Sócrates quer jovens de regresso à escola
29-03-2007, Diário de Notícias
O primeiro-ministro apelou ontem aos 485 mil jovens, entre os 18 e os 24 anos, que não concluíram o 12.º ano de escolaridade, que regressem à escola. "Portugal precisa que se requalifiquem, é a melhor forma de aumentar a riqueza do País", frisou José Sócrates.O primeiro-ministro, que ontem visitou a fábrica de pneus Continental Mabor e presidiu à cerimónia de entrega de certificados aos 26 trabalhadores que concluíram a validação de competências do 9.º ano, sublinhou que o objectivo do Governo é definir o 12.º ano como "patamar mínimo de qualificação de todos os que trabalham". Recorde-se que os números do abandono escolar precoce atiram Portugal para a cauda da Europa nesta matéria (ver caixas em baixo).Sócrates felicitou a Continental Mabor por ser a primeira empresa a colaborar neste desígnio nacional, com o protocolo que ontem assinou com o Instituto do Emprego e Formação Profissional para promover a elevação de competências de 767 dos seus trabalhadores ao 12º ano, correspondentes a 52% da sua força de trabalho.O primeiro-ministro não se cansou de repetir que a iniciativa "Novas Oportunidades", inserida no Plano Nacional de Emprego e no Plano Tecnológico, constitui uma "segunda oportunidade para todos os portugueses que saíram mais cedo da escola". Uma nova oportunidade com "formação desenhada e adaptada para aqueles que já estão a trabalhar e que necessitam de um currículo especial para compatibilizar a formação com a sua vida de trabalho", prometeu o primeiro-ministro.Sócrates assumiu mesmo que o Governo lança, com esta iniciativa, "o seu mais ambicioso programa de educação e formação" e exortou os trabalhadores a não perderem a oportunidade. "É o melhor que podem fazer por vós próprios, pelo vosso salário e pela vossa empresa mas, também, pelo vosso País", frisou. Um País que tem muitos problemas conjunturais, defendeu, considerando mesmo que a questão das contas públicas "poderá ser resolvida em dois ou três anos", mas que padece de um défice estrutural, "o mais difícil de resolver", que é o "défice da educação".A aposta estratégica, advogou, tem de ser, por isso, na requalificação das pessoas, área em que Portugal "tem de apostar mais para ser competitivo a nível mundial". Um trabalho "árduo" e para o qual "não há atalhos". "Podemos importar tecnologia de qualquer parte do mundo, mas não podemos importar educação. Isto tem de ser feito por nós", salientou o governante.José Sócrates não deixou passar a oportunidade de lembrar o papel da Continental Mabor para a economia nacional, salientando tratar-se de "um dos campeões das exportações portuguesas" e que, no espaço de apenas um ano, passou de 11.º para 7.º no ranking dos maiores exportadores nacionais. Uma das empresas "mais competitivas e mais capazes, com índices de produtividade dos mais elevados no seio do grupo Continental, e que orgulha o Norte e o País". E um "exemplo a seguir" ao nível da formação. "As empresas são hoje o que valem os seus colaboradores", sublinhou o primeiro-ministro.
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