No âmbito do Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa (LAQE), estrutura funcional do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, foi criado, em Março de 2007, o presente blogue onde são colocadas, notícias da imprensa da área da Avaliação Educativa. Esta recolha tem como principal finalidade avaliar o impacte, nos mass media, das questões de avaliação educativas.

Professores voltam à rua por causa da avaliação

08.11.2008 - jornal de Notícias

Provavelmente, esta noite Mário Nogueira não pregou olho. Diz o porta-voz da Plataforma Sindical dos Professores que, "quando se aproximam os grandes acontecimentos", fica "sempre assim", "com nervoso miudinho"; e ele não tem dúvidas de que a manifestação de hoje é "absolutamente excepcional": "Aquilo que toda a gente disse e escreveu que era irrepetível, os 100 mil professores na rua, vai repetir-se. E as consequências políticas têm de ser tremendas - ou o Governo suspende a avaliação ou, agora, isto não pára mais! Se for preciso voltamos já para a rua e podemos mesmo vir a fazer greve, ainda no primeiro período!"Quanto a números, Mário Nogueira é cauteloso. No dia 7 de Março, na véspera da Marcha da Indignação que juntou cem mil professores em Lisboa, adiantou que esperava 70 mil. E ontem, apesar de outros dirigentes sindicais falarem de 120 mil, não arredou pé: "De que serão 100 mil estou seguro", disse. E dali não saiu.Mas uma coisa é ser firme nos 100 mil, outra é esconder o entusiasmo. Enquanto falava ao PÚBLICO, uma poderosa máquina movia-se para hoje pôr 740 autocarros a caminho de Lisboa - mais 126 do que em Março. E isto, no mínimo. Em Coimbra, por exemplo, ao fim da tarde o coordenador do Sindicato dos Professores da Região Centro, Luís Lobo, rendeu-se aos pedidos que continuavam a pingar, apesar dos avisos de que as inscrições estavam fechadas: "Pronto, mandamos vir autocarros a mais. Mais vale isso do que ficar alguém em terra."Aquela não é decisão que se tome com leveza. Em média, cada passageiro custa aos sindicatos 10 euros, apesar de, naturalmente, ficar mais caro o aluguer dos autocarros que saem do Norte do que o daqueles que partem da Grande Lisboa. O que significa que só a Fenprof, que hoje põe em marcha 549 autocarros, gasta em transportes quase 330 mil euros.Atenção às provocações"Quanto ao dinheiro...", prossegue Luís Lobo na última reunião com os dirigentes sindicais responsáveis por cada um dos autocarros. Avisa-os de que não se devem esquecer de aproveitar a viagem para sensibilizar os manifestantes "para os gastos brutais" que o protesto representa, convidando-os "a contribuírem com o que quiserem".A lista de advertências é enorme: é preciso assegurar que nenhum passageiro anda em pé e que todos usam cinto de segurança, "para não dar pretexto à polícia para travar os autocarros"; pedir-lhes para preencherem uma ficha com nome e telemóvel, não vão perder algum em Lisboa; avisá-los de que não devem "responder a qualquer provocação"...Esta é especialmente importante, considera Nogueira. Se já esperava que "houvesse gente a tentar que a manifestação corresse mal", ontem teve a certeza, quando soube que estavam a circular, por telemóvel e correio electrónico, mensagens com a notícia de que a avaliação dos professores fora suspensa. "A quem é que interessa desmobilizar os professores? Cheira-me a que as mensagens partiram do Ministério da Educação", acusou.Desmentir a suspensão foi só um pormenor num dia de loucura. "Não, não 'tá nada suspensa!", gritava João Louceiro, coordenador executivo do SPRC, ao fim da manhã, com o telemóvel num ouvido e a mão a tapar o outro. No sindicato, uns distribuem T-shirts, outros contam autocolantes, e há quem introduza o nome de todos os inscritos num computador enquanto um grupo de oito funcionários monta 3000 bandeiras. Louceiro desliga o telemóvel, senta-se e sorri, cansado: "Ontem até me senti mal". Nada de estranho. Encolhe os ombros: "Já da outra vez foi assim. Só volto a respirar fundo depois da manifestação, no caminho de regresso."

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