No âmbito do Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa (LAQE), estrutura funcional do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, foi criado, em Março de 2007, o presente blogue onde são colocadas, notícias da imprensa da área da Avaliação Educativa. Esta recolha tem como principal finalidade avaliar o impacte, nos mass media, das questões de avaliação educativas.

Nações Unidas: Uma em cada oito crianças não tem acesso ao ensino

25.11.2008 Jornal Público

Uma em cada oito crianças não tem acesso ao ensino primário nos países em vias de desenvolvimento, segundo aponta um relatório das Nações Unidas. O documento apresentado hoje deixa bem claro que os objectivos previstos para inverter esta situação até 2015 não serão cumpridos.De entre os cerca de 75 milhões de crianças em países subdesenvolvidos que não recebem educação primária, 55 por cento são mulheres. Na África subsariana, o relatório da UNESCO afirma que, apesar do progresso em países como a Tanzânia e a Etiópia, um terço das crianças não frequentam a escola. No caso da Nigéria, o país com maior densidade populacional, uma em cada nove. A UNESCO avança ainda que os números, baseados em estatísticas de 2006, indicam que a meta das Nações Unidas para atingir a educação primária universal até 2015 – parte integrante dos objectivos de desenvolvimento para o milénio – não serão cumpridos. As projecções actuais para 2015 apontam que nos países mais pobres pelo menos 29 milhões de crianças – ou mais ainda – não irão à escola, como é o caso da Nigéria ou do Paquistão. Além disso, estas projecções não incluem zonas e países em conflito como o Sudão e a República Democrática do Congo.A agência das Nações Unidas em Paris, que apresentou este relatório numa Conferência em Genebra, culpabilizou os governos do Sul de indiferença política e de não alterarem a legislação, mas acusam os países ricos de também não cumprirem com as ajudas prometidas.Um abismo entre ricos e pobresSegundo os dados do relatório existe um grande abismo nas oportunidades educacionais não apenas entre os países em desenvolvimento e os desenvolvidos mas também dentro das próprias economias pobres. Ou seja entre sectores mais ricos da população e outros mais pobres. “As crianças na Grã-Bretanha ou em França tem mais probabilidade de entrar no ensino superior do que as crianças em Níger ou no Senegal têm de completar a escola primária”, declarou a UNESCO. Sendo que apenas cinco por cento das crianças em países subdesenvolvidos conseguem chegar ao ensino superior.Mas as disparidades não se limitam ao exterior. Dentro de cada país, a desigualdade entre classes é um espelho da realidade global.As crianças que pertencem aos 20 por cento de famílias mais pobres da Etiópia, Mali e Níger têm menos três vezes hipótese de frequentar uma escola primária do que as crianças que pertencem aos 20 por cento das famílias mais ricas, aponta o relatório.No caso do Peru e das Filipinas, as crianças mais pobres têm em média menos cinco anos de educação do que as crianças das famílias mais ricas. “As oportunidades diferenciadas no que diz respeito à educação potenciam a pobreza, a fome e a mortalidade infantil e reduzem as perspectivas de crescimento económico. Por isso os governos têm que actuar com um maior sentido de urgência”, afirmou o Director-Geral da UNESCO, Koichiro Matsuura. Além da riqueza, o factor géneroNo entanto, parece que a riqueza não é o único factor de diferenciação. Nos países árabes, apesar das matrículas no ensino primário terem alcançado os 84 por cento, 5,7 milhões de crianças em idade escolar continuam sem receber educação, das quais 61 por cento são mulheres. No Egipto, mais de 95 por cento das crianças que não frequentam a escola são do sexo feminino. Enquanto, no sul e oeste asiático, em regiões que vão desde o Irão ao Bangladesh, 18 milhões de crianças estão fora do sistema educativo, uma grande parte delas também mulheres.Além da riqueza e do género, o idioma, a raça, a etnia e as diferenças entre meios rurais e urbanos continuam a ser factores de desigualdade no acesso ao ensino. “As crianças dos centros urbanos no Senegal têm o dobro das hipóteses de frequentar uma escola do que as que vivem em zonas rurais”, indica o relatório. Uma imagem mais animadora, apresenta os países da América do sul e das Caraíbas, que já estão a avançar para níveis próximos ao da educação primária universal, com 94 por cento das crianças a frequentar escolas primárias. Por seu lado, na zona este da Ásia e Pacífico, a UNESCO diz que houve inscrições de 93 por cento das crianças no ensino no ano de 2006, contudo este número não deixa de ser inferior aos 96 por cento registados em 1999.

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