Ministra critica “quem acorda de manhã e diz que o exame foi fácil demais”
A ministra da Educação garantiu que não tem qualquer intervenção no processo de elaboração dos exames e rejeitou veementemente as críticas de associações de professores e sociedades científicas, e hoje repetidas pelos deputados da oposição presentes da comissão parlamentar, sobre a excessiva facilidade de muitas perguntas nos testes nacionais deste ano.“Não conheço as pessoas que fazem os exames, não dependem de mim e só tenho conhecimento das provas no final do período em que ocorrem. É preciso respeitar e confiar no órgão que produz estes testes e no seu trabalho técnico”, respondeu, reforçando a ideia de que a única preocupação da tutela foi garantir o “rigor e exigência.”Afirmando que não tem competência para se pronunciar sobre o nível de complexidade destas provas, porque tal requer “testes estatísticos e procedimentos técnicos” e aguardar pelos resultados, Maria de Lurdes Rodrigues criticou também quem se tem pronunciado sobre este assunto: “Não é sério, nem credível contrapor os serviços que fizeram estas provas e que elaboraram relatórios técnicos a umas pessoas que acordam de manhã e que dizem que exame foi fácil demais, criando alarmismo entre pais, professores e alunos. A avaliação sobre a complexidade que tem sido feita é pouco rigorosa”, reforçou, já à saída da comissão parlamentar.A Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), que criticou o nível de facilidade das provas de aferição e dos exames nacionais do 9.º e do secundário, tem sido a mais contundente nas apreciações e foi o principal alvo das afirmações de Maria de Lurdes Rodrigues quando questionada sobre esta polémica. “Este ano tivemos esta surpresa de uma sociedade que auditou os exames e um mês depois se pronunciou desfavoravelmente sobre eles”, declarou.Na sequência desta troca de argumentos, a SPM emitiu um esclarecimento, garantindo que os especialistas indicados pela sociedade apenas tinham como missão a “avaliação científica” das questões facultadas pelo Gave – correcção dos erros e ambiguidades matemáticas. E que, em virtude da confidencialidade a que esses especialistas estavam obrigados, a SPM “não teve qualquer conhecimento prévio dos exames ou dos conteúdos neles abordados”. Por isso, afirma a SPM, “o Ministério e o Gave devem assumir a sua responsabilidade pelas insuficiências e pelo grau extremamente elementar das provas que elaboraram.”Sobre o alargamento da duração das provas, com a criação de 30 minutos de tolerância, Maria de Lurdes Rodrigues explicou que essa foi a solução encontrada para dar resposta a um problema assinalado no ano passado pelo Gave de que os exames eram “provas de maratona e não de conhecimento.” “Não queremos que o tempo seja uma razão para os maus resultados. Queremos que sejam justificados pela falta de conhecimentos”, disse.Os argumentos não pareciam convencer os deputados, que insistiam na crítica. Referindo-se ao salto de 59 por cento de positivas para 82 por cento na prova de aferição de Matemática do 6.º ano, Pedro Duarte, do PSD, perguntou se esta evolução conferia “seriedade e credibilidade” a estes testes e declarou que o Governo está “muito preocupado com a eleições e muito pouco preocupado com o futuro das próximas gerações”.“O objectivo não é comparar com o passado. Os exames criam condições de igualdade para uma determinada 'cohort' de alunos”, esclareceu a ministra. “Sempre que um dado estatístico não se adequa ao que é o preconceito ou o pensamento dos senhores deputados, a culpa só pode ser da ministra que tem esse poder milagroso de manipular as estatísticas. Isso é um desrespeito para com o trabalho dos professores e das escolas, para com quem faz os exames”, reforçou, perante as muitas dúvidas também manifestadas por José Paulo Carvalho, do CDS-PP, e Ana Drago, do Bloco de Esquerda, que por várias vezes criticaram o que consideram ser os “sinais de facilitismo”.
26.6.08
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Etiquetas:
Educação - Ministério da Educação
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