Alunos portugueses com evolução 'impressionante'
7, Dezembro, 2010, Jornal Sol
Portugal registou uma evolução «impressionante» nos resultados da avaliação de alunos, afirmou hoje à Lusa um responsável da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE).
«Portugal ocupava o fundo da tabela nos relatórios anteriores e desta vez aproximou-se da média dos países da OCDE, ultrapassando por exemplo a Espanha», afirmou Andreas Schleicher, director da Divisão de Indicadores e Análise da Direcção de Educação da OCDE
Andreas Schleicher sublinhou que Portugal obteve uma classificação de 489 pontos, próxima da média da OCDE, que é de 493 no relatório de 2009 do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), hoje divulgado em Paris.
O PISA avalia os conhecimentos e aptidões dos alunos em matemática, leitura e ciências. «O melhor resultado de Portugal no relatório de 2009, em relação ao de 2006, foi obtido na matemática», explicou Andreas Schleicher.
«O que é mais interessante nos resultados de Portugal é que o salto foi conseguido sem sacrificar o equilíbrio dos diferentes níveis de alunos. Não houve declínio no topo para se conseguir a melhoria na base», resumiu o especialista da OCDE, em entrevista à agência Lusa.
Andreas Schleicher refere que a melhoria de resultados «pode ser explicada em primeiro lugar pelas políticas seguidas nos últimos anos e por uma conjugação de factores como a avaliação de professores e um controlo sério da qualidade do ensino. Não se pode melhorar o que não se conhece», explica o responsável da OCDE.
O relatório PISA revela também que «diminuiu o peso das repetições, cujo nível continua alto em Portugal».
Portugal faz parte do grupo de países que no relatório PISA 2009 registaram melhorias significativas da sua nota geral, que inclui o Chile, Israel e Polónia.
Portugal está tanto entre os países com mais progressos na avaliação em matemática (com México, Turquia e Grécia) como no grupo com um salto mais significativo em ciências (Turquia, Coreia do Sul, Itália, Noruega, Estados Unidos e Polónia).
«A diferença entre as escolas melhores e as escolas piores diminuiu», salientou Andreas Schleicher, acrescentando que é também relevante no caso português que «a diferença (de resultados) entre escolas privadas e públicas não é muito grande».
Isso quer dizer talvez, explica Andreas Schleicher, que «a escolha entre público e privado e o mercado do ensino não são factores de melhoria da educação».
O responsável da OCDE frisou também que «as escolas privadas, após se corrigir a diferença socioeconómica dos alunos, não têm por si só melhores resultados».
O PISA 2009 revela que «os melhores resultados são obtidos em geral pelas escolas mais autónomas, aquelas que têm mais responsabilidades e liberdade na condução da sua actividade».
Andreas Schleicher destacou, em geral, a importância das políticas educativas para combater o insucesso escolar, dando o exemplo das escolas de Xangai (China), onde «os directores das melhores escolas são incentivados a prosseguir carreira nas escolas mais difíceis. É uma política que está a ter resultados espectaculares, sem paralelo em qualquer outro país»
7.12.10 | Etiquetas: Avaliação - Ensino Básico | 0 Comments
Professores pedem revisão urgente do Estatuto do Aluno
01.02.2010 - Jornal Público
"Hoje um aluno desobedece e não lhe acontece nada, a lei protege-o", diz Ilídio Trindade, do Movimento Mobilização e Unidade dos Professores, sobre o Estatuto do Aluno, considerado por alguns docentes uma das heranças "perturbadoras" da ex-ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues.
A nova equipa ministerial, liderada por Isabel Alçada, já anunciou que apresentará até ao final do primeiro trimestre do ano uma proposta de alteração ao Estatuto do Aluno e os representantes dos professores estão na expectativa de saber se esta corresponderá aos anseios da classe, já que entendem que os docentes acabarão por acarretar com as consequências.
"Quem tem o castigo é o professor", afirma o secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), João Dias da Silva, referindo-se nomeadamente à assiduidade, que obriga os docentes a realizarem provas de recuperação para os alunos com faltas, que em alguns casos acabam por faltar também às ditas provas.
Este é um dos pontos críticos do Estatuto para Ricardo Silva, da Associação de Professores em Defesa do Ensino, por o regime ser "aplicado indiferenciadamente aos alunos que faltam sistematicamente e de forma injustificada e àqueles que realmente não podem comparecer nas aulas por motivos como doença".
"Não faz sentido misturar faltas justificadas e injustificadas", considerou, criticando também o "trabalho acrescido e o excesso de burocracia que se instalou nas escolas", nomeadamente devido à imposição de medidas de apoio educativo, em que se inserem as provas de recuperação.
"Qualquer dia os alunos não vão às aulas, chegam, fazem uma prova e passam de ano. E quantas provas é que o professor vai ter de fazer", questionou.
O dirigente entende que a legislação revela uma filosofia de "desconfiança em relação ao professor ao impor legalmente medidas de apoio educativo que estes sempre realizaram, acrescidas de "um conjunto de burocracias que tornaram a docência num autêntico inferno".
