No âmbito do Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa (LAQE), estrutura funcional do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, foi criado, em Março de 2007, o presente blogue onde são colocadas, notícias da imprensa da área da Avaliação Educativa. Esta recolha tem como principal finalidade avaliar o impacte, nos mass media, das questões de avaliação educativas.

Empreender no ensino superior

20 de Outubro de 2007, O Primeiro de Janeiro

O desenvolvimento da capacidade empreendedora no ensino superior é um desafio importante. É importante porque o seu sucesso depende largamente da capacidade que ele tenha em ser criativo, gerar ideias, gerir projectos inovadores, e aceder a diferentes públicos. Empreender no ensino superior implica uma postura que reconheça o conhecimento como um bem que se cria, desenvolve e transmite. Convencionalmente, a transmissão pode ser feita através de projectos de ensino, mas pode também envolver a comercialização de serviços e produtos no mercado. Esta capacidade de aplicar o conhecimento e gerar receitas é uma característica que distingue as melhores instituições de ensino superior.Ora, se isto é verdade nas melhores instituições dos países mais desenvolvidos, mais verdade o é num contexto em que a sociedade está carente de conhecimentos e em que há uma grande escassez de financiamento público e pressão para gerar receitas próprias. Simultaneamente, as transformações em curso no mercado de trabalho obrigam ao fomento do espírito empreendedor dos alunos.O desenvolvimento da capacidade empreendedora duma instituição de ensino superior pode ser alcançado por três vias que não são substitutas mas sim complementares.Numa dessas vias, desenvolver o empreendedorismo implica, em primeiro lugar, criar uma cultura de risco, procura e descoberta. Fomentar essa cultura passa pela inovação nos métodos de ensino e de aprendizagem. Quando esses métodos incentivam o aluno a ser autónomo, independente e a procurar mais activamente respostas para os problemas com que se confronta, estão a contribuir para fomentar o espírito empreendedor, não só do aluno, mas também do docente que tem assim que recorrer a métodos diferentes que envolvem mais experimentação e risco. Esta via para tornar o ensino superior empreendedor é importante mas não é suficiente.Numa outra via, é também necessário que uma cultura empreendedora seja incentivada por programas de formação sobre criação de empresas e lançamento de novos negócios. A formação em empreendedorismo é hoje tão necessária a um aluno de gestão ou de economia, como a um aluno de engenharia, letras, ciências ou artes. Os programas de empreendedorismo deverão estar claramente vocacionados para fornecer enquadramentos e ferramentas que facilitem a criação de condições para o sucesso empresarial.Finalmente, a terceira via obriga a que as instituições de ensino superior como organizações sejam também elas empreendedoras, não só nos seus programas de formação, mas também na sua forma de actuação. As instituições de ensino superior devem, por exemplo, ser capaz de comercializar muitos dos seus serviços e empresarializar algumas das suas estruturas. Sem por em causa a sua missão, as instituições de ensino superior necessitam de repensar a sua oferta e os seus mercados. Muitos dos mercados e serviços em que não estão ainda presentes requerem novas estruturas, sistemas e estratégias. Requerem uma abordagem empreendedora que incentive a inovação.As três vias para desenvolver um ensino superior empreendedor são importantes. Nenhuma substitui as outras duas. Elas complementam-se.
Vasco Eiriz é professor universitário e editor do espaço www.empreender.blogspot.com

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