No âmbito do Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa (LAQE), estrutura funcional do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, foi criado, em Março de 2007, o presente blogue onde são colocadas, notícias da imprensa da área da Avaliação Educativa. Esta recolha tem como principal finalidade avaliar o impacte, nos mass media, das questões de avaliação educativas.

Secundário retém mais alunos por via dos cursos profissionais

31 de Outubro de 2007, Jornal de Notícias

Crescimento da oferta de vias profissionalizantes e um discurso político que valoriza o papel da Educação e da qualificação no desenvolvimento pessoal. Eis as duas razões apontadas pelo Governo para a inversão de tendência verificada no ensino secundário, que nos últimos dois anos passou a absorver mais alunos e a registar menor insucesso escolar, após dez anos de indicadores negativos.O conjunto de estatísticas ontem apresentado em Lisboa (ler caixa) revela, com efeito, que algo está a mudar. Desde o ano lectivo 2005/06, assiste-se não apenas à curva ascendente do número de alunos - frequentam hoje o secundário mais de 342 mil - como a uma diminuição abrupta da percentagem de estudantes, entre os 18 e os 24 anos, que saiu do sistema completando no máximo o ensino básico, situada nos 36,3%. A taxa de retenção, por outro lado, manteve a tendência de quebra iniciada no ano lectivo 2000/01. As mudanças no ensino secundário começam já a repercutir-se no superior, que acolhe quase 42 mil alunos, mais 17% do que no anterior ano lectivo. Estando em causa dois anos lectivos, o Ministério da Educação acredita que não se trata de um fenómeno passageiro, antes do efeito das políticas que têm vindo a ser adoptadas. Maria de Lurdes Rodrigues sublinhou ontem o facto de ter sido quebrado o efeito de "filtro" do 10º ano, que empurrava anualmente cerca de 25 mil estudantes para fora do sistema. A ministra, para quem o ensino não oferecia as jovens "alternativas de formação correspondentes às suas expectativas", apontou a progressiva substituição de cursos tecnológicos - hoje com um peso residual - por cursos profissionalizantes (ler texto em baixo) como a principal causa da evolução positiva. Não deixou, porém, de reconhecer que é tributária da reforma de 2004. Uma referência, não explícita, às mudanças empreendidas por David Justino, no Governo social-democrata de Durão Barroso. "Não foram precisas grandes mudanças legislativas, mas apenas concentrarmo-nos no essencial", salientou José Sócrates, enfatizando o contributo de estudantes, professores e escolas nos resultados alcançados. A inversão de tendência, na sua óptica, é fruto de "reformas orientadas para os pontos críticos", precisamente o abandono e o insucesso escolares.
Objectivos ambiciosos
O Governo, que em breve tornará públicos os resultados do ensino básico e do vocacionado para adultos, traça desde já duas metas, a atingir até ao final da legislatura, em 2009 reduzir a saída precoce do sistema para 25% e assegurar que metade dos alunos siga vias profissionalizantes. Trata-se de objectivos ambiciosos, que a equipa do ministério quer concretizar mantendo o regime de contenção financeira. A despesa com a Educação tem vindo a descer desde 2005. A preços constantes de 1995, chegara a atingir os 4,8 mil milhões de euros em 2002, fixando-se actualmente em 4,1 mil milhões, apesar do enorme peso da componente salarial que lhe está associada. Números que servem ao primeiro-ministro para insistir numa tese que lhe é cara não é atirando dinheiro para cima dos problemas que eles se resolvem. A poupança advém ainda de outro factor, cuja importância José Sócrates realçou. O número de docentes ligados ao sector público, mais de 150 mil no ano lectivo 2004/05, baixou para 139860, ao nível do efectivo de há dez anos. Graças à alteração das regras dos concursos e à estabilização de quadros de pessoal, de que são exemplos a colocação de professores por períodos de três anos e a contratação a nível local, no caso dos cursos profissionais.

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