Excluídos do sistema aprendem lições de vida com jogos radicais
30 de Outubro de 2007, Jornal de Notícias
Têm mais de 14 anos, não frequentam a escola há muitos anos, tornaram-se rebeldes e alguns já possuem cadastro. A maioria está sinalizada pelos serviços protecção social por se tratar de um grupo problemático. A família não os pode ou não os quer acolher, a escola interdita-lhes o reingresso por excesso de idade e estão em risco de se tornarem marginais. Foi para estes jovens excluídos do sistema que Ricardo Martinez, da Associação "Questão de Equilíbrio", com sede em Setúbal, criou "A Escola da Floresta".Nesta escola, além das aulas do programa corrente dadas por professores voluntários, uma vez por semana aprende-se a correr riscos, a valorizar a vida e também o apoio dos outros quando se está mais vulnerável ou perante obstáculos que se julgam inultrapassáveis. Seguindo uma lógica pouco comum de aprendizagem activa, o programa foi concebido para que estes seis jovens que vivem na Associação - três dos quais já em regime aberto -, descubram através de situações concretas que a vida não segue um rumo uniforme, as adversidades podem suceder-se em catadupa e quando alguém cai, não nos devemos rir, porque nos pode acontecer o mesmo. Importante é mesmo perder o medo e voltar a tentar.Descobriram esta premissa no mar... fazendo esqui aquático. Seguros a uma corda e com os pés em bóias, o professor dificultou-lhes o equilíbrio, imprimindo mais velocidade e mudanças de direcção. À queda sucedia-se uma nova tentativa. "Tínhamos de aguentar o mais tempo possível, mas é difícil porque faz doer os braços, andamos em ziguezague e fomos à água", conta Carlos, 17 anos. Martinez garante que assim perceberam que o percurso a direito teria sido mais fácil, mas menos aliciante "Como a vida". Seguiu-se a descida da fenda, com mais de 20 metros de profundidade, na serra da Arrábida. Primeiro desceu o monitor e cada um o fez depois, sozinho. Apesar dos arnezes, João, com 15 anos recusou-se a descer. "Não o gozaram porque também tiveram medo. Mas da segunda vez quando o João desceu, foi elogiado pelos colegas", diz o docente na Escola Superior de Educação sadina. A lição estava aprendida respeitar a decisão do outro, ser uma equipa e não ter vergonha por sentir medo, mas aprender a controlar os nervos e o pânico. (...)
30.10.07
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Etiquetas:
Educação - geral
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