No âmbito do Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa (LAQE), estrutura funcional do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, foi criado, em Março de 2007, o presente blogue onde são colocadas, notícias da imprensa da área da Avaliação Educativa. Esta recolha tem como principal finalidade avaliar o impacte, nos mass media, das questões de avaliação educativas.

Em tempo de exames, ter cuidado com o cérebro começa à mesa das refeições

17.06.2007 - Jornal Público

Respire fundo, não está só: a partir de amanhã, há mais cerca de 280 mil estudantes do 9.º, 11.º e 12.º anos que vão entrar em época de exames. Também não está só no disparate: fazer directas, saltar refeições, dar umas dentadas à pressa, beber mais um café, encomendar uma pizza, comer um bolo, devorar apontamentos na véspera ou a caminho da prova.
Quase tudo o que os estudantes sempre fizeram e continuam a fazer quando se trata de estudar para as provas finais constitui um atentado ao cérebro, uma lista completa de maus tratos precisamente na altura em que este mais precisa de ser mimado. Os especialistas com quem o PÚBLICO falou ajudam, contudo, a encontrar caminhos alternativos e explicam por que é que algumas coisas podem fazer bem e outras fazem tão mal. "Definitivamente "somos o que comemos" e uma alimentação saudável e adequada a cada caso também melhora significativamente o rendimento intelectual", afirma Eduarda Alves, dietista no Hospital São Francisco Xavier e mentora do site www.nutricaodietetica.com, que elaborou para os nossos leitores a ementa publicada nestas páginas. A clínica refere que "quem faz uma alimentação pobre em ácidos gordos Ómega 3 corre um risco maior de ter dificuldades de memória, de raciocínio e de aprendizagem", sendo vários os estudos onde se observou um aumento do QI por via de uma alimentação rica naquelas substâncias. Aqueles ácidos tornam mais fluidas "as membrana celulares, contribuindo para melhorar as sinapses entre os neurónios", explica. Por isso são facilitadores da comunicação entre as células do cérebro. Os peixes, especialmente os gordos, são ricos nestas substâncias. São também um dos "ódios de estimação" de adolescentes e jovens, o que constitui um problema. Até porque Eduarda Alves refere que se deve consumi-los, no mínimo, cinco vezes por semana. As algas também são ricas no milagroso Ómega 3. Bastam pequenas quantidades e na sopa passam quase sem se dar por elas. Pequeno-almoço sagradoO cérebro usa energia para pensar. É por isso que uma das regras-base em épocas de avaliação deve ser a de nunca se sair de casa sem tomar o pequeno-almoço. Outra regra de base prende-se com a substituição das fontes de energia. Os açúcares simples fornecem-na, mas, ao contrário dos cereais integrais, por exemplo, não a asseguram de uma forma constante. Francisco Varatojo, director do Instituto Macrobiótico de Portugal, explica o que acontece: "É especialmente importante evitar tudo o que sejam açúcares simples e refinados (bolachas, bolos, gelados, refrigerantes, chocolates, etc.), substituindo-os por hidratos de carbono complexos, tais como cereais integrais (arroz, cevada, aveia, millet, etc.) e leguminosas (feijão, grão, lentilhas, etc.). Os açúcares simples são absorvidos muito depressa pela corrente sanguínea, provocando um desequilíbrio químico que irá afectar duas capacidades cognitivas essenciais em alturas de avaliação: a memória e a concentração." Estar focado numa só actividade é algo que hoje, para os adolescentes e jovens, parece quase impossível. Nas empresas a possibilidade de realizar várias tarefas ao mesmo tempo tende a ser valorizada, mas como os estudos e os exames continuam a ser o que sempre foram, Ricardo Carvalho, coordenador do Gabinete de Apoio ao Aluno do ISCAL, e Teresa Martins, psicóloga clínica e vocacional, insistem na necessidade de se "criar um ambiente favorável" ao estudo, o que pressupõe excluir televisão, rádio ou o MSN."As actividades paralelas retiram a concentração necessária", sublinha o docente do ISLA. Um hábito útil: "Deve-se aproveitar o tempo de estudo para treinar a expressão escrita. Por vezes, o motivo principal para uma deficiente nota é uma resposta mal construída, sem princípio, meio e fim, com frases muito longas e má utilização das palavras."Teresa Martins sublinha que pais e professores devem abster-se de fomentar a ansiedade, o que sucede com muita frequência. A psicóloga realça também a importância de o aluno "definir objectivos a atingir por dia" e sublinha que existe uma componente "muito pessoal" em todo este trajecto. Isto seja no que respeita ao tempo de estudo útil, ao modo como melhor se apreende a matéria (há quem tenha uma boa memória visual, outros só conseguem reter/organizar informação lendo em voz alta) ou a como se consegue relaxar.

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