Dificuldade de exames nacionais de português explica resultados piores
A dificuldade acrescida dos exames nacionais da disciplina de português no ensino básico e secundário é, para a Associação de Professores de Português (APP), o motivo para os piores resultados obtidos face ao ano passado.Segundo os resultados dos exames nacionais, divulgados terça-feira pelo Ministério da Educação (ME), seis escolas do ensino básico tiveram média negativa no exame nacional de Língua Portuguesa do 9º ano, o que representa 0,4 por cento das escolas onde a prova se realizou, quando no ano passado apenas duas escolas tiveram resultados negativos.Entre as dez escolas básicas com melhores resultados estão nove privadas e apenas uma pública. Por oposição, entre as dez piores prestações só se encontram estabelecimentos de ensino públicos.Quanto a Português B do 12º ano, 74 por cento das escolas alcançaram média positiva no exame nacional, um resultado 16 pontos percentuais abaixo do verificado no ano passado, quando 90 por cento dos estabelecimentos de ensino ficaram acima dos 9,5 valores. Também neste caso, as privadas estão em maioria entre as dez que tiveram a média mais alta (seis privadas e quatro públicas), enquanto as públicas estão em maior número no fim da tabela, ocupando nove dos dez últimos lugares."De facto considero que não há correspondência entre a realidade e estes resultados, porque estes são influenciados pela dificuldade ou facilitismo dos exames", disse à Lusa a vice-presidente da APP, Edviges Antunes Ferreira.A responsável considerou "normal que os resultados de Português sejam inferiores" aos do ano passado, porque este ano a prova da primeira chamada de Português foi "dificílima"."Isto não implica necessariamente que os alunos este ano sejam piores do que no ano passado", considerou, salientando que "as duas provas do ano passado tiveram um equilíbrio e foram fáceis, coisa que não aconteceu este ano, em que uma primeira prova dificílima baixou a média geral".Edviges Antunes Ferreira desvalorizou ainda a elaboração de rankings de escolas a partir destes resultados, nos quais os primeiros lugares são maioritariamente ocupados por escolas privadas. "É normal que um aluno que esteve sempre no mesmo colégio, muitas vezes desde os três anos de idade, onde é às vezes acompanhado pelos mesmos professores durante anos, tenha melhores resultados do que um aluno que está numa escola pública, onde tem um professor no 10º ano, outro no 11º e ainda outro no 12º, pode calhar numa boa ou numa má turma", salientou. "Eu tanto tenho turmas de 12º ano muito boas como tenho outras que são fracas, é o que nos calha, na escola pública não dá para escolher", disse.
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