A acção disciplinar é outro ponto que tem de ser revisto, segundo João Dias das Silva, da FNE, pela "falta de consequências do incumprimento por parte do aluno das suas obrigações de assiduidade e respeito aos outros e às pessoas dentro da comunidade educativa".
"Quando há tentativa de medidas disciplinares, os processos são tão lentos e burocráticos que os efeitos pedagógicos das medidas se perdem", declarou.
Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), corrobora que o Estatuto do Aluno "carece de uma alteração urgente para que seja uma peça de valorização da escola pública e da autoridade do professor".
Para este dirigente, o diploma "não passou de um mecanismo menos claro, de uma artimanha e artifício para mexer nas estatísticas e poder influenciar e mentir sobre o sucesso escolar".
Embora não o considere o mais perturbador, Octávio Gonçalves, do Movimento Promova, concorda que o Estatuto do Aluno "concorre para a perturbação nas escolas e deve ser revisto".
Todos são unânimes em reclamar "mais autoridade para os docentes e uma maior responsabilização dos alunos e das famílias".
8.3.10 | Etiquetas: Avaliação - Estatuto do Aluno | 0 Comments
Acordo põe fim a quatro anos de conflito entre Governo e professores
08.01.2010 - Jornal Público
Oito associações sindicais, incluindo a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), que representa quase 70 por cento da classe, e a Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), chegaram a acordo com o ministério de Isabel Alçada, em termos que não são ainda totalmente conhecidos.
Depois de quatros anos de conflito aberto com os docentes, que contribuiu para a perda da maioria absoluta do PS nas últimas legislativas, a anunciada trégua na Educação abre caminho para o regresso da paz às escolas. Isso mesmo salientou a ministra da Educação na sua primeira declarações da noite, feita já perto da 1h00 da madrugada.
“Como ministra da Educação estou muito satisfeita e quero assegurar a todos os portugueses que este acordo é um bom acordo. Bom para a Educação, bom para as nossas escolas, bom para os professores e bom para o país”, que representa “um avanço muito importante” para as escolas “que precisam de tranquilidade”.
“Nunca desisti mesmo quando as divergências pareciam inultrapassáveis. A persistência compensou como sempre compensa”, disse ainda.
Escada acima, escada abaixo
Pela primeira vez, o ministério optou por manter sessões simultâneas, embora em salas separadas, com a Fenprof — no 11.º piso —, com a FNE — 12.º piso — e com os 12 sindicatos não federados, agrupados em dois lotes de seis, nos 7.º e 9.º pisos.
Isabel Alçada e o secretário de Estado da Educação, Alexandre Ventura, foram percorrendo as salas: primeiro para entregar as suas propostas (ao todo foram três), depois para recolher as dos sindicatos e depois tudo de novo — para entregar a resposta do ministério e de seguida recolher as posições dos sindicalistas.
Num dia invulgarmente parco em declarações dos dirigentes dos grandes sindicatos — João Dias da Silva, da FNE, não fez mesmo nenhuma —, sabia-se à noite que os sindicatos faziam depender a assinatura de um acordo da garantia, por escrito, de que professores avaliados com “Bom” não seriam travados por mais de três anos na passagem para os 5.º e 7.º escalões de uma carreira que terá dez. Para os professores classificados com “Muito Bom” e “Excelente”, a progressão na carreira não estará dependente da abertura de vagas, um procedimento anual.
40 anos até ao topo
A contingentação de vagas para a progressão na carreira e a existência de quotas para as classificações de mérito são normas que já se encontram em vigor para a função pública. Na proposta que entregou na semana passada aos sindicatos, o ME confirmou que os professores não seriam excepção, mas ontem deixou cair um dos estrangulamentos previstos. A passagem para o 3.º escalão, ao fim oito anos de docência, não ficará limitada pela abertura anual de vagas. Na proposta da semana passada, estipulava-se que, no próximo ano, 20 por cento dos professores nesta situação não poderiam ascender ao escalão seguinte. Se e a proposta dos sindicatos foi acolhida, isto significará que os professores classificados com “Bom” poderão ascender ao topo da carreira ao fim de 40 anos de docência.
Na proposta entregue de manhã, o ME acedeu também em prescindir da realização de uma prova de ingresso na profissão para os “candidatos” que já tenham leccionado e sido avaliados. Por outro lado, os lugares ocupados pelos professores com “Muito Bom” e “Excelente” não serão contabilizados para efeito do preenchimento de vagas. Ou seja, a progressão destes professores, que está garantida independentemente da existência ou não de vagas, não retirará lugares aos docentes classificados apenas com “Bom”. No ano passado, segundo indicou Isabel Alçada, foi dada esta nota a 83 por cento dos professores.
As negociações para a revisão do Estatuto da Carreira Docente (ECD) de 2007 e do modelo de avaliação dos docentes aprovado um ano depois foram iniciadas em Novembro. Logo no início, o Ministério da Educação anunciou o fim da divisão da carreira em duas categorias hierárquicas, professores e titulares, uma das medidas do ECD aprovadas por Maria de Lurdes Rodrigues que foi mais contestada pelos docentes.
