No âmbito do Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa (LAQE), estrutura funcional do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, foi criado, em Março de 2007, o presente blogue onde são colocadas, notícias da imprensa da área da Avaliação Educativa. Esta recolha tem como principal finalidade avaliar o impacte, nos mass media, das questões de avaliação educativas.

«Cultura geral» do ensino Secundário e Superior

28-11-2008, TVI

Mais de 50% dos inquiridos não saibam em que século D. Afonso Henriques conquistou a independência nacional.
Os jovens de hoje têm conhecimentos suficientes de história, geografia e política? Saber quantos metros tem a serra da estrela só é claro para 39% dos inquiridos do Ensino Secundário. Vinte e seis vírgula um por cento dos universitários acreditam que o ponto mais alto de Portugal continental tem 2300 metros.
A divisão do país em distritos é mais clara para os estudantes do ensino Universitário, 57,1% dos inquiridos acertaram no número de distritos. No secundário, 27% acham que o país tem 22 distritos. E quantos são os habitantes? As contas estão mais claras na cabeça dos inquiridos. A maioria acertou na resposta. Portugal tem aproximadamente 10 milhões de habitantes. Mas quando saímos de Portugal as cabeças ficam mais baralhadas. À pergunta quantos são os países africanos de língua oficial portuguesa constata-se que só 20,5% dos estudantes do secundário acertaram na resposta. Trinta por cento no grupo dos universitários contaram bem. São cinco.
Quisemos depois recuar no tempo e testar os conhecimentos em história de Portugal. A primeira pergunta, qual era a nacionalidade de Pedro Álvares Cabral? Honra seja feita à esmagadora maioria destes estudantes que o navegador é português, mas o que passa pela cabeça de 11% destes jovens para dizerem que Pedro Álvares Cabral nasceu em Espanha?
Mais descobrimentos, maior o grau de dificuldade, quando Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia o rei de Portugal era de D. Manuel. Acertaram 45,5% dos estudantes do secundário e 48,8% dos universitários. Mas por motivos obscuros, uma percentagem significativa decidiu escolher D. Dinis, que estava morto e enterrado há quase dois séculos. Os jovens inquiridos têm definitivamente um problema com as datas. Daí se explique a confusão em torno da independência de Portugal. Em nenhum dos grupos houve uma maioria de pessoas a escolher o século XII como o século em que D. Afonso Henriques conseguiu a independência. Ainda na monarquia, perguntámos o que se comemora a um de Dezembro. Menos mal, 76% dos inquiridos acertaram, é a reconquista da independência. Mas para quase 20% dos universitários o primeiro de Dezembro é um feriado religioso. Só os desígnios da alma podem explicar a confusão.
Mas falemos então do presente e das caras e temas que todos os dias são falados na televisão. Quisemos saber qual o grau académico de José Sócrates. A maioria acertou na resposta, mas ainda assim, 21% dos estudantes do ensino Secundário acham que o Primeiro-ministro é doutorado. Se calhar é por isso que 26,5 por cento dos alunos do secundário consideram que Sócrates foi o inventor do «Magalhães». Esquecem-se que em vez de doutorado é político e que uma ficção repetida muitas vezes passa a ser verdade para muita gente. Finalmente, e a dar razão à velha máxima, não interessa que falem bem ou mal de mim, o que importa é que falem. O prémio para a pergunta que mais respostas certas obteve, como se chama a ministra da Educação? Maria de Lurdes Rodrigues pode ter a certeza de que os alunos sabem ao certo o seu nome.

Ficha Técnica
Sondagem INTERCAMPUS para a TVI, realizada entre os dias 21 e 25 de Novembro de 2008, com o objectivo de conhecer a identificação dos jovens portugueses com personagens/referências do nosso quotidiano. Universo constituído pela população portuguesa a frequentar o ensino secundário/pré-universitário e o ensino universitário. Com recolha através de entrevista telefónica, a amostra é constituída por 403 entrevistas: 53,8% dos entrevistados do sexo Feminino, 46,2% do sexo Masculino. Por regiões 16,1% dos entrevistados residem no Norte Litoral, 31,3% no Grande Porto, 12,2% no Interior, 5,5% no Centro Litoral, 32,5% na Grande Lisboa e 2,5% no Sul. Dos entrevistados, 49,6% frequentam o ensino Secundário/Pré-universitário e 50,4% frequentam o ensino Universitário. O erro de amostragem, para um intervalo de confiança de 95%, é de mais ou menos 4,88%.

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