No âmbito do Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa (LAQE), estrutura funcional do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, foi criado, em Março de 2007, o presente blogue onde são colocadas, notícias da imprensa da área da Avaliação Educativa. Esta recolha tem como principal finalidade avaliar o impacte, nos mass media, das questões de avaliação educativas.

Especialistas mundiais discutem em Lisboa melhor forma de ensinar matemática

16.11.2008 - Jornal Público

Alguns dos maiores especialistas mundiais discutem esta semana em Lisboa a melhor forma de ensinar matemática baseando-se nos mais recentes avanços científicos sobre o funcionamento do cérebro, disse o presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática. Nuno Crato destaca que as mais recentes investigações "sobre o cérebro em psicologia experimental mudaram em larga medida a maneira como se encara o ensino da matemática"."Sabe-se hoje, em psicologia, que a memória é importante, sabe-se que o raciocínio é importante a par da memória, sabe-se que o domínio de algoritmos é fundamental, sabe-se que a confiança e destreza nesses algoritmos também é fundamental. É esse género de discussões que nós vimos trazer para aqui através de alguns dos maiores especialistas mundiais sobre a matéria", destacou.A conferência internacional "Matemática Ensino: Questões e Soluções" vai decorrer amanhã e terça-feira na Fundação Calouste Gulbenkian e, segundo o administrador desta instituição, Marçal Grilo, o objectivo é juntar contributos de várias áreas científicas para que, no final, pais, educadores e público em geral possam tirar as suas próprias conclusões. "Nesta área da matemática é muito importante combinar várias outras áreas científicas para se perceber como é que as crianças aprendem, como é que o cérebro humano funciona, porque só sabendo como é que se aprende é que se pode definir como é que se ensina", disse o ex-ministro da Educação."O que identifico por vezes como problema do ensino da matemática é que as escolas ainda não foram capazes de pegar na área da matemática e perceber que ela tem uma lógica desde o primeiro até ao último ano e que é necessário uma grande articulação no ensino da matemática", disse Marçal Grilo, destacando no entanto que "não há uma causa única para o problema", que também existe noutros países, nomeadamente nos EUA. Apesar dos frequentes maus resultados, Marçal Grilo afirma discordar dos que consideram que "tudo muda para pior", porque "o país é muito heterogéneo" e tem "escolas públicas e privadas onde se faz um excelente ensino da matemática".Acessível a todos"Tem de se quebrar a ideia de que a matemática ou não serve para nada ou é uma ideia tão complexa que só serve para meia dúzia de pessoas. Só há meia dúzia de iluminados que podem chegar à matemática. Isto não é verdade, a matemática é acessível a todo o ser humano", salientou.Também Nuno Crato considera que a matemática até ao 12º ano "está ao alcance de todos e não se compreende que exista o insucesso que existe". "É preciso trabalhar em vários aspectos do ensino ao mesmo tempo. É preciso que o ensino seja sistemático, que não deixe os problemas todos em aberto, que compreenda a natureza cumulativa da matemática, que compreenda a necessidade da destreza dos algoritmos, que compreenda a necessidade da compreensão dos conceitos e da resolução de problemas a par com esta destreza dos algoritmos e com a memorização, a automatização de procedimentos", defendeu.Para Marçal Grilo, é preciso ter em conta o modo como se ensina, o modo como se aprende, como foram feitos alguns programas, como algumas metodologias são aplicadas e a forma como alguns professores são formados, entre outros factores.Entre outros especialistas, a conferência "Matemática Ensino: Questões e Soluções" conta com a participação de José Morais, investigador português na área da psicologia da linguagem, radicado em Bruxelas, e de David Geary, que integrou um grupo que estudou o problema do ensino da matemática nos EUA, cujas conclusões foram apresentadas ao governo federal norte-americano. Participa ainda na conferência o matemático israelita Ron Aharoni, que lançará em Portugal o livro "Aritmética para pais", baseado na sua experiência de ensino da matemática a crianças, depois de ensinar durante anos no ensino superior.

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