Escolas tecnológicas correm risco de fechar devido à "instabilidade do financiamento"
A "instabilidade do financiamento" das oito escolas tecnológicas do país põe em risco a sua sobrevivência, apesar de terem taxas de empregabilidade dos alunos superiores a 80 por cento, afirma o responsável pela Escola de Tecnologia e Gestão Industrial.A Escola de Tecnologia e Gestão Industrial (ETGI), no Porto, criada em 1991, é a escola tecnológica da Associação para a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica (AESBUC) e conta com cerca de 150 novos alunos todos os anos, distribuídos por cinco cursos de especialização tecnológica, focados para o sector agro-alimentar, ambiental e farmacêutico. Existem ao todo oito escolas tecnológicas (de especialização tecnológica) apoiadas e reconhecidas pelo Governo. Todas têm uma taxa de empregabilidade dos alunos superior a 80 por cento, segundo o ministério da Economia. Eduardo Cardoso, director da AESBUC, afirmou que cerca de 85 por cento dos formandos da ETGI arranja emprego depois de terminar o curso, sendo que "65 por cento deles ficam a trabalhar nas empresas onde cumpriram estágio". Estes cursos sempre foram financiados pelo Estado e por fundos comunitários. Agora a verba advém apenas do Programa Operacional do Potencial Humano, do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN). Segundo Eduardo Cardoso, apesar de serem geradoras de emprego, as escolas tecnológicas correm o risco de serem obrigadas a fechar portas. "O financiamento agora é aparentemente único e as escolas têm que ver os seus cursos inscritos no Catálogo Nacional de Qualificações", explicou o responsável, "e isso ainda não aconteceu, porque a Agência Nacional para a Qualificação", entidade responsável pelas admissões, "não consegue dar resposta aos múltiplos pedidos" de instituições candidatas a cursos de especialização tecnológica (CET). Sem a tal inscrição e consequente publicação, a ETGI não pode candidatar-se, até Fevereiro, a quaisquer subsídios. Teresa Lopes, directora pedagógica da ETGI, defende que "o Governo devia tomar uma decisão sobre a necessidade ou não da existência destas escolas". "Deve assumir que estas têm um papel importante e dar-lhes outro enquadramento legal, outra forma de financiamento", disse à Lusa, "porque as escolas estão a viver em função de um ciclo anual, não há estabilidade". A título de exemplo, apontou o facto de já ter sido pedido à escola que, no âmbito de um dos cursos leccionados ligado à enologia, as vindimas fossem antecipadas para Março, porque seria nesse mês que haveria dinheiro. "Temos de fazer uma grande ginástica para responder às restrições impostas pelo facto de o financiamento não ser estável e não estar ligado aos resultados apresentados pela própria escola", sustentou Eduardo Cardoso. Com 200 formadores, entre universitários, empresários e professores externos, a ETGI apresenta uma forte componente prática (laboratorial) e vai adaptando os seus conteúdos de acordo com orientações do tecido industrial. "Além de potenciais empregadores, os empresários conhecem bem a realidade e ajudam-nos a construir perfis e competências", disse Teresa Lopes, referindo-se à bolsa de empresas que colabora com a escola. Actualmente, a ETGI conta com o apoio de cerca de 500 empresas para a realização de estágios. Cada formando cumpre um estágio de cerca de cinco meses, além de um ano de formação na escola, sendo que "entre 50 e 60 por cento dos alunos são de fora do Grande Porto". A procura deste tipo de formação, que confere uma qualificação profissional de nível 4 (EU), correspondente a formação técnica pós-secundária, é muita, recebendo a ETGI entre três e quatro candidatos por vaga. A Agência Lusa contactou o Ministério da Economia para obter uma reacção, mas não obteve resposta em tempo útil.
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