Sociedade Portuguesa de Matemática desconfia dos resultados dos exames
A melhoria das classificações em Matemática registada nos exames nacionais do ensino básico e secundário foi hoje desvalorizada pelo presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), por considerar que as avaliações não são fidedignas.Mais de mil escolas do ensino básico tiveram este ano média positiva no exame nacional de Matemática do 9º ano, quando em 2007 só 222 o conseguiram. Quanto ao secundário, 96 por cento das escolas públicas e privadas obtiveram média positiva na primeira fase do exame nacional de Matemática do 12º ano, em comparação com 65 por cento em 2007 e 17,5 por cento em 2006."Infelizmente, estes resultados não permitem tirar conclusões sobre a possibilidade de melhoria do ensino", disse Nuno Crato, presidente da SPM. "Não é crível que melhorias tão rápidas possam ser possíveis", acrescentou. Na sua perspectiva, os critérios de elaboração dos exames, o seu grau de dificuldade, o tipo de questões e o tempo para a sua execução têm mudado tanto e de tal forma que "não se consegue distinguir neste momento as possíveis e desejáveis melhorias reais daquilo que são melhorias estatísticas por haver exames mais fáceis".Para Rui Trindade, especialista em Ciências da Educação da Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto, não é possível saber se os bons resultados se devem a facilitismo dos exames ou a uma melhor organização das escolas. "Não temos dados para afirmar que dependem de uma coisa outra", afirmou. "Acho que houve um esforço do Ministério da Educação na Matemática, como por exemplo com mais tempos lectivos para recuperar alunos com negativa à disciplina, mas não acredito que haja propriamente um milagre", comentou.José Manuel Canavarro, pró-reitor da Universidade de Coimbra e antigo secretário de Estado da Educação, acha que houve "um crescimento fortíssimo" nos resultados em Matemática, mas considera que "o sistema de educação não se mexe normalmente muito depressa". É que, nas palavras de Nuno Crato, "os sistemas educativos são muito inertes e a experiência internacional leva a desconfiar deste tipo de alterações muito rápidas"."O Ministério não tem sabido ou não tem querido fazer exames fiáveis, com critérios comparáveis de ano a ano e enquanto não tivermos esse tipo de instrumentos estamos a navegar no meio de incertezas", concluiu o presidente da SPM.
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