Empresários ajudam a combater insucesso
28 de Junho de 2007, Jornal de Notícias
São as nódoas do nosso sistema de ensino, com números que envergonham Portugal. O abandono escolar apresenta uma taxa de 2,7% (entre alunos com idades compreendidas entre os 10 e os 15 anos) e o insucesso faz muitas vítimas (com valores muito próximo dos 20%) nos três anos do 3.º ciclo do Ensino Básico. Para ajudar a reduzir os números tão drásticos, 110 empresários portugueses vão disponibilizar dois milhões de euros, já a partir de Setembro, para ajudar os alunos do 3.º ciclo em risco de exclusão para que consigam recuperar e, assim, não abandonarem a escola.Em resposta a um repto lançado pelo presidente da República, na sessão comemorativa do 25 de Abril do ano passado, um grupo inicial de 10 empresários decidiu dar o seu apoio à educação. Unidos, decidiram criar uma associação sem fins lucrativos denominada "Empresários pela Inclusão Social" (EIS).Depois de um período destinado ao desenvolvimento da estratégia de lançamento da EIS, tudo está a postos para que, já a partir de Setembro, a EIS avance na persecução do seu objectivo principal combater o insucesso e abandono escolares."Pretendemos prestar uma atenção especial ao 3.º ciclo, que corresponde ao grupo etário de máximo retorno do investimento", explicou ao JN Diogo Pereira, director-geral da EIS. Para tanto, os empresários pretendem trabalhar na prevenção e remediação de factores de risco e induzindo factores externos de sucesso.Assim, arranca já em Setembro o projecto principal da EIS, denominado "Rede Nacional de Mediadores EIS para a Capacitação Familiar". "Pretendemos implementar uma intervenção prioritária no eixo família-escola, aumentando a qualidade do acompanhamento parental e não parental, em ordem ao sucesso e à inclusão social" referiu.Para isso, a EIS pretende arrancar com o seu projecto, inicialmente, nos distritos de Lisboa e Porto, tendo lançado o repto aos 34 concelhos envolvidos. "Com a ajuda das autarquias, pretende-se criar equipas de técnicos - onde haverá assistentes sociais, psicólogos, sociólogos e professores - que irão acompanhar os alunos em risco e as suas famílias", revelou Diogo Pereira.Como o nome diz, essas equipas irão desenvolver a capacitação das famílias, desenvolvendo a qualidade e quantidade do apoio familiar ao jovem, a capacidade da família para identificar, intervir ou pedir ajuda especializada em situações de alerta e de risco e organizar a comunidade local para dar resposta adequada às solicitações da família. Por outro lado, pretende-se promover e apoiar as famílias com membros que demonstrem vontade de regressar à escola para aumenat as suas qualificações e as suas capacidades de apoio aos filhos.Num universo de aproximadamente 350 mil alunos do 3.º ciclo do ensino público, a EIS calcula que os casos a intervencionar possam corresponder a entre 35 mil e 70 mil alunos considerados em risco de exclusão da escola."Pretendemos fazer um trabalho de mediação que, tradicionalmente, não tem sido feito", sustentou Diogo Pereira.Para além da criação da rede nacional de mediadores, a EIS está a tentar identificar as escolas do 3.º ciclo do Ensino Básico com melhores desempenhos. Trata-se de um projecto elaborado em parceria com o Ministério da Educação, que leve à elaboração de um código de boas práticas.Outro dos projectos da EIS já iniciado é o Programa Nacional de Formação em Empreendorismo. Destinado a alunos em risco do 3.º ciclo, o programa levou, a escolas incluídas nos Territórios Educativos de Intervenção Prioritária, um curso intitulado "Economia para o sucesso". Durante seis sessões, os alunos falaram sobre o seu papel na sociedade, as suas expectativas do ponto de vista da cidadania, aprenderam os conceitos básicos sobre economia, mercado de trabalho e orçamento familiar e conheceram um conjunto de regras práticas de gestão pessoal relativamente ao seu futuro profissional."Trata-se de um programa testado internacionalmente e que realizámos em 60 escolas, fundamentalmente de Lisboa e Porto. No fundo, incutimos nos alunos a necessidade de fazerem contas à vida e que o melhor, para o seu sucesso profissional, é estudarem até ao 12.º ano", salientou Diogo Pereira.Para a implementação dos seus projectos, a EIS conta com um orçamento anual de dois milhões de euros por ano para assegurar 25% do custo das acções. "Nós financiamos parte dos projectos, que têm também de contar com o investimento por parte da comunidade", defendeu o director-geral da EIS.
28.6.07
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Etiquetas:
Educação - geral
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