo e antigo programas do 12.º ano crie desigualdades entre os vários alunos que se vão submeter a exame, sobretudo nos que têm maiores dificuldades e piores resultados.O Português é a única disciplina em que todos os alunos do Secundário terão obrigatoriamente de fazer exame nacional, mesmo que não tenham por intenção concorrer ao Ensino Superior. Nesta edição, a prova contará apenas com matéria do 12.º ano.No ano passado o Ministério da Educação entendeu aprovar um exame único comum às duas reformas curriculares (1989 e 2004). Depois da intensa polémica em torno da repetição dos exames de Química e Física e das críticas às provas de Matemática, a ministra Maria de Lurdes Rodrigues justificou a mudança – que entra este ano em vigor – com a necessidade de garantir igualdade de oportunidades na avaliação e acesso à universidade. “Os problemas que ocorreram revelaram uma desigualdade de condições”, disse na altura a ministra, lembrando que “os alunos podiam fazer, para um mesmo acesso, exames muito diferentes à mesma disciplina”.O argumento usado pela governante não convence Paulo Feytor Pinto, presidente da Associação de Professores de Português, que explicou ao CM a “apreensão” em torno do modelo único de exame àquela disciplina. “Temos receio da injustiça que pode causar em alunos que não tiveram o programa da maioria”, entre os quais estão os que não transitaram de ano e os que frequentam os cursos técnico-profissionais, explica o docente. “Num exame que o ME entende ser de Secundário, e que nós defendemos que deve ser um exame de acesso à universidade, não nos parece admissível que se façam provas iguais para alunos que tiveram matérias diferentes ao longo do ano”, afirma Feytor Pinto, lembrando que os dois programas têm “conteúdos muitos diferentes”. “No antigo programa ‘Os Maias’ eram obra obrigatória e no novo programa só é obrigatória uma obra de Eça de Queiroz, que pode ou não ser ‘Os Maias’”, explica o professor.A Associação de Professores de Português não torce o nariz apenas à estrutura única, mas à avaliação idêntica de alunos com características distintas. “Todos os alunos dos programas antigos e dos cursos técnico-profissionais vão fazer o exame pensado para o programa novo”, diz o professor, argumentando que estes alunos são tipicamente os que já têm “mais dificuldades e piores notas”. “Vamos reforçar a desvantagem já existente”, defende. PAI APLAUDE A DECIDSÃO DO TC
Joaquim Lopes, pai da primeira aluna a mover uma providência cautelar contra o Ministério da Educação pela repetição dos exames do ano passado, está satisfeito com o acórdão do Tribunal Constitucional (TC), que classificou de “inconstitucional” a decisão do Governo. “Foi o nosso argumento desde a primeira hora e verificar que a mais alta instância judicial corroborou a nossa posição é agradável”, afirmou ao CM. Após a repetição do exame, a filha entrou na Faculdade de Medicina de Coimbra. Apesar de apenas ter querido fazer “a reparação de uma injustiça gritante”, Joaquim Lopes acha “lógico que os alunos que se sentiram prejudicados não entrando nos cursos recorram agora aos tribunais para serem ressarcidos por um dano importante”. “Para muitos foi o enterrar de um sonho”, sublinha. ACÓRDÃO FICA NA GAVETAVirgílio Meira Soares, presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNAES), foi apanhado de surpresa com a decisão do Tribunal Constitucional, que considerou “inconstitucional” a repetição dos exames de Química e Física, autorizada há um ano, em despacho, pelo Ministério da Educação. A CNAES parou de imediato a aprovação de um acórdão que permitiria aos alunos que se quisessem candidatar este ano à 1.ª fase do acesso ao Ensino Superior fazê-lo com as notas obtidas nos exames àquelas duas disciplinas em 2006. “A primeira reacção foi dizer: ‘Pare-se tudo enquanto é possível’”, contou ao CM. Segundo o responsável , está em causa “o acesso de um número reduzido de alunos”. A cerca de um mês do início da 1.ª fase de acesso, Meira Soares sabe que “o assunto tem de ser resolvido a curto prazo”. “Estou à espera que os meus colegas da comissão dêem a sua opinião.” Para já, procura-se “evitar que surjam mais processos judiciais” com este acórdão
SAIBA MAIS- 280 mil alunos dos ensinos Básico e Secundário começam hoje os exames nacionais. As disciplinas de Português e Matemática são as que têm mais alunos inscritos nas provas do 11.º e 12.º anos.- 105 mil estudantes do 12.º ano vão fazer os exames nacionais de olhos postos no Ensino Superior. Dois terços dos alunos têm na sua mira uma vaga na universidade.
PRIMEIRA FASE
A primeira fase de exames do Secundário só termina no dia 26 de Junho. Os alunos que não forem à primeira data marcada ficam automaticamente inscritos nos exames da 2.ª fase.
RESULTADOS
As pautas do 9.º ano são afixadas dia 11 de Julho. No Secundário os resultados da 1.ª fase saem a 6 de Julho.
CANDIDATURAS
A 1.ª fase do acesso ao Ensino Superior decorre entre 27 de Julho a 3 de Agosto.

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