8.3.10 | Etiquetas: Avaliação, Avaliação - Estatuto da Carreira Docente | 0 Comments
Isabel Alçada garante que o actual ciclo avaliativo é para cumprir e vai ter consequências
11.11.09 | Etiquetas: Avaliação - Estatuto da Carreira Docente, Avaliação de Desempenho Docente | 0 Comments
Sinais de paz na Educação
Após um encontro de quase duas horas, Nogueira revelou que a ministra se mostrou disponível para alterar o modelo de avaliação no âmbito de uma revisão do Estatuto da Carreira Docente (ECD) cujas negociações vão iniciar-se em breve. Segundo Nogueira, o calendário para as negociações deve ser definido pelo Ministério da Educação já na próxima semana.
O secretário-geral da Fenprof afirmou mesmo que a ministra disse ter 'urgência' em alterar o modelo de avaliação no âmbito da revisão do ECD, razão pela qual a maior estrutura sindical de docentes acredita que até final do primeiro período lectivo poderá haver novidades. Mas Nogueira foi avisando que se o calendário de negociações 'atirar a resolução dos problemas para Fevereiro ou Março voltaremos à carga com a suspensão'. 'Se o prazo for até ao final do primeiro período a avaliação fica suspensa por si', disse Nogueira. E frisou que o fim da divisão da carreira entre professores titulares e não titulares é essencial: 'Se na primeira reunião para rever o ECD nos disserem que não estão disponíveis para acabar com a divisão da carreira fica tudo envenenado'.
Esta tarde, Isabel Alçada vai receber a Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), a segunda estrutura sindical mais representativa, bem como uma série de outros sindicatos de menor dimensão. Ao final do dia, está previsto a ministra pronunciar-se sobre a maratona negocial de hoje.
11.11.09 | Etiquetas: Avaliação - Ensino Superior - Estatuto da Carreira Docente, Avaliação de Desempenho Docente | 0 Comments
FENPROF é recebida terça-feira com estatudo da carreira e avaliação na agenda
11.11.09 | Etiquetas: Avaliação - Estatuto da Carreira Docente, Avaliação de Desempenho Docente | 0 Comments
Escolas adiam avaliação docente
Os secretários de Estado tomam hoje posse concluindo a composição do Governo, mas dos titulares da pasta da Educação já se esperaram declarações esta semana sobre o futuro de dossiês que incendiaram a anterior legislatura. Os dirigentes sindicais enviaram cartas a Isabel Alçada pedindo-lhe uma reunião urgente e um grupo de 21 directores do distrito de Coimbra enviou um e-mail à ministra, pedindo a suspensão do modelo. Em causa, mais uma vez, a avaliação docente.
As escolas tinham que afixar até ontem o calendário para o próximo ciclo avaliativo, e fizeram-no, mas a maioria marcou os primeiros procedimentos do processo a partir de Janeiro para dar tempo a uma resolução. A oposição vai suspender o actual modelo no Parlamento. O Governo apresenta quinta e sexta-feira o seu programa. O compasso de espera no sector continua.
"Afixei, mas vai tornar-se num acto inútil" - afirmou ao JN , José Eduardo Lemos, director da Secundária Eça de Queirós, na Póvoa do Varzim. O ex-representante das escolas do Porto no Conselho de Escolas - que se demitiu em rota de colisão com o presidente do órgão, Álvaro Almeida dos Santos - considera que o modelo de avaliação (que nunca foi aplicado) deveria ser "revogado e enterrado. Cometeram-se muitos erros no passado, vamos persistir ou acabar com eles?".
Interpelado sobre a possibilidade de ter de refazer os procedimentos da avaliação face à aprovação de um novo modelo, José Eduardo Lemos não se manifestou incomodado. "É uma questão administrativa", retorquiu.
Para o secretário-geral da Fenprof "a maioria das escolas afixou" o calendário mas a generalidade agendou os procedimentos para 2010.
"O Ministério da Educação teve uma ocasião soberba para dar um sinal de que as coisas irão correr de forma diferente", afirmou Mário Nogueira, insistindo que continua à espera que Isabel Alçada responda ao pedido da Fenprof para uma reunião com carácter de urgência.
"É na Assembleia da República e não no Ministério da Educação que os professores depositam agora a sua confiança", sublinhou Octávio Gonçalves ao JN. Para o dirigente do movimento PROmova o cumprimento da afixação do calendário pela maioria das escolas "é um passatempo inútil".
"É indiferente se afixaram ou não. A suspensão é inevitável. Por mais que Francisco Assis [líder da bancada do PS] diga que a iniciativa compete ao Governo, o Parlamento tem agora poder para não aceitar determinadas políticas".
Para já, nem movimentos nem sindicatos se pronunciam sobre medidas de luta. "É prematuro", afirma Mário Nogueira.
3.11.09 | Etiquetas: Avaliação - Ensino Básico, Avaliação - Ensino Secundário, Avaliação de Desempenho Docente | 0 Comments