No âmbito do Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa (LAQE), estrutura funcional do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, foi criado, em Março de 2007, o presente blogue onde são colocadas, notícias da imprensa da área da Avaliação Educativa. Esta recolha tem como principal finalidade avaliar o impacte, nos mass media, das questões de avaliação educativas.

Politécnicos querem doutores

26 de Dezembro de 2007, Jornal de Notícias

Os especialistas, que podem também ser doutorados, vão ter de representar 35% do corpo docente dos institutos politécnicos. O problema é que, tendo em conta o número de doutores (1014) apurado no final de 2006, medidos em equivalente a tempo integral (ETI), faltam 2232 especialistas nos 15 principais institutos do país. A aplicação da regra, decorrente do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), só surgirá 18 meses após a publicação de um diploma que defina as condições de atribuição do título de "especialista".A contabilidade dos especialistas necessários face ao actual cenário nos politécnicos públicos sobe para 2668 se forem tidos em conta as escolas integradas em universidades (14) e as não integradas (10), de acordo com um estudo Departamento de Ensino Superior da Fenprof.O RJIES exige ao politécnico 15% de doutorados a tempo integral e ainda pelo menos 35% especialistas, os quais poderão ser detentores do grau de doutor. Contas feitas, o rácio deve ser de um doutor ou especialista por cada 30 estudantes. "A entrada forçada dos especialistas vai implicar a não-renovação dos contratos ("despedimento") dos docentes que enviaram para formação?", questiona Mário de Carvalho, autor do estudo da Fenprof.Segundo Luciano de Almeida, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), o problema dos especialistas não é preocupante, uma vez que eles podem ser doutorados. "Estamos a falar de 35% de um universo global de 8500 docentes. Os politécnicos já têm 20 a 30% de especialistas equiparados a professores, mas não sabemos se esses especialistas cumprirão os futuros requisitos para o título", refere Luciano de Almeida.Embora os institutos politécnico do Porto e de Lisboa denotem uma maior carência de especialistas, Mário de Carvalho teme que os problemas maiores surjam noutras zonas do país. "Sérias dificuldades terão os politécnicos do interior em obter os especialistas necessários, não abundarão em muitos domínios dado o desenvolvimento económico na sua área de influência", afirma Mário de Carvalho. No entanto, em termos de doutorados, o conjunto do subsistema já tem 15% de doutorados.Noutros termos, os especialistas (que ainda não se sabe o que são) ocupam no politécnico posições para as quais no universitário é exigido doutoramento. Falta de exigência ou sequência lógica de um sistema binário que cada vez mais distingue universidade de politécnico?"A não ser ultrapassada esta situação (necessidade de mais doutorados), os politécnicos verão propostas de mestrado não aceites e serão progressivamente empurrados para leccionar os CET (como forma de sobreviverem com dimensão razoável). Esta é a intenção clara do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que se traduz objectivamente numa aproximação ao Ensino Secundário", refere Mário de Carvalho. Mário de Carvalho considera absurdo que o título de especialista não siga a nomenclatura da classificação nacional de profissões. Por exemplo, os politécnicos poderão ter especialistas enfermeiros, engenheiros, advogados, médicos, psicólogos ou fisioterapeutas. A dúvida é se aposta será mais nos doutorados em detrimento desta nova categoria.

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