Pais denunciam professores que maltratam crianças deficientes
3 de Abril de 2008, Jornal de Notícias
Seis pais da Escola Básica de Lagos, em Vila Nova de Gaia, apresentaram queixa no Ministério Público contra dois professores e uma auxiliar de acção educativa. Em causa estão os alegados maus tratos que os três terão inflingido às crianças da unidade de multideficiências durante o ano lectivo passado. A queixa foi formalizada no início de Março, depois de uma funcionária, "revoltada", ter confirmado o comportamento de que a maioria dos pais já suspeitava."Os professores enchiam a boca das crianças de papel para que não fizessem barulho, batiam-lhes na cabeça quando adormeciam e nas mãos quando colocavam as mãos na boca. E faziam outras coisas que não tenho coragem de repetir", afirma Ernestina Silva, mãe de Inês, uma das seis crianças que "chorava ao chegar à escola" e que "apareceu em casa com nódoas negras"."Os nossos filhos chegavam com hematomas e nunca ninguém tinha visto nada, nunca ninguém sabia onde tinha sido", torna Ernestina. "Mas como demos conhecimento do problema à coordenadora da escola e à Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), achámos que o iriam resolver". Não resolveram. Os encarregados de educação não colocaram imediatamente a hipótese de violência. "No início do ano, constatámos que a professora não tinha qualificações para o ensino especial. Manifestámos desagrado e a escola colocou outra docente a ajudá-la. Como as duas não se entendiam ainda pensámos que o medo das crianças advinha daquele mau ambiente criado por elas".Começaram a desfazer-se as dúvidas "quando um menino - e já era o segundo caso - saiu da aula de psicomotricidade todo magoado", conta a progenitora. "Nessa altura, uma funcionária confirmou que o professor era muito violento com as crianças".As crianças choravam, rejeitavam a escola, mas não tinham capacidade para denunciar a situação. "A minha filha tem nove anos e uma epilepsia grave. Sabe chamar a mãe, o pai e o mano. Só. É incapaz de dizer se a professora A ou B lhe bate", afirma Ernestina Silva, que soube, já tarde - a coordenadora da escola terá proibido os funcionários de tornar o assunto público, alegando dever de sigilo profissional -, que a filha havia sido "empurrada por uma empregada até bater com a cabeça numa mesa".As três pessoas em causa - dois professores e uma auxiliar - já foram transferidos de escola. Mas isso não basta para sossegar os queixosos. Será fácil explicar porquê. "A professora, por exemplo, já voltou a fazer asneiras na nova escola onde foi colocada. A única coisa que exigimos é que pessoas que não sabem lidar com crianças com problemas, sejam proibidas de o fazer", diz.A escola de Lagos - atesta um anúncio colocado na montra - está à procura de "um colaborador para trabalhar com as crianças da unidade de multideficiência". Condições exigidas? Receber o subsídio de desemprego e residir perto dali.
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