Guarda: pais indignados com dispensa de tarefeiros que apoiam alunos com necessidades especiais
Pais de crianças com necessidades educativas especiais na Guarda e em Manteigas mostraram-se hoje indignados com a possibilidade de os seus filhos perderem o apoio de tarefeiros, alegadamente dispensadas pela Direcção Regional de Educação do Centro."Esta decisão não tem o mínimo de cabimento, porque não se enquadra com aquilo que a gente ouve dizer, que o ensino é para todos", disse à Lusa António Garcês, residente em Manteigas, que tem um filho com 12 anos, que frequenta o 6º ano e "tem 95 por cento de incapacidade".O Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC) acusou hoje a Direcção Regional de Educação do Centro (DREC) de dispensar cerca de 20 tarefeiros que apoiavam "largas dezenas" de alunos de escolas do primeiro ciclo e básicas com problemas de audição, dificuldades de mobilidade, autismo e trissomia 21, entre outros."A ordem de corte das tarefeiras, pagas à hora pelo Ministério da Educação, emanou da DREC e os agrupamentos foram avisados por email", disse a sindicalista, considerando tratar-se de uma situação incompreensível.Os pais reagem com indignação à medida hoje conhecida, no início do segundo período do ano lectivo 2007/2008. António Garcês lembrou que "os meninos com deficiência profunda [como é o caso do seu filho], que não têm autonomia, que estão longe de grandes centros onde não há escolas específicas, têm que frequentar as escolas ditas normais e têm de ter o apoio" dos tarefeiros. Este pai refere que o filho "tinha alguém que o acompanhava" diariamente na escola e que hoje apenas foi à escola durante a manhã "porque a tarefeira não levantou qualquer questão [face ao despedimento] e almoçou com ele". Porém, salientou que a funcionária já não se deslocou à escola durante a tarde e os pais decidiram que a criança "já não podia estar na escola" e ficou em casa.Se o Ministério da Educação não encontrar uma solução para o problema, este pai de Manteigas admite que o seu filho ficará em casa. "Decidimos comunicar a situação [à DREC] e futuramente, se for necessário, estamos dispostos a ir à DREC e levar os miúdos para eles verem a realidade", adiantou.A delegação da Guarda do SPRC mostra-se insatisfeita com a medida hoje conhecida, admitindo que "o apoio em permanência é condição para as crianças estarem nas escolas, de acordo com o princípio da escola inclusiva". "Não existindo este suporte, que na maior parte dos casos corresponde a um acompanhamento em permanência das crianças, torna-se impossível a sua presença no dia-a-dia da escola", salientou a sindicalista Sofia Monteiro.Segundo a dirigente, os tarefeiros exercem funções "tão importantes como a prestação de cuidados de higiene e limpeza, segurança, vigilância, apoio à mobilidade, entre outras, dando um insubstituível contributo para a sua inclusão escolar e educativa".A medida atinge o Agrupamento de Escolas de Manteigas, EB1 de Santa Zita, Agrupamento da Sequeira, EB 1 de Bonfim/Agrupamento de Santa Clara, EB 1 das Lameirinhas e Agrupamento de S. Miguel, no concelho da Guarda.A agência Lusa tentou obter explicações junto do representante na Guarda da DREC, António Maximino, o que não foi possível, até ao momento.
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