Pressão da avaliação pode ter elevado notas
Desnível.
Pela primeira vez, a lista das dez escolas com maior diferença entre as médias de classificação interna e os resultados dos exames nacionais é composta exclusivamente por instituições públicas. Uma mudança drástica, atribuída a menor rigor dos docentes resultante de reforma polémica.
Privados destacam efeitos positivos do acompanhamento
Mais tempo para os professores identificarem, rectificarem e acompanharem as carências dos alunos. Esta é uma fórmula para os melhores colégios do País conseguirem aproximar as notas dos exames nacionais das que os estudantes conseguiram ao longo do ano, na avaliação contínua. Este ano, pela primeira vez, a tabela das dez escolas com maior discrepância entre os dois resultados é composta exclusivamente por instituições públicas. No entender de especialistas, pode ter a ver com a pressão que os professores sentem para atribuir boas notas, no âmbito da avaliação do desempenho.A tese é explicada ao DN por José Canavarro, antigo secretário de Estado da Administração Educativa, que se dedica ao estudo dos temas ligados à educação. Para o professor universitário, não foram as escolas privadas que subiram exponencialmente, mas sim as públicas que passaram a dar melhores notas. "E o facto de isto acontecer este ano pode querer dizer que os professores dão melhores notas durante o ano por pressão dos critérios de avaliação do desempenho, que incluem os resultados dos alunos, que depois não se confirmam no exame."No ano passado, cinco privadas estavam entre as escolas com maiores discrepâncias, enquanto em 2006 os colégios estavam mesmo em maioria. "Não existem outras razões aparentes para esta diferença drástica", argumenta José Canavarro. "As notas de frequência serem muito superiores pode querer dizer que os professores estão menos rigorosos."Este ano, a liderar a tabela das escolas com maior diferença entre a classificação de frequência e a nota de exame está a EB 2/3 Josefa de Óbidos. Na escola do distrito de Leiria, os professores atribuíram aos seus alunos uma média de 14,33 valores, mas estes não foram além dos 8,55 quando testados nas provas nacionais. O presidente do Conselho Executivo garante que o fenómeno resulta do método de análise e das características da escola, que apenas tem secundário há dois anos. "A explicação está no facto de só termos feito dois exames do 11.º ano, Biologia e Físico-Química, sendo que esta foi a disciplina com média nacional mais baixa, com 9,1 valores", defende Fernando Sousa e Silva, que garante haver um bom acompanhamento dos alunos por parte dos docentes.Acompanhamento parece ser mesmo a questão-chave no ensino do S. João de Brito, colégio que está no quarto lugar do ranking geral de escolas deste ano e que tem a mesma média de frequência e de exame: 14,6 valores. "O nosso método passa por centralizar em objectivos de aprendizagem. Os professores têm a responsabilidade de detectar e corrigir as carências dos alunos", informa António Valente, director adjunto da escola.
3.11.08
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Avaliação
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