No âmbito do Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa (LAQE), estrutura funcional do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, foi criado, em Março de 2007, o presente blogue onde são colocadas, notícias da imprensa da área da Avaliação Educativa. Esta recolha tem como principal finalidade avaliar o impacte, nos mass media, das questões de avaliação educativas.

O vulcanismo da Lua lido num meteorito

06.12.07, Diário de Notícias

A origem da Lua e a sua evolução não são exactamente dados adquiridos para a ciência. Nesta história por contar, uma das questões essenciais tem a ver com o momento em que se iniciou a actividade vulcânica que já caracterizou o satélite natural da Terra, e qual foi a sua duração. O estudo de um meteorito oriundo da Lua, e descoberto há 12 anos no Botsuana, em África, fez agora uma importante revelação: a Lua teve erupções vulcânicas há mais de quatro mil milhões de anos, o que é quase mil milhões de anos antes do que se pensava até agora. Ou seja, quase logo a seguir à formação do satélite da Terra.Com as missões Apolo, da NASA, que há mais de três décadas levaram 12 homens a pisar a Lua, e de lá trouxeram amostras rochosas, o estudo da geologia lunar deu um salto de gigante. A análise das rochas trazidas para a Terra pelos astronautas americanos, no final da década de 60 e nos primeiros anos da década seguinte, mostrou que elas se formaram algures entre há 3,5 até 3,9 mil milhões de anos. Essas pedras da Lua mostraram que nessa época remota havia ali actividade magmática. E este era o período da história da Lua mais recuado a que se tinha chegado até agora. Mas um meteorito descoberto há 12 anos no Botsuana veio contar agora uma história diferente. E mais antiga também.O meteorito, que pesa 13, 5 quilos e foi designado Kalahari 009, contém fragmentos de cristais de magma das primeiras erupções ocorridas nas planícies da Lua, há pelo 4,35 mil milhões de anos. A descoberta foi feita por um grupo internacional de cientistas, liderado por japonês Kentaro Terada, da universidade de Hiroshima, e por Mahesh Anand, da universidade Aberta de Milton Keynes, no Reino Unido, e é publicada na edição de hoje da revista Nature.De acordo com o estudo realizado pela equipa, que incluiu também investigadores alemães, a actividade vulcânica iniciou-se na Lua quando a sua crosta superficial ainda estava em formação. Este novo estudo mostra, portanto, que as rochas trazidas pelas missões Apolo são produto de erupções muito mais recentes. Contas feitas, o Kalahari 009 contém a assinatura escondida da história mais recuada da Lua a que se conseguiu chegar até agora.A datação da rocha extraterrestre foi feita a partir de cinco grãos de fosfato recolhidos do seu interior e a idade que lhe foi atribuída faz dela também um dos basaltos mais antigos que se conhecem.A mais de 300 mil quilómetros de distância da Terra, a Lua, o único satélite natural da Terra, há muito que deixou, no entanto, de ter actividade vulcânica. A sua crosta, hoje completamente sossegada, tem uma espessura variável entre pouco mais de 60 e cem quilómetros.No conjunto das missões Apolo e Luna (missões não tripuladas, realizadas pela ex-União Soviética na década de 60 , que permitiram recolher também amostras rochosas que foram trazidas para a Terra) existe hoje, em várias instituições científicas do mundo, uma colecção de pedras e solo lunares que totalizam mais de 380 quilos. Não deixa de ser interessante, quase irónico, que os 13,5 quilos do Kalahari 009, que viajaram para a Terra há milhares de milhões de anos, por um mero acaso, tenham feito agora a diferença para se ir um pouco mais além no conhecimento da história da Lua. De resto, os dados hoje avançados na Nature pela equipa de Terada e Anand, sobre a composição do basalto lunar, explicam os próprios, estão a ser confirmados pelas últimas observações de satélites científicos.

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