No âmbito do Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa (LAQE), estrutura funcional do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, foi criado, em Março de 2007, o presente blogue onde são colocadas, notícias da imprensa da área da Avaliação Educativa. Esta recolha tem como principal finalidade avaliar o impacte, nos mass media, das questões de avaliação educativas.

Pesadelo chega com o novo ciclo

27 de Junho de 2007, Jornal de Notícias

Os fracos resultados nas provas de aferição de matemática no 2º ciclo não são novidade, mas dão que pensar quando comparados com os do primeiro ciclo, onde as crianças parecem não ter entrado ainda em conflito com os números.Perante os 41% de resultados negativos, Fernando Nunes, da Associação de Professores de Matemática, diz que "há realmente problemas que têm de ser enfrentados" e avança várias explicações para o facto do "sentimento negativo em relação à matemática" começar a manifestar-se no 2º ciclo. "Existe uma descoordenação entre os programas do 1º e do 2º ciclos. Muitas vezes, os miúdos estão a repetir matéria dada no 1º, mas como os programas vivem de costas voltadas, pensam que estão a aprender algo de novo", diz o professor.Por outro lado, "a disponibilidade para a aprendizagem no 1º ciclo é diferente da do 2º e o esforço colocado nas provas é também diferente". Em terceiro lugar, é no 2º ciclo que os miúdos sofrem a maior mudança. Passam de uma escola pequena, com poucos alunos e um só professor por turma, para uma escola maior, com muitos mais alunos, aulas em salas diferentes e vários professores, cada um com os seus métodos e modos.Por último, não há concordância entre os dois documentos que regem o Ensino Básico o programa nacional e o curriculum nacional. Quando surgiu o curriculum, houve a promessa de adaptar o programa, dando-se, assim, uma "unidade ao Ensino Básico", mas isso nunca foi feito. "As coisas são ditas, os compromissos assumidos, mas mudam os governos e o novo governante parece que chega a um país novo", desabafa Fernando Nunes.Para este professor, a formação dos professores do 2º ciclo terá de ser reforçada e foi provavelmente isso que a ministra da Educação pretendia quando anunciou o alargamento do Plano de Acção para promover o sucesso na Matemática ao 2º ciclo. Os 5º e o 6º ano já são abrangidos, mas a formação contínua dos professores ficou muito aquém do desejável "Foram destacados apenas dois professores para a formação de todos os professores do 2º ciclo de Lisboa".Augusto Pascoal, pelo seu lado, só entende o fracasso a matemática no 2º ciclo, devido à falta de preparação pedagógica dos professores. "A matemática é intuitiva, garante, há pessoas que não sabem ler, mas sabem fazer contas". É essencial uma cultura pedagógica dos professores, uma cultura que lhes permita saber adaptar o trabalho à idade real do aluno e às suas capacidades.

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