Mulheres licenciadas aumentam 60 vezes em meio século
O peso de mulheres licenciadas na sociedade portuguesa cresceu mais de 60 vezes nos últimos 47 anos. Se em 1960, o total de diplomadas não ia além dos dez mil, no final do ano lectivo em curso esse número deverá rondar as 600 mil. A evolução é muito significativa, mas falta ainda, explicam especialistas em sociologia da educação, conquistar o mercado de trabalho e chegar a lugares de topo.Em 1960, a percentagem licenciada não chegava sequer ao meio por cento do total das mulheres (0,23%) - dez mil num universo de pouco mais de 4,6 milhões. No mesmo ano, havia mais de 38 mil homens com o ensino superior, sendo que as maiores diferenças do género se encontravam em cursos como Direito e Engenharia. Em 2005, segundo os últimos dados disponíveis no Instituto Nacional de Estatística, esse valor ultrapassava já os 9,3%.Passado menos de meio século, a situação inverteu-se e hoje há mais diplomas entre as mulheres que entre os homens. Segundo dados do INE para 2005, recolhidos pelo Inquérito ao Emprego, havia mais de 507 mil mulheres com licenciatura. Homens eram apenas 341 mil. Para os dois anos seguintes, resta a hipótese de uma estimativa que confirma esta tendência: há cerca de 70 mil novos licenciados por ano, 65% dos quais são mulheres - uma das mais altas percentagens da União Europeia (UE). Ou seja, teremos cerca de mais 91 mil licenciadas no final deste ano lectivo, totalizando agora quase 600 mil. Contas feitas, a percentagem de mulheres com habilitações superiores face à população feminina total é já de 9,3%. A proporção de homens diplomados é de 6,7%. Segundo Custódia Rocha, especialista em Sociologia do Género e da Educação da Universidade do Minho, Portugal teve uma "evolução admirável no âmbito dos membros da UE e ultrapassou muitos outros países". Além disto, as mulheres viram ainda alargar as opções em áreas científicas, estando actualmente presentes num leque mais abrangente de cursos, sendo apenas ultrapassadas pelos homens em licenciaturas viradas para as engenharias e ligadas à indústria transformadora e de construção.Outra área científica, uma das mais avançadas e das quais se esperam maiores desenvolvimentos nos próximos anos, está deficitária de mulheres: as novas tecnologias de informação e comunicação.Apesar da clara vantagem das mulheres no acesso ao ensino superior, mantêm-se ainda as grandes desigualdades no mercado de trabalho, onde há "forte segregação profissional", explica Custódia Rocha. As mulheres, diz, enfrentam mais obstáculos para se inserir no mercado de trabalho e atingem apenas as posições mais baixas da hierarquia, exercendo funções para as quais estão sobrequalificadas. "Apesar da igualdade a nível de acesso, não se operacionalizaram questões como a eliminação de concepções estereotipadas dos papéis sociais", adianta a socióloga. Os cursos com maior tradição feminina têm menor acesso ao mercado de trabalho e as mulheres continuam minoritárias nos cargos de chefia e decisão.
26.12.07
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Etiquetas:
Ensino Superior